Prólogo

71 6 0
                                    


Katie Holt fechou seu guarda-chuva preto assim que chegou na enorme varanda da casa. Jogou a mochila no chão e retirou também sua capa de chuva amarela. Estava caindo uma tempestade justo no dia que seu melhor amigo não pode lhe dar uma carona até seu novo trabalho.

Olhou em volta, reservando alguns segundos para admirar a decoração do local. Era uma mansão antiga, toda feita de madeira escura. As portas e janelas pareciam pesadas e velhas, mas conservadas. Katie soube, de acordo com a informação de seu melhor amigo, que aquela casa existia a um bom tempo e sempre pertenceu à família Kogane, um sobrenome bastante importante por lá.

A casa era extravagante, diferente do padrão que todas as outras residências seguiam. Era uma cidade pequena e conservada, não havia nada de muito luxuoso, apenas casas comuns e ruas de paralelepípedos. Ainda assim a enorme mansão Kogane, que ficava no topo de um morro que podia ser visto de qualquer lugar, chamava a atenção de qualquer um.

Já devidamente seca, puxou a mochila de volta para suas costas e tocou a campainha. Logo ouviu passos, alguém usando sapatos de salto-alto se aproximando. Foi recebida por uma mulher bastante alta e pálida, ela usava um terno feminino formal e os fios negros, tão escuros que pareciam azuis, penteados de forma perfeita para trás. Krolia Kogane. Apesar da postura, ela parecia também bastante amigável. Sorriu assim que pôs os olhos na garotinha.

— Olá, você é a Katie, estou certa? — Perguntou e lhe deu passagem.

— Sim, pode me chamar de Pidge, se quiser, senhorita. — Respondeu tímida.

— Pidge — repetiu. — Pois bem, Pidge. Entre, não fique aí nessa chuva. Eu não lhe contei muitos detalhes em nossa ligação semana passada, acredito que ainda tenha algumas dúvidas. 

Na última quinta-feira, a garota Holt recebeu um telefonema de um número desconhecido. Quando atendeu a chamada, ficou surpresa ao saber que se tratava de uma proposta de trabalho.

O cargo se assemelhava à função de uma governanta. Pidge se animou na mesma hora, pois estava procurando com urgência uma oportunidade assim. Era bolsista, mas ainda precisava arcar com os custos dos ônibus, comida e o apartamento que dividia com um colega. A estranha oferta apareceu no momento certo.

Krolia se apresentou e explicou que conseguiu o número da garota com Coran. O homem, além de professor de cálculos na faculdade que Katie estuda, é também um conhecido da mulher. Ele e Pidge conversavam bastante e a garota citou diversas vezes que necessitava de um emprego. Coran, sempre muito extrovertido, acabou falando de sua aluna para Krolia. Por uma grande coincidência, ela precisava de alguém para cuidar da casa e de seu filho enquanto estava no trabalho.

— Fico no escritório durante a manhã e a tarde, arranjei um tempinho em minha agenda para lhe receber hoje. A mulher que trabalhava aqui infelizmente teve que se mudar e desde então estou procurando alguém que se disponha a ajudar.

— Por mim está ótimo. Minhas aulas são à noite e tenho o dia livre. 

— Coran falou muito bem sobre você, disse que é uma boa garota, fico feliz em saber disso. — Sorriu amigavelmente. — Bom, eu estou um pouco atrasada, preciso voltar para o escritório. Vou lhe apresentar a casa e algumas regras importantes. 

As duas começaram a andar pelos corredores. Pidge ficou impressionada com o tamanho dos cômodos, com a quantidade de quadros nas paredes e tapetes vermelhos felpudos no piso. A casa parecia um antigo castelo de um vampiro, a decoração gótica e vitoriana era fina, mas discreta. Krolia disse que estava sem um funcionário há algum tempo, mas tudo parecia limpo e organizado.

Conheceu a cozinha, a despensa, as salas, alguns quartos, os banheiros e a biblioteca. Katie ficou impressionada quando viu que era do mesmo tamanho, ou até maior, que a biblioteca de sua faculdade.

A mansãoOnde histórias criam vida. Descubra agora