Capítulo Treze

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Abro meus olhos lentamente e tento me espreguiçar naquele espaço nanico, porém falho miseravelmente ao acertar um dos olhos de Chace, que os abre com um susto.

--Bom dia... Desculpa por ter lhe dado um soco.--Digo envergonhada. 

Chace revira os olhos e tenta se sentar, porém, como a vida não é um mar de rosas, ele bate a cabeça com força no tronco, acabando por deixar que uns pedaços de madeira caíssem em nós.

--Aiii! Eu me esqueci...

Dessa vez eu reviro os olhos, rindo. Então, com cuidado, tento olhar para fora do buraco, vendo que, de alguma maneira, havíamos dormido até ser dia. O sol parecia alto, pelo visto havíamos conseguido dormir bastante, mas que horas eram? Eu não me sentia descansada, mas parecia que havíamos dormido por muito mais tempo do que o aconselhável.

--Podemos sair?--Pergunto para Chace e ele dá de ombros com as mãos no lugar onde havia batido. 

--É dia, não tem mais Lobisomens famintos querendo a nossa carne, mas as Coisas ainda estão aí fora, e eu duvido que depois de ontem, os pássaros queiram nos levar até a Vila.

Não tinha como negar. Eu nem sabia se Will conseguiria me achar depois do que aconteceu, ele provavelmente nem iria querer nos procurar, estava se colocando em perigo por nossa causa, seria melhor se ele continuasse a sua própria vida e deixasse eu e Chace nós virarmos.

Suspiro, saindo com dificuldade para fora do tronco e respiro fundo ao sentir o ar fresco preenchendo meus pulmões. Eu ainda estava fedendo, isso era fato, mas não estava mais sentindo um cheiro tão forte quanto o que eu sentia dentro do tronco.

Ajudo Chace a sair, vendo ele fazer o mesmo que eu com o ar fresco do lado de fora.

--Nós estamos fedendo demais.

--Nossa, eu nem reparei.--Ironizo, rindo baixinho ao ver seus sendo revirados em brincadeira.

--Tanto faz, tem ideia de algum lugar para nos limparmos?

Olho ao redor, sem sinal de riacho, sem sinal de nenhum lugar com água... Se ao menos as Fadas estivessem por perto... Elas teriam água para nos lavar, mas por agora iríamos ficar fedendo por um bom tempo.

--Ainda não conseguimos esquecer o riacho, o que significa que não tem água para nós nos limparmos.

Chace bufa, somente para levar um susto por culpa de uma minhoca que descia por sua testa. Ele a pega na mão e joga para longe.

--Ainda bem que não demos de cara com nenhum escorpião, tem ideia do azar que teríamos tido?

Estremeço com a ideia de dar de cara com um sscorpião, se um de nós tivesse sido picado, iria morrer em poucos segundos ou minutos. Eu não gostava de pensar em coisas assim. 

--No final das contas, até que somos sortudos.--Suspiro. --O que nós faremos agora?

Chace leva a mão direita até a nuca, coçando a pele cheia de lama seca.

--Você já deve ter reparado que a Floresta nos odeia...

--Nem havia notado.

Chace ri baixinho.

--Posso continuar? Sem interrupções, por favor.

Reviro os olhos, sinalizando para ele continuar a falar, mesmo que não estivesse certa de que ele teria alguma ideia aconselhável. Qualquer ideia maluca e essa seria a nossa morte. 

--A gente está vencendo no jogo dela, coisa que ela não parece gostar nenhum pouco. Quem sabe nós devêssemos jogar certo o joguinho dela... Se é que me entende.

A Vila dos PerdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora