Capitulo Cinco

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Sala de Poções

Aula do 1º ano

- Ali, olha.

- Onde?

- Ao lado do garoto alto de cabelos vermelhos.

- Perto do de cabelos azuis?

- É, você viu?

- De óculos?

- Você viu a cara dele?

- Você viu a cicatriz?

Os murmúrios acompanharam Harry e seus amigos desde a hora em que ele saiu do dormitório no dia seguinte. A garotada que fazia fila do lado de fora das salas de aula ficava nas pontas dos pés para dar uma espiada, ou ia e vinha nos corredores para vê-lo duas vezes.

Alaric realmente não se importava com isso, mas desejou que parassem. Os garotos estavam tentando se concentrar para encontrar o caminho para suas aulas.

Havia cento e quarenta e duas escadas em Hogwarts largas e imponentes, estreitas e precárias, umas que levavam a um lugar diferente às sextas-feiras, outras com um degrau no meio que desaparecia e a pessoa tinha que se lembrar de saltar por cima.

Além disso, havia portas que não abriam a não ser que a pessoa pedisse por favor, ou fizesse cócegas nelas no lugar certo e portas que não eram bem portas, mas paredes sólidas que fingiam ser portas. Era também muito difícil lembrar onde ficavam as coisas, porque tudo parecia mudar frequentemente de lugar.

No início do banquete de abertura, Alaric tivera a impressão de que o Professor Snape não gostava dele e de seu amigos. No final da primeira aula de Poções, ele viu que se enganara. Ele realmente não gostava dele e de Teddy. Mas não era bem que Snape não gostava de Harry - ele o odiava.

A aula de Poções ocorrera em numa das masmorras. Era mais frio ali do que nas outras partes do castelo e os animais embalsamados flutuando em frascos de vidro nas paredes estavam dando arrepios em Alaric.

Snape, como Flitwick, começou a aula fazendo a chamada e, como Flitwick, ele parou no nome de Harry.

- Ah, sim - disse baixinho - Harry Potter. A nossa nova celebridade.

Draco Malfoy e seus amigos Crabbe e Goyle deram risadinhas escondendo a boca com as mãos. Snape terminou a chamada e encarou a classe. Seus olhos eram negros, frios e vazios e lembravam túneis escuros.

- Vocês estão aqui para aprender a ciência sutil e a arte exata do preparo de poções - começou. Falava pouco acima de um sussurro, mas eles não perderam nenhuma palavra. Como a Professora Minerva, Snape tinha o dom de manter uma classe silenciosa sem esforço. - Como aqui não fazemos gestos tolos, muitos de vocês podem pensar que isto não é mágica. Não espero que vocês realmente entendam a beleza de um caldeirão cozinhando em fogo lento, com a fumaça a tremeluzir, o delicado poder dos líquidos que fluem pelas veias humanas e enfeitiçam a mente, confundem os sentidos... Posso ensinar-lhes a engarrafar fama, a cozinhar glórias, até a zumbificar se não forem o bando de cabeças-ocas que geralmente me mandam ensinar.

Mais silêncio seguiu-se a esse pequeno discurso. Alaric percebeu que Harry e Rony se entreolharam com as sobrancelhas erguidas. Hermione Granger estava sentada na beiradinha da carteira e parecia desesperada para começar a provar que não era uma cabeça-oca. Teddy somente lhe olhou descrente.

- Potter! - disse Snape de repente. - O que eu obteria se adicionasse raiz de asfódelo em pó a uma infusão de losna?

"Raiz de quê em pó a um infusão do quê?" Alaric olhou para Harry mas, o mesmo parecia tão embatucado quanto ele, a mão de Hermione se ergueu no ar.

- Não sei não, senhor - disse Harry.

A boca de Snape se contorceu num riso de desdém.

-Tsc, tsc, a fama pelo visto não é tudo.

E não deu atenção a mão de Hermione.

- Vamos tentar outra vez, Potter. Se eu lhe pedisse, onde você iria buscar bezoar?

Hermione esticava sua mão no ar o mais alto que pôde sem se levantar da carteira, mas pelo jeito Harry não tinha a menor ideia do que fosse bezoar. Malfoy, Crabbe e Goyle, se sacudiam de tanto rir.

- Não sei não, senhor.

- Achou que não precisava abrir os livros antes de vir, hein, Potter?

Ele só podia estar brincando. Ele não esperava que os alunos tivessem lido os livros durante as férias, ou esperava? Snape continuava a desprezar a mão trêmula de Hermione.

- Qual é a diferença Potter, entre acônito licoctono e acônito lapelo?

Ao ouvir isso Hermione se levantou, a mão esquerda em direção ao teto da masmorra.

- Não sei - disse Harry em voz baixa. - Mas acho que Hermione sabe, por que o senhor não pergunta a ela?

Alaric riu com gosto, os olhos de Harry encontraram os dele e ele lhe deu uma piscadela. Snape, porém não gostou.

- Sente-se - disse com rispidez a Hermione. - Para sua informação, Potter, asfódelo e losna produzem uma poção para adormecer tão forte que é conhecida como a Poção dos Mortos Vivos. O bezoar é uma pedra tirada do estômago da cabra e pode salvá-lo da maioria dos venenos. Quanto aos dois acônitos são plantas do mesmo gênero botânico. Então? Por que não estão copiando o que estou dizendo?

Ouviu-se um ruído repentino de gente apanhando penas e pergaminhos. E acima desse ruído a voz de Snape:

- E vou descontar um ponto da Grifinória por sua impertinência, Potter.

O rosto de Alaric se contorceu em uma expressão de injustiça. As coisas não melhoraram para os alunos da Grifinória na continuação da aula de Poções. Snape separou-os aos pares e mandou-os misturar uma poção simples para curar furúnculos.

Caminhava imponente com sua longa capa negra criticando quase todos, exceto Draco, de quem parecia gostar. Tinha acabado de dizer a todos que olhassem a maneira perfeita com que Draco cozinhara as lesmas quando um silvo alto e nuvens de fumaça ocre e verde invadiram a masmorra. Neville conseguira derreter o caldeirão de Simas transformando-o numa bolha retorcida e a poção dos dois estava vazando pelo chão de pedra, fazendo furos nos sapatos dos garotos. Em segundos, a classe toda estava trepada nos banquinhos enquanto Neville, que se encharcara de poção quando o caldeirão derreteu, tinha os braços e as pernas cobertos de furúnculos vermelhos que o faziam gemer de dor.

- Menino idiota! - vociferou Snape, limpando a poção derramada com um aceno de sua varinha. - Suponho que tenham adicionado as cerdas de porco-espinho antes de tirar o caldeirão do fogo?

Neville choramingou quando os furúnculos começaram a pipocar em seu nariz.

- Leve-no para a ala hospitalar - Snape ordenou a Simas.

Em seguida voltou-se zangado para Harry e Rony, que estavam trabalhando ao lado de Neville.

- Você, Potter, por que não disse a ele para não adicionar as cerdas? Achou que você pareceria melhor se ele errasse, não foi? Mais um ponto que você perdeu para Grifinória.

A injustiça foi tão grande que Alaric abriu a boca para argumentar, mas Teddy deu-lhe um pontapé por trás do caldeirão.

- Não force a barra - cochichou. - Ouvi dizer que o Ranhoso ai pode ser muito indigesto.

- Ranhoso? - perguntou Alaric rindo baixinho.

- É o novo apelido do nosso querido professor - piscou os olhos inocentemente - Gostou?

Alaric não teve tempo de responder, Snape passara por perto deles lhes dirigindo um olhar matador. Lhes tirou um ponto e voltou a criticar os outros.

Quando subiam as escadas para sair da masmorra uma hora depois, os pensamentos se sucediam velozes na cabeça de Alaric. O trio já havia perdido três pontos para a Grifinória na primeira semana. Com certeza, em breve, perderiam muitos mais. Mas o que não saia-lhe da cabeça era: por que Ranhoso os odiava tanto?

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