Nightfall™ (Billie/you)

Side to side with my weakness

Billie's point of view:

Trouxe S/n de volta para as florestas, o monstro que habita dentro de mim queima como fogo, uma garota tão frágil e humana sozinha com o maior predador desse planeta. Chega a ser apavorante que ela não me enxerga assim, pelo contrário, essa pobre garota parece não ter compreendido seus riscos ou pelo menos está desempenhando um ótimo papel como atriz. Será que ela está fingindo? Fingindo não sentir medo de estar na minha presença? Não, isso não faria sentido. Ter acesso as emoções de S/n me faz ver a sinceridade de seus sentimentos, o quanto ela quer estar perto de mim. Com tão poucas explicações para isso só me resta questionar sua saúde mental, ela pode muito bem ser louca e não ter noção da onde está se metendo, isso faria muito mais sentido. Nesse instante ela está deitada ao meu lado em uma campina grande e florida, o sol toca nossa pele e reflete minha palidez anormal. Os dedos de S/n percorrem meu braço e param nas costas da minha mão, seu toque apesar de ardente também era prazeroso de sentir e algo mais prazeroso que isso é o fato de conseguir ser eu mesma ao lado dela.

"Isso te incomoda?" S/n perguntou referindo-se ao seu toque na minha pele.

"Não." Respondi e aveludei o tom da minha voz, já era um costume fazer isso sempre que conversava com ela. "Incomoda você?"

"Não." Ela sorriu parecendo facinada com o que via. "É bom de sentir."

Parasilei e percebi que isso havia a surpreendido, ficar imóvel como uma pedra não era difícil para mim, na verdade era mais fácil do que fingir movimentos humanos. Fiquei pensando o que ela quis dizer com aquilo, é bom de sentir? Minha pele era tão fria quanto uma geleira, o clima de Bristol já era bastante desprovido de calor, como ela poderia pensar aquilo?

"Você é bem difícil de entender, sabia?" Eu disse e para não parecer grosseira esbocei um sorriso minimalista e me virei em sua direção.

"Por que acha isso?" Questionou. "As pessoas costumam dizer que sou bastante previsível."

Previsível? Se ela soubesse o quão difícil para mim era prever suas ações, S/n nunca fazia o que eu esperava que fosse fazer. Ela sempre me surpreendia e sabendo disso fui ficando acostumada a sempre receber algo totalmente fora do esperado, como por exemplo o fato dela estar ok com a ideia de estar sozinha em uma floresta longe da civilização humana com uma vampira que deseja fortemente provar seu sangue.

"Eu discordo disso." Falei enquanto cogitava se poderia também tocar na sua pele. "Você está fora do normal."

S/n olhou para mim e ergueu as sobrancelhas, acho que não usei as palavras certas para o que eu queria dizer.

"Realmente eu não sou nada normal." Pensei que havia a chateado porque ela levantou seu corpo e ficou sentada na grama. "Não é novidade pra mim também ouvir isso."

"Desculpe." Me sentei também. "O que eu quis dizer é que para mim você não é só mais uma daquelas pessoas, não acha que é algo bom não ser normal?"

"Isso não é ruim?" Ela perguntou pondo as mãos por cima dos joelhos.

"Nessa situação é péssimo." Brinquei e após uma pausa decidi perguntar o que me intriga. "Você não se sente incomodada comigo?"

"Deveria?" Ela respondeu usando um tom simples.

Deveria? Claro que sim!

"Já matei pessoas antes." Admiti frustrada. "Já perdi o controle também."

"E ainda se sente assim?" Ela perguntou.

Por um momento fiquei calada e trinquei o maxilar, se eu fosse sincera com ela em relação a essa pergunta ela iria embora? Será que finalmente sentiria medo de estar na minha presença? Se esse fosse o caso talvez fosse melhor deixá-la ir, obviamente se ela não desejasse minha presença por mais difícil que seja eu iria embora, provavelmente até deixaria o colégio para facilitar sua vida. Só queria que S/n vivesse e conquistasse o que almejava, ela era humana e apesar de eu ter dito momentos atrás que ela não era normal, ela era. Ser humana é o normal, uma aberração como eu não merecia alguém como ela comigo, sentia que essa garota merece mais do que eu poderia proporcionar. S/n merece alguém que corresponda suas emoções humanas, que a toque sem ter medo de quebrá-la ao meio ou que possa aquecê-la em noites frias, eu era totalmente o oposto disso.