Adeus Seoul, e cuide do meu carregador

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27 de outubro

Após todo o desastre da feira, ele chegou em casa visivelmente vermelho e constrangido, mas pensando que podia ser pior. Sua culpa, no geral, o fazia se sentir das formas mais estúpidas possíveis, mesmo que não fossem necessárias. Deixou em cima da mesa a bolsa de feira. Foi ao banheiro, lavar o rosto com água gelada para que esfriasse um pouco, e ouviu um barulho distante do seu celular.

O barulho o fez lembrar de que sim, tudo bem se sentir com vergonha do incidente da feira, mas com certeza isso nunca mais iria ser lembrado já que ele estava se mudando. Ou melhor, voltando.

"Já comprou sua passagem? Mamãe está tão animada que fez o seu bolo favorito!"

"Sim, amanhã estarei pegando o voo. Não se anime muito, já que eu vou voltar para o meu quarto."

"Tudo bem, é um fardo que eu posso carregar desde que eu tenha meu irmãozinho de volta. Já preparou todos os discursos para os jantares em família?

"Com certeza. Já estou levando uma foto da Soomin para dizer que é minha namorada. Agora pode, por favor, achar outra coisa para fazer?"

"Claro, claro" - a voz do outro telefone dá uma leve tossida, forçando uma risada asmática e irritante - "Te vejo quando você chegar, maninho. Câmbio."

E agora, telefones desligados e um último momento naquele apartamento antes que tivesse que dormir, Jimin passou a olhar por alguns espaços para ver se não estava esquecendo nem mesmo um pedaço da sua dignidade naquele lugar. Foi próximo a mala, segurou a alça da mesma e a arrastou para a sala. Ele poderia dormir no quarto? Sim, mas algumas lembranças que haviam naqueles lençóis não eram boas de recordar.

"O sofá não é tão ruim assim...", pensou. "Tem várias possibilidades, como... Assistir algum filme até dormir."

Deixou a mala ao lado, agradeceu silenciosamente ao universo por poder estar sozinho e não poder se despedir ou explicar a ninguém (especialmente alguém, mas que ele não queria se lembrar). Só que sim, faz parte que ele acabou se lembrando.

- Droga! - praguejou o mais alto que conseguiria em um apartamento com paredes finas, e se jogou no sofá - Vai a merda, Taehyung e todos os seus amigos esnobes de cidade grande. Vai se foder!

Será que gritar com o rosto abafado nas almofadas resolveria? Bem, foi o que Jimin tentou. De certa forma sentiu um pouco de alívio momentâneo. E ficou por um tempo deitado no sofá, olhando o teto branco que ele desejava que caísse sobre sua cabeça. E tudo seria um fim triste, mas bonito também. O apartamento desabou! Temos feridos? Apenas um. Coração partido, acho que não sobrevive.

Riu do seu drama mental, e se levantou a contragosto. Não seria fácil dormir, ele sabia. O cheiro, as paredes, o teto. Até mesmo o sofá, que foi como uma armadilha para um beijo que nunca deveria ter acontecido, e discussões desgastantes também foram feitas naquele couro branco. Era isso, ele iria dar adeus aquilo tudo.

- Ok, eu fiz compras. Então, vamos beber.

Foi até o balcão, e pegou aqueles verdes limões que estavam ainda na bolsa de feira. Procurou nos armários uma garrafa de vodka barata, que ele escondia de seu ex que adorava o chamar de alcoólatra. Como um alcoólatra bebia tão rara as vezes? Mas para Taehyung, tudo que vinha de Jimin era uma completa vergonha e dignas de críticas.

- Você ainda vai se ferrar muito, seu idiota pervertido - Praguejou, enquanto derramava a vodka em uma caneca de vidro - Espero que morra sozinho.

Espremeu 2 limões no copo, deixando algumas gotas escorrerem sob seu pulso e pingar no balcão. A tragédia já estava anunciada, mas não tinha volta. Colocou 2 colheres de açúcar para descer mais fácil, e levou aquela bebida abençoada junto consigo até a varanda do apartamento.

SILÊNCIO - jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora