It doesn't feel right, i don't know

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S/n's point of view:

Flashback on

"Billie! Espera, não vá." Segurei firme seu pulso "O que eu devo fazer?"

"Seria mais seguro para nós duas ficarmos longe uma da outra." Parou em frente ao parapeito da janela. "Para o seu bem, S/n."

Balancei a cabeça negativamente. Eu não iria conseguir, seria difícil demais olhar para ela na escola e fingir que não passávamos de apenas colegas de sala. Rejeitei essa idéia e rejeitei mais ainda pensar em viver ela, um mundo onde não éramos nada, onde não poderíamos ser vistas em público. O que seria de mim? Meus pensamentos iriam me torturar, eu queria estar perto dela.

"Eu também estou cansada de tentar ficar longe de você." ela admitiu em um sussurro. "Mas pela sua segurança eu preciso que fique longe."

"Eu não vou contar pra ninguém, eu nem pretendia fazer isso." percebi que estava segurando seu braço com tanta força que meus dedos estavam brancos. "Se está cansada não lute contra, apenas... Fique."

"Me pergunto se minha família entenderia..." Billie suspirou e sentou no parapeito da janela. "Estou sofrendo uma grande pressão."

"Me dê a chance de fazê-los entender." Arfei, me sentia cansada.

"S/n... por que quer tanto me ter por perto?" Eilish olhou pra mim confusa. "Não entende os riscos que está correndo apenas por saber sobre mim? Não conheço outra pessoa que consiga atrair mais desastres pra si mesma como você."

Essa pergunta me pegou de surpresa. Eu não sabia responder mas não queria ver Billie saindo por essa janela e simplesmente ignorando minha existência pelo resto da minha vida. Inspirei fundo. Ela sabia que eu estava confusa, ela sentia isso. Não fiz esforço para esconder que estava tendo dificuldades absurdas em me expressar, era tão complicado e eu apenas queria que as coisas fossem mais práticas.

"Sempre me senti deslocada, nunca fui o que as pessoas gostariam que eu fosse, no 6° ano fui a única garota que ficou fora da apresentação de ballet. Minha mãe ficou decepcionada, as meninas da minha escola sempre me diziam que eu não era normal." Olhei pra baixo, se olhasse diretamente nos olhos dela eu iria chorar. "Acho que estou acostumada com coisas fora da realidade e embora isso devesse me assustar, simplesmente não me assusta."

Billie ficou quieta por alguns segundos, me senti ridícula falando sobre meus sentimentos com uma vampira que sequer tinha um coração. Precisava fazer ela entender que eu não a enxergava como um monstro, eu nunca pensei nessa possibilidade. Billie não havia agido como um desde que me conheceu, ela salvou minha vida e claramente me carregar em seus braços até o hospital deve ter sido torturante. Eilish sentia sede por mim e hoje ela deixou mais do que claro o quanto desejava provar meu sangue. Ela me contou sobre o primeiro dia de aula, sobre os planos que fizera para me matar, o quão difícil foi suportar meu cheiro. Aquilo deveria ter me despertado algum choque mas para mim não me senti no direito de julgar sua natureza e ao invés de condená-la eu optei por a compreender.

"Colocaria sua vida em risco por mim?" Eilish sorriu de lado e voltou a me olhar diretamente nos olhos. "Não seja assim, S/n"

"Assim como?" Segurei uma lágrima que persistia em querer descer. Eu era realmente muito fraca.

"Quero dizer pra não ser o tipo de pessoa que me faz querer estar sempre por perto." Billie ergueu meu rosto me fazendo afogar em seus olhos cristalinos. "É muito difícil ficar longe de você quando todos os sinais que eu recebo me dizem para ficar."

"Por favor..." Desisti de impedir que meu choro não atrapalhasse o momento. "Me deixe fazer isso."

Billie suspirou. Sabia que ter uma humana como eu ao seu lado chorando era insuportável, mas ela ergueu sua mão e com a ponta do dedo colheu uma lágrima que escorria livremente pela minha bochecha.

Acabo de perceber que tenho medo de que as pessoas vejam quem eu sou de verdade, isso explica o motivo de eu gostar de ser sempre a garota do fundo do ônibus. A sensação de ser invisível me colocava em uma bolha onde me sentia segura, em nenhum momento imaginei que iria ser arrancada dela de uma forma tão brutal. Estar com Billie invadia os limites da minha zona de conforto e estar perto dela era a única coisa que me fazia esquecer dos meus outros problemas. Eu tinha preocupações maiores naquele momento, precisava escolher uma faculdade, decidir um futuro. Pensar em um futuro ao lado de Billie atrapalhava meus pensamentos e dessa forma eu não conseguia por em uma ordem de prioridade o que deveria fazer naquele momento. Era um baque surdo, algo que não poderia ser descrito com palavras ou gestos. Apenas billie poderia sentir minha dor, mas ela não podia saber as razões por trás dela, ela não podia saber que o que me afligia.

"Tudo bem." A menina de cabelo azul respondeu por fim. "amanhã irei te apresentar a minha família."

"Sério?" Eu estava demasiadamente nervosa, mesmo sendo eu que tenha pedido pra esse encontro acontecer.

"No fim da aula você vem comigo até minha casa, irei alertá-los mais tarde." Billie deu um goto em seco me perguntei se nossas preocupações eram as mesmas. "tente controlar seu nervosismo e... cuidado."

Em um piscar de olhos billie não estava mais no parapeito da minha janela, havia desaparecido como se nunca estivera ali inicialmente. Ela poderia ter ido embora antes de eu agarrar seu pulso, e independente disso ela conseguiria desfazer meu aperto sem o mínimo de esforço. Mas a partir do momento em que sustentei meu olhar e proferi um apelo pela sua presença, ela decidiu ficar.

Flashback off

De três coisas eu estava convicta.

Primeira, billie eilish era uma vampira.

Segunda, havia uma parte dela - e eu não sabia que poder essa parte teria - que tinha sede por meu sangue.

E terceira, eu estava incondicional e irrevogávelmente apaixonada por ela.

Eu precisava dormir, mesmo sabendo que a minha ansiedade iria me fazer esperar mais algumas horas. Minha mão estava dormente e minha cabeça ainda repetia os acontecimentos mais cedo, as lembranças naquela floresta onde estávamos a sós apoiadas na ponta de um pequeno relevo rochoso acima de Bristol. Tomei um paracetamol e deitei novamente na cama. Nos fones eu ouvia Heart of Stone de uma banda chamada IKO, essa música costumava me acalmar quando eu estava sob uma grande carga de estresse, ela era do filme crepúsculo - que terrível ironia. Mas agora prestando atenção na letra, eu conseguia criar um cenário detalhado onde billie e eu estivéssemos nele, ela tinha um coração de pedra e mesmo assim eu sentia como se ele batesse em sincronia ao meu. Depois de repetir a música umas três vezes consegui adormecer e, junto ao meu sono, eu tive pela primeira vez um sonho tranquilo onde não importava as circunstâncias. Eu e ela estávamos juntas.

Nightfall™ (Billie/you) Onde histórias criam vida. Descubra agora