Capítulo 2

469 43 2
                                    


Como disse à Agatha, césar a esperava sentado em uma cadeira das mesas que ficavam do lado de fora da lanchonete. Ela notou que ele estava nervoso, pois suava e batia os pés incessantemente debaixo da mesa. Ela sentou-se à sua frente e o olhou fixamente.

—E então? Conte-me melhor essa história que você inventou no recreio da escola.

 Ele pareceu não ouvi-la olhando para os lados e batucando algo com os dedos na mesa.

— Estamos sendo seguidos. - afirmou ele, espantando a jovem.

— O quê? Por quem?

— Pela natureza, pelo ambiente, por tudo à nossa volta!

— Quer saber? Já chega! - ela levantou-se.- Primeiro você vem me falando que apagaram minha memória, depois essa historinha de que estamos sendo seguidos e ainda me queima quando encosto em você!

—Eu queimei você?

— Sim. E com certeza deve ter usado algum truque barato.

— Não fui eu quem te queimou , Agatha. Foi você quem me queimou.- disse subindo as mangas compridas da sua blusa de capuz, revelando uma grande mancha vermelha na sua pele branca.

—Mas, co... Como?- gaguejou, se afastando assustada com o que viu, e sem entender o que estava acontecendo.

Agatha pegou sua mochila e saiu caminhando, enquanto ouvia César gritar atrás de si:

— Não pode fugir do que você é!

* * *

 Agatha já estava na rua de sua casa, quando ouviu passos atrás de si. Alguém a seguia. Seu coração acelerou e sua respiração ficou ofegante ao perceber que essa pessoa se aproximava, não acreditava na conversa de César, porém tudo aquilo tinha a afetado de alguma forma. Apressou o passo, mas não adiantou. Uma mão tocou o seu ombro a fazendo gritar desesperadamente.

— Calma amiga, sou eu! Carol... - observou a amiga, a olhando preocupadamente com seus olhos verdes claros.

— Ai amiga, desculpa. Depois que César...

— Ah! O aluno novo outra vez! Você só sabe falar dele agora. O que ele falou desta vez?

— Várias coisas sem sentido. – falou Agatha chegando com a amiga na porta de sua casa.- Mas, Carol... O que faz aqui no meu bairro essa hora, sendo que você mora quase na saída da cidade?

— Só passei para ver como você está, amiga. – disse ela, dando um leve sorriso, enquanto seus olhos mudavam de cor. Os que antes eram verdes, ficaram vermelhos como o fogo.

Assustada , Agatha entrou em sua casa e fechou a porta rapidamente. O que era aquilo? Aquela pessoa atrás da porta, não poderia ser a sua amiga.

Um turbilhão de perguntas invadiu a mente da jovem.  Tudo aquilo que havia acontecido em apenas um dia, o primeiro dia de aula, estava fazendo ela se sentir uma maluca em estado grave.

—Agatha! – chamou seu pai, na cozinha.- chega da escola e nem me conta como foi seu dia.

— Pai! – ela abriu um sorriso e correu da sala até a cozinha para abraçá-lo.

Matheus, seu pai, era a única pessoa que a acolhia e confortava nas horas mais difíceis da sua vida. Como na morte de sua mãe, que partiu quando ela tinha apenas dez anos de idade, em um acidente.

— Então, filha, como foi na escola?

—Bem, chegou um aluno novo. Chama-se César. Ele é estranho, ficou falando-me coisas estranhas e...

— Sobre o quê? – interrompeu ele, ficando com uma expressão séria.

— Uma conversa de perseguição... Que estamos sendo seguidos.

— Ah, esses garotos... - ele riu superficialmente e bagunçou o cabelo da filha, como se não tivesse prestado atenção no que ela tinha dito.

Barreiras entre água e fogoOnde histórias criam vida. Descubra agora