Dead Walking on Earth

Proteger

Quando Eren saiu para a superfície seu coração batia descompassado, estava ansioso e preocupado com Levi, tinha medo de não chegar no prédio a tempo e ele ir até a outra quadra sem sua cobertura.

De alguma forma sentia que precisava protegê-lo, como se cada órgão seu funcionasse para essa função, manter o ômega seguro, seus instintos gritando para voltar correndo e mandar o baixinho não sair, dizer que ele não precisava se preocupar que tinha um alfa para cuidar de tudo e prover o necessário. Mesmo que o pensamento fosse idiota e inútil, ele percebeu não ter controle nenhum sobre esses instintos estranhos que fizeram surgir essas sensações esquisitas desde a primeira vez que viu Levi.

Suspirou resignado antes de olhar atentamente para as ruas destruídas e vazias, seus orbes pararam na carcaça de um veículo no outro lado da rua. Semanas atrás estava ali, disposto a desistir da própria vida, preferindo se matar a deixar que um daqueles monstros lhe devorasse e teria feito se Levi não tivesse colocado a própria segurança em risco para salvá-lo. Por muito pouco Eren estaria morto.

– “Sem Levi eu estaria morto.” – Pensou, suspirando ao sentir o coração acelerar ainda mais e um calor confortável se espalhar por todo seu peito. Eren sempre seria grato ao ômega por isso, esta é uma dívida que não tem como quitar e se fosse necessário, Eren daria a própria vida para proteger Levi.

Essa constatação lhe fez apressar os passos em direção ao prédio de nove andares, não era muito longe, mas perigoso o suficiente para que decidisse ir por trás das casas, pulando os muros como Levi faria, suas mãos agarrando as construções de concreto que soltavam pedrinhas e o fazia deslizar, seu peso e a gravidade fazendo seu trabalho, porém não se apegou a isso e pôs mais força nos braços e seguiu em frente, aliviado em saber que por ali os titãs não faziam questão de perambular.

Chegar até a parte de trás do prédio foi relativamente fácil, evitar as ruas era uma boa ideia. Não se permitiu relaxar e atravessou o chão com grama seca e plantas mortas com grandes ervas daninhas crescendo no lugar que certamente belas plantas cresciam antes, lugar que alguém em algum momento da vida dedicou seu tempo e agora não passava de terra morta, suja e lotada de invasores, assim como toda Paradis.

Vasculhou todo o seu campo de visão antes de avançar de fato, percebendo que estava silencioso e vazio, não sentia cheiro de nada e por isso foi até a porta dos fundos do prédio, rezou para que estivesse destrancada e então forçou a maçaneta, porém estava trancada e um palavrão escapou de seus lábios, respirou fundo e pegou a adaga em sua bota, a ponta fina não entraria no trinco, então se deu o trabalho - silencioso - de girar cada um dos parafusos que prendiam a maçaneta na grande placa reta de metal.

Levou mais tempo do que esperava naquilo e quando enfim conseguiu fazer a porcaria ceder, praguejou com o barulho de rangido que a porta fez ao abrir, imediatamente o cheiro de carne apodrecida invadiu seu olfato sensível. Se forçou a não fechar os olhos e nem a sair dali com o cheiro insuportável e moveu os pés, caminhando sorrateiro agarrado à parede, as escadas ficavam bem ao lado e para alcançá-la deveria passar por uma porta entreaberta do mesmo lado que estava.

Quando alcançou a porta correu as vistas para o espaço que conseguia ver e deu de cara com um titã com cerca de três metros curvado e com a cabeça inclinada atrás da porta, olhando para ele como se estivesse esperando, fedorento e feio.

– “Um anômalo não é o que preciso agora." – Pensou irônico, trincando os dentes enquanto seu corpo faz o favor de travar, o medo paralisando-o momentaneamente.

Anômalos são titãs que não andam em bando e são mais sensíveis ao barulho e cheiro, além de conseguirem ter um pouco mais de inteligência e paciência que titãs comuns, mas não o suficiente para que se diferenciassem de fato dos zumbis que Levi tanto cita, mesmo agindo de forma diferente da maioria, anômalos ainda são titãs, muito mais perigosos e carnívoros.