3 - Uma visita Inesperada.

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Passavam das 3 da tarde, quando Fellipo foi acordado com o som de alguém batendo na porta de sua casa insistentemente. O batedor, um Gárgula de mais de 200 anos, e parecia que quanto mais velha a peça ficava mais barulho produzia na porta de madeira que ecoavam por toda a casa.

---Senhor Fellipo, tenho uma entrega.

O corpo ainda sentia o cansaço da noite passada. Ainda podia sentir o cheiro do pronto socorro impregnado nas narinas. A cada batida que davam na porta a sensação era de que marretadas estavam sendo dadas na sua cabeça. E quando menos esperava mais batidas na porta.

--- Senhor Fellipo, preciso entregar-lhe algo.

Resolveu acelerar o passo, assim poderia acabar de vez com aquela agonia. Com o sol batendo direto nos olhos estava difícil abri-los. Com os olhos ainda entreabertos, Fellipo seguiu rumo a porta, tentando guiar-se pelo tato e quem sabe um pouco da memória que tinha de casa evitando abrir os olhos. E a ladainha com as batidas na porta continuavam.

--- Senhor Fellipo, por favor tenho pressa.

Mas não adiantou muito. Assim que chegou na sala, Fellipo esqueceu-se que tinha dado uma nova posição para sua mesa de jantar e bateu com o dedo mindinho na quina da perna da mesa.

A dor foi tamanha, que acabou soltando o grito de dor e por alguns instantes as batidas na porta cessaram. Podia-se ouvir Fellipo lá dentro jogado no chão, contorcendo-se de dor. Tinha certeza que o dedo havia fraturado. A dor era tremenda, podia sentir seus batimentos na ponta do dedo, que já estava ficando roxo. Finalmente os olhos ficaram abertos e pode observar o dedo que doía, tocar então, nem pensar. Logo as batidas retornaram. Seu desejo era que quem quer que fosse sumisse da porta de casa e nunca mais desse sinal de vida. Como doía, não lembrava nos tempos de criança uma dor assim. E novamente as batidas não paravam seguidas sempre de novas justificativas.

---Senhor Fellipo, será rápido lhe garanto.

Olhou para a porta e acabou respirando fundo e fez um esforço pra chegar até a porta e ver do que se tratava. A cada vez que tocava com o pé direito no chão podia sentir a dor irradiar por toda a perna indo até a espinha. Parecia uma caminhada interminável mas finalmente havia chegado. Respirou fundo querendo que fosse algo que valesse a pancada no dedo.

Quando abriu a porta um homem de meia idade vestindo uma batina foi logo perguntando.

--- Senhor Fellipo Cartelli?

Respondeu Fellipo ofegante com o rosto vermelho quase não dando conta de ficar em pé.

---Sim, sou eu. E o senhor? 

---Sou padre Francisco, sirvo no Vaticano e a pedido do cardeal Ângelo me foi incumbia da missão de entregar isso ao senhor. 

O Padre estendeu um dos braços e primeiro lhe foi entregue um envelope selado em cera e em seguida uma pequena caixa preta. Fellipo achou aquilo muito estranho nunca teve nada com o Vaticano devia ser algum engano ou quem sabe algo para sua mãe.

---Tem certeza que isso é pra mim mesmo padre Francisco e não para Helena Cartelli minha mãe?

Com um sorriso no olhar padre Francisco respondeu.

--- O cardeal foi bem claro. O senhor é Fellipo Cartelli?

--- Sim.

Por um breve momento Fellipo esqueceu-se do dedo machucado e acabou forçando-o no chão na tentativa de descansar um pouco a perna esquerda mas a dor foi tão forte, que a perna esquerda já estava cansada demais para sustentar o corpo todo, não teve forças para ficar em pé e acabou desabando chão. O padre prontamente tentou ajudar Fellipo mas não teve tempo, tão pouco força. Restou-lhe apenas ajuda-lo a levantar-se para que pudesse  ficar sentado. E sem demora, a dor do dedo mindinho voltou a irradiar por todo o corpo de Fellipo.

O ParasitaOnde histórias criam vida. Descubra agora