III A Cidade

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Constancity era uma pequena cidade costeira, rodeada por montanhas e situada praticamente rente ao mar, no único local plano o suficiente para pessoas se estabelecerem.

O terreno era rochoso e infértil, sendo que a população provavelmente vivia da pesca local - pelo menos era essa a primeira conclusão que tive ao ver a cidade do topo do único caminho de acesso até ela.

O clima era pesado, uma maresia estranha, mais parecia que estavamos em Londres, pois o sol não parecia dar as caras - isso talvez explicava a falta de turismo em uma cidade litorânea e rodeada por belas e densas florestas.

Como em toda boa história de forasteiro em uma cidade estranha, fui diretamente ao local onde possivelmente haveria vida inteligente, a lanchonete central onde parecia ser o ponto de encontro de toda a cidade.

O clima interno não era menos obscuro do que o externo, sendo que o pequeno estabelecimento empoeirado apenas refletia ser um microcosmos da cidade em si. Me dirigi ao balcão, desviando de algumas meses circulares, onde estavam sentados alguns clientes. O que faziam antes de minha entrada não sei, porém, agora, o assundo era o forasterio que entrou pela porta. Todos me olhavam.

- Bom dia - disse me dirigindo ao balconista, após dez segundos sem resposta prossegui - vim até a cidade a procura de um amigo meu, pesquisador da vida marinha, o nome dele é Neto Moreira, conhece?

Não pude deixar de notar a leve expressão de deboche e graça no seu rosto carrancudo, dando conta de que consegui chamar sua atenção, pela simples menção ao nome de meu amigo.

- Estamos acostumados com esse povo que não sabe onde está se metendo - respondeu o balconista - agora ele terá bastante tempo pra se acostumar com o clima local, apesar de que não tenho certeza se ele esta ciente de onde esteja.

Encarei-o com perplexidade.

- Estou ciente de que ele sofreu um pequeno acidente durante suas pesquisas, vim até a cidade para encaminha-lo para um centro de tratamento mais adequado.

- Esses forasteiros acham que sabem tudo, se metem onde onde já sabemos que não devem se meter, além de tudo não nos ouvem, são os donos de toda razão, não é Earl? - falou olhando para um indivíduo sentado no canto do recinto, o qual apenas respondeu com um aceno de cabeça e uma risada debochada.

- Você tem duas alternativas, apesar de que indique apenas a primeira - prosseguiu - vá embora e esqueça aquele que um dia foi o seu amigo, ou, vá ao encontro dele e permaneça lá, assim como ele.

Mas em que diabos de lugar Neto foi se meter, e que tipo de gente era aquela.

- Sabe onde o encon... - nem terminei de falar, quando meu solícito interlocutor apontou o dedo para a janela, mostrando um penhasco que se encontrava com o mar, no outro lado da soturna cidade.

- "A Casa" - disse - talves ao se aproviximar você resolva fazer o certo, pegar seu lindo veículo e sair deste local onde não é bem vindo.

Quando ameacei abrir a boca mais uma vez, ele se virou e entrou em uma portinhola que dava para os fundos do local, momento em que o resto da lanchonete pareceu ignorar minha existência e voltaram a fazer aquilo que estavam fazendo antes da minha entrada.

Bom, eu fiz uma promessa, apesar da péssima receptividade, devo cumpri-la. Vamos ver qual é o mistério desta Casa.

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