A Ascenção - Uma Heroica História de Vilões

De volta as origens - Capítulo Dois - 2081/2062

32 horas antes do assassinato – 08h13 da manhã

-Você está pronto para amanhã? – Perguntou Elizabeth, que encavara um cigarro em uma espécie de dilema se deveria fumar agora ou mais tarde.

-Sim. – Respondeu Oswald que não estava com vontade de conversar no momento.

O mais velho vestia uma camisa de manga comprida cinza, uma calça de moletom preta e sapatos pretos velhos. Ele estava debruçado sobre uma mesa, revisando os mapas e se certificando que de fato não havia nenhum furo no plano deles. Era tudo ou nada agora. Sua vida e de seus colegas dependiam disso.

-Velho – Chamou Elizabeth. – posso lhe perguntar uma coisa?

A garota já estava acostumada a lidar com o mau humor do rapaz, ainda que a princípio tenha sido uma convivência difícil e cheia de intrigas. Uma hora ela teria de se acostumar e de fato o fez. Elizabeth conhecia Oswald há tempo suficiente pra saber que nem sempre ele foi assim tão ranzinza e amargurado, mas infelizmente sua jornada e suas escolhas haviam o transformado radicalmente com o passar do tempo. Agora, era raro o ver sorrir, e geralmente quando acontecia, ele estava prestes a entrar em confronto com algum super. Oswald era uma pessoa tenebrosa, mas ao mesmo tempo admirável. Elizabeth, apesar de não possuir tanta diferença de idade, via nele uma figura quase que paterna. Ele já tinha a livrado de problemas o suficiente para que ela notasse o quão bem ele cuidava da mesma.

-Hm? – Respondeu o velho sem tirar os olhos dos papeis sobre a mesa.

-O que lhe levou a isso? – Ela finalmente acendeu o cigarro e tragou. Após soltar a fumaça pelo nariz, continuou. – Sabe... a matar heróis.

Mesmo que ele estivesse de costas para ela, foi possível perceber a inquietação que aquela pergunta havia gerado no rapaz. Seus músculos se enrijeceram e, pela primeira vez desde que ele havia se debruçado sobre os papeis naquele dia, ele virou-se e olhou para a garota.

-O que a leva a perguntar isso? – Questionou ele.

-Desde o dia em que nos conhecemos, você jamais falou em parar... sabe... se aposentar. Muito pelo contrário, você está indo cada vez mais atrás deles. E como se não bastasse, agora você mexe com peixe grande. – Elizabeth tragou mais uma vez. – Eu já trabalhei tempo o bastante com você sem questionar. Me deixa saber ao menos isso, afinal... porra! A gente nem sabe se vai sobreviver amanhã, entende?

-Nós iremos sobreviver, Liza. – Era perceptível que a ultima fala de Elizabeth havia incomodado o rapaz.

-Não é esse o ponto. Eu só quero saber seus motivos. Só isso. Você sabe os meus, não sabe?

Oswald concordou com a cabeça, levou a mão direita até seus cabelos pretos e grisalhos, pensou por alguns segundos e, por fim, suspirou de maneira pesada.

-Olha... – Começou o mais velho como se procurasse as palavras corretas. – Essa é uma longa história.

-Nós temos tempo. – Afirmou Liza sorrindo. – Brandon só chega às 10h30. Até lá estamos livres, não é?

Oswald concordou com a cabeça e, enquanto buscava o inicio da sua história, passou rapidamente o olho pela sala. Era mentira dizer que a sala deles não era no mínimo grande. As paredes eram revestidas de chumbo e concreto, de forma que tornava aquele lugar seguro contra a maioria dos heróis. Não havia janelas na sala, apenas uma única porta que dava nos corredores da base de operações. Acima da porta ficava um relógio eletrônico que agora marcava o horário de 08h16 da manhã. Em uma das paredes da sala, ficava um arsenal repleto de armas e ao lado do arsenal, ficava o armário que guardava as roupas táticas do trio. Na outra parede, ficavam a mesa que o Oswald estava estudando o plano do dia posterior, vários computadores e alguns objetos tecnológicos pela qual a Elizabeth era responsável. Na parede contrária a porta de entrada, havia uma enorme estante de livros que se configurava como uma verdadeira biblioteca para o trio, lá continha informação sobre quase tudo que se poderia imaginar. Após passar o olho pela sala, Oswald voltou a fixar seus olhares em Liza.