The world as Billie Eilish saw

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S/n's point of view:

Alguns dizem que o mundo acabará em fogo.
Outros dizem que em gelo.
Pelo que provei do desejo fico com quem prefere o fogo, acho que conheço bastante do ódio para saber que a ruína pelo gelo também seria ótima e bastaria.

Quando corri em direção a trilha sabia que Billie não estava muito atrás de mim. Eu sentia sede, gostaria de poder descrever aquele sentimento ardente e sufocante. Não fui capaz de raciocinar, me sentia um animal de zoológico correndo livre pelas ruas, podendo finalmente suprir o que fôra feito para fazer. Ouvia batimentos cardíacos e a imagem de seu hospedeiro vinha a minha cabeça. Corujas, cervos, esquilos, aranhas... Nem um grão de poeira sequer conseguia passar despercebido pelos meus instintos. Era assustador agir daquela maneira, agir como um animal. Os raios de sol penetravam as nuvens espessas no céu, atingia minha pele e desvanecia. Por fim eu sabia do que era capaz de fazer e da força que esse instinto tinha sobre mim.

"S/n, espere!" O anjo gritava. "Espere por mim."

Minha garganta ardia, eu queria falar para o anjo não me seguir, para que ele não tentasse me parar, eu não sabia do que era capaz. Eu corria a quilômetros por hora, em uma velocidade surreal, embora isso parecesse tão comum e simplista para mim como respirar - gostaria que Billie fosse o bastante para me impedir, eu queria sair daquela situação, eu queria sentir a ausência daquela sede fêbril. Alguns batimentos cardíacos vinham de montanhas, não muito distantes daquela floresta. Minha íris ardia, o sol destacava uma palidez desumana em mim, senti a mesma adrenalina de horas atrás quando Eilish me carregou em suas costas pela mata.

"S/n! Olhe para mim." Ouvi a voz melódica da vampira ficando distante.

Quando ela implorou pela última vez, eu parei. Tentei controlar meu instinto selvagem e a dor que percorria meu corpo para dar as costas e encontrar o ser mais perfeito criado pelo sobrenatural.

"Escute." Billie sibilou. "Vamos caçar, juntas."

"Billie, eu estou sufocando!" Rosnei, não era minha intenção soar tão agressiva mas eu não me sentia no controle.

"Venha comigo, eu sei aonde podemos caçar, eu posso te ajudar." Billie permanecia calma, sua voz de veludo amenizava o clima e a situação.

Concordei com a cabeça e segui o anjo se aprofundando cada vez mais naquela floresta gigante, até chegarmos em um tipo diferente de campina, algo que nunca vi antes. A variedade de informações daquele ambiente era indescritível, ver o mundo como Billie enxergava era amedrontador, parecia que ao mesmo tempo o meu cérebro recebia um milhão de informações a mais do que antes, embora não sentisse nada além de um fluido natural perante esses instintos. Cervos por todo lado andavam em bando, pude ouvir batimentos cardíacos acelerados vindo na direção oposta. Me concentrei nos batimentos que me atiçavam, o ritmo acelerado, desesperado, absurdo. Senti o cheiro do sangue, entanto não conseguia dizer de qual dos animais pertencia aquele cheiro. Era agradável, era reconfortante, eu sabia que precisava daquilo para continuar resistente mas não sabia como fazer.

"Está ouvindo não é?" Billie sussurrou, eu sabia que era um sussurro mas também sabia que aquele sussurro era baixo o suficiente para que os animais selvagens não conseguissem escutar. "Provavelmente um leão da montanha, talvez um urso."

Concordei com a cabeça, era difícil falar sem ter noção do quão alto sairia a minha voz, eu era uma novata, eu não sabia como lidar com a situação. Billie era minha única luz naquele momento, eu não havia tido tempo suficiente para processar aquilo, eu não podia mais resistir. Um milésimo após a voz de Billie sumir, um leão da montanha – maior do que qualquer animal que eu já vira andando por essa floresta – surgiu por trás de uma moita preparado para dar o bote em um cervo. Por instinto eu saltei e naquele momento eu sabia o que deveria fazer. Meus caninos cravaram na pele do animal eu senti uma frenesi me consumir, eu suguei todo o líquido vermelho do pobre leão mas apesar da ligeira satisfação eu sabia que não era apenas aquilo que meu organismo morto desejava. A sede passou mas eu ainda conseguiria beber litros e mais litros de sangue, não, não desse tipo de sangue, eu queria provar mais do que tudo aquele sangue.

Nightfall™ (Billie/you) Onde histórias criam vida. Descubra agora