V Neto

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- Neto, Neto - sacudo meu amigo, que parece estar em transe sentado em sua cama.

O aposento é simples, um quarto medindo dois por três, com uma cama de casal, uma pequena estante com alguns livros e um cabideiro.

- Ben, o que faz aqui, você precisa ir embora imediatamente. É tarde demais para mim, mas você ainda tem tempo.

- Do que você ta falando cara, sua mãe está preocupada, vim em nome dela para encaminhá-lo a um local mais apropriado.

- Vocês não entendem, depois que se tem contato com aquilo, não podemos mais viver no mundo lá fora, a loucura não nos deixa.

- Do que você está falando, você parece perfeitamente bem, o que é aquilo, você não parece louco.

Apesar da magreza excessiva, das olheiras avantajadas e dos olhos fundos de meu amigo, ele parecia me reconhece normalmente e elaborar todas as frases com exatidão.

- Você teve sorte de me encontrar em meus raros momentos de lucidez. Nem os remédios são capazes de aplacar a loucura quando ela ataca. Depois que você participa do ritual nada mais é como antes, assim que as portas se abrem e você vislumbra o que há do outro lado, sua mente transcende. O cérebro humano não está pronto para tal dimensão. Aquele lugar é maligno. Somente esta casa pode manter enquanto eu não ascender até a nova dimensão, e isto não tardará a acontecer.

Fico pasmo sem compreender exatamente a que meu amigo se refere, pode não parecer ter enlouquecido de vez, mas sem duvida alguma está alucinando.

- Vá... Vá enquanto é tempo.

Neto se deita na cama e vira-se contra a parede, ignorando minhas súplicas. Ouço o Doutor, que me pede para lhe dar um tempo, saio do quarto. Mas decidido que não irei descansar até descobrir o segredo desta cidade e o que deixou meus amigo tão perturbado.

DesesperoOnde histórias criam vida. Descubra agora