Take It Easy – BVRNOUT (feat. Mia Vaile) [NCS Release]
-RAFA, OLHA ISSO!!!
Acordei com um susto, e logo em seguida todo mundo começou a dar risada, e eu também, meio sem entender.
-Poxa Alice, por que você acordou ele? – Diego perguntou sem tirar os olhos da estrada [e rindo também, mas isso eu acho que já estava subintendido]
Olhei no retrovisor da frente, Marcão não falou nada, mas estava com aquele sorriso besta de quem também quer dar risada.
-Desculpa Rafa, eu não resisti, você estava quase caindo no banco – comentou Alice, dando suas últimas risadas do que parecia ser a minha cara de susto/surpresa/seiláqueporraqueaconteceu.
-Eu tava vendo o Rafa dormindo pelo retrovisor, ele estava reto e de pouquinho em pouquinho ele foi caindo pra frente – comentou Diego.
Eu continuei quieto, não sei se por indignação por terem atrapalhado meu sono, ou se eu só queria acompanhar a graça.
Já tinha escurecido, mais uns 20 minutos e eu já chegava em casa.
-Deita no ombro da Alice, Rafa. É mais fofinho – Diego falou de novo.
-Não precisa, eu tô bem – falei
-Olha só Alice! Tá dispensando seu obro, que ingrato.
-É isso mesmo Rafa, você é bom demais pra dormir no meu ombro? – ela perguntou.
-Não... – respondi meio envergonhado – na verdade é o contrário, você é muito foda pra eu querer dormir no seu ombro.
-Eu acho que o Rafael quer a abóbora de travesseiro. Encosta aí pra ele pegar a abóbora, Didi – comentou Marcão, e de novo todo mundo começou a rir, dessa vez eu não entendi.
-Abóbora? – perguntei.
-É, a abóbora que a Alice ganhou. Tu não viu? – Marcão perguntou.
-Não...
-Como não? Aquilo lá é gigante, e tem um formato único – Diego falou, e de novo todo mundo riu. No mínimo deve ser uma abóbora no formato de rola [o quê? Vai me dizer que nunca viu uma rola? Ou uma fruta/legume/vegetal no formato de uma rola?].
-Eu só quero ver a cara dele quando ele ver – disse Alice.
Ver que ela ainda estava conversando e brincando comigo ainda era uma coisa boa, eu acho. Sinal de que ou ela não se importa com o que eu falei, ou só quer seguir a vida em frente sem se lembrar daquilo, sem foder com a amizade e blá blá blá.
Logo depois disso o assunto morreu tão rápido como surgiu. Coloquei os fones de ouvido de novo e recostei a cabeça no vidro do carro de novo, em pouco tempo eu já estava naquela calmaria do tipo "eu tô dormindo ou eu tô acordado? Sei lá, não quero pensar, tô com preguiça". Mas dentre os assuntos aleatórios que surgiam no carro, Marcão comentou:
-Carai, o Rafael já apagou?
-É esse fone dele que ele fica no ouvido o dia todo – respondeu Alice.
-Não, mas sabe o que que é, o Marcão? – Diego começou a explicar – Ele prefere ficar ouvindo os rock dele porque na semana passada ele veio com a gente ouvindo Marília Mendonça e bateu a bad vibe nele.
Tá aí um ponto, mas o Diego não contava com duas coisas: 1) um dos lados do meu fone estava quebrado, então ouvi essa "pseudo-conversa" sobre minha pessoa, e outra coisa 2) eu estava ouvindo eletrônica [daquelas sem Copyright do Youtube, é só você pesquisar aquela que tá lá no começo do capítulo que você vai ver. Vai sim porque eu sei que você pode fazer isso].
Alice... Oh caraio, eu não sei o quão fodido eu estou nessa bagaça. Ou essa história não vai mudar nada no nosso dia a dia, ou daqui pra frente as coisas tendem a piorar, provavelmente essa vais ser a última noite que ela vai brincar comigo no carro. No decorrer dos dias aposto que ela não vai nem olhar na minha cara, só vamos conversar sobre o serviço e olhe lá.
...
Diego acabou de estacionar o carro em frente da minha casa, eu já estava juntando minhas coisas que estavam no banco ao meu lado. Blusa, celular, carregador. Ele desligou o carro, tirou a chave do contato e deu na minha mão.
-Abre lá o porta-malas – falou.
-Pra que? – perguntei.
-Pra tu pegar na abóbora, ué.
-Caraio, você leva uma brincadeira longe viu.
-Pega logo, não precisa ser tímido.
Alice estava me olhando e segurando aquela risada, querendo saber qual ia ser minha reação. Diferente do que minha neurose e minha ansiedade diziam, ela não parecia com cara de quem quer cortar relação de amizade, se afastar ou pedir uma ordem judicial de afastamento.
Cedi à pressão do momento e abri o porta-malas. De fato tinha uma abóbora no porta malas, dentro de uma sacola e de uma caixa, era uma daquelas Abóboras de Pescoço [olha no Google, é esse nome mesmo], que de fato são compridas como uma rola, mas até aí tudo bem, não vi a graça. Nem parece que somos adultos lidando com um [olhando no Google...] legume. Peguei a caixa e coloquei no banco do lado da Alice.
-Tá, não entendi a graça – falei sorrindo meio sem graça
-Tira da sacola que você vai entender – Diego falou.
Foi o que eu fiz, e logo que vi a abóbora inteira, eu também não me aguentei. CARAIO QUE ROLA BONITA. Cara, você não tem noção, eu não esperava que uma abóbora pudesse ser tão parecida com uma rola. As semelhanças eram tão gritantes que chegava a dar medo.
Demos risada por uns três minutos [ou menos] sem parar, e no final só trocamos mais algumas piadas cretinas e nos despedimos. Feliz segunda-feira.
A medida que eu chegava perto de casa, fui sentindo meu celular vibrar com as notificações que iam chegando.
Minha namorada Nayara tinha mandado mensagem.
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Esse alguém não sou EU...
RomanceNão faz sentido, nem seria possível uma mulher, com toda uma vida já construída, se apaixonar justamente pelo filho do patrão... 10 anos mais novo que ela, não teria nem cabimento... Por favor me diga que não...