capítulo único

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Aos seis anos, Jaemin já se considerava um garotinho crescido. Ele gostava de resolver seus próprios problemas e assumir seus erros, e sem dúvida não gostava quando seus colegas e amigo — amigo mesmo, ele só tinha um — tentavam cuidar dele, o garotinho de madeixas escuras ficava realmente enfurecido, o que consistiam em bochechas vermelhas, um bico bem grandão nos lábios cheinhos e o tratamento do silêncio até que um deles o oferecesse algum docinho — Jaemin amava docinhos. O ponto era que ele já era quase um homenzinho que não temia nada. Bem, quase nada.

Em seus curtos seis anos de vida, havia apenas uma coisa que deixava o pequeno Jaemin tremendo e lhe tirava o sono: raios e trovões. Ele gostava muito da chuva, mas quando o tempo fechava demais a ponto de luzes eletrizantes e barulhos ensurdecedores preencherem os céus, o pequeno se encolhia todo e não conseguia evitar que lágrimas quentes rolassem por suas bochechas gordinhas. Aquelas situações ainda eram muito traumáticas para ele, pois foi no meio de um temporal forte assim que ele perdeu seus pais num acidente bem feio, o que o levou ao orfanato onde agora vivia, e a terapia recém iniciada ainda não ajudava muito. 

Agora ele se encontrava em sua cama grande demais para sua estatura pequena, encolhido e enrolado em uma bola debaixo de seu cobertor fofo e quentinho, tremendo enquanto a luz dos raios do céu passava pela janela de vidro. Quando um trovão particularmente alto soou, ele deu um pulo em sua cama e abafou um grito com as mãos. Tremendo e ainda enrolado no cobertor, Jaemin se levantou e correu pelo grande quarto que estava parcialmente iluminado por alguns abajures ligados. Ele tentou não fazer barulho para não acordar nenhum de seus colegas que dormiam profundamente como se os céus não estivessem em fúria lá fora.

O chão estava gelado e Jaemin não gostou de ter esquecido de vestir suas meias, mas não pretendia voltar para buscá-las. Quando chegou em seu destino, a última cama da fileira, do outro lado do quarto, ele rapidamente levantou a coberta e se enfiou embaixo, se aconchegando junto ao outro corpo pequeno que estava ali.

O outro garotinho se remexeu até acordar finalmente e logo notou que havia um pequeno "intruso" em sua cama, mas ele não pareceu surpreso. Jaemin sentiu um bracinho passando por seu corpinho pequeno e o puxando mais para perto e ele foi de bom grado, logo se acomodando melhor junto ao melhor amigo.

— Não se preocupe, Nana, eu vou te proteger dos raios e dos trovões! — Jaemin sorriu quando ouviu a voz baixinha e sonolenta do seu melhor amigo Jeno murmurar. Ele passou seu próprio braço por cima de Jeno e depois disso não teve mais tanta dificuldade em pegar no sono.

Jaemin era um garotinho crescido de seis anos que sabia tomar conta de si mesmo, ele tinha apenas dois medos: raios e trovões. Mas tudo ficaria bem enquanto ele tivesse a proteção de Jeno, a única pessoa que ele permitia que tomasse conta de si.

raios e trovões ; nominOnde histórias criam vida. Descubra agora