4 - Madame Bovary

56 17 36
                                    


O sol mal tinha nascido, e já podia se ouvir o som de alguns carros que já circulavam. A porta da frente batendo denunciava alguém entrando em casa fazendo Madame acordar. Ainda com os olhos fechados guiada apenas pela audição podia ouvir, os tamancos grossos salpicando em todo o assoalho de madeira.  A cada passo era como se uma agulha cutucasse seu cérebro, podia sentir pequenas pontadas aumentando mais ainda as dores na cabeça.

--- Margaret preciso de você.

Madame ainda de olhos fechados, esperou por alguma resposta e não obteve nada.

--- Margareeet hoje está sendo um daqueles dias, preciso de você aqui.

O mesmo silêncio dentro da casa, sem nenhuma resposta quanto ao seu pedido. Madame já perdendo a paciência tentou uma última vez.

--- Margareeeeeeeeeeeeete! Cadê você sua imprestável! Quer me ver morta aqui não é!

O grito de Madame já aos berros pode ecoar por toda a casa. Queria saber o porque de todo aquele silêncio depois de seguidas vezes sendo chamada. Não demorou muito podia ouvir o toc toc dos passos acelerados caminhando na direção do seu quarto.

Mesmo com os olhos fechados, sentiu a presença da mudinha com as mão juntas como se estivesse pedindo desculpas por não poder responder.  Era a nova criada e ainda não tinha se acostumado com a presença dela na casa. Mais parecia um fantasma zanzando em silêncio.

Ela foi contratada para ficar com o serviços de limpeza das roupas e da casa. Era uma pena uma jovem tão bonita impossibilitada de falar e com a audição prejudicada, ouvia muito mal. Por isso viveu em orfanato até os seus 18 anos, afinal ninguém queria uma criança como ela. Emitindo um pouco dos seus grunhidos. Ficou prostrada ao lado da cama de Madame apontando para os ouvidos e a garganta tentando justificar aquilo que não precisava ser justificado.

Madame precisava de muitas coisas mas sabendo que era a mudinha quem estava ali, suas possibilidades eram muito limitadas. Então reduziu seus desejos à aquilo que sabia que ela entenderia, tentou de um modo diferente pedir para que ela tirasse aqueles tamancos tão barulhentos. Em seguida, fez um sinal coma as duas mão em cima da cabeça, imitando o Cock que Margaret usava, ela entenderia para que, quando Margaret chegasse fosse até o seu quarto. Mudinha entendeu ambos os recados e carregando os tamancos voltou para área de serviço. No mais absoluto silêncio, com os tamancos já nas mãos, que era tudo que desejava naquele momento. Já que Margaret não havia chegado, restava-lhe apenas continuar deitada a espera dela.

As dores de cabeça já tinham diminuído, mas não sumido completamente. Madame tinha conseguido voltar a dormir, porem, eis que de repente, ouve duas batidas na porta do seu quarto como anúncio de que alguém tinha chegado. desnecessárias claro, já que ela fazia questão de deixas a porta do quarto escancarada.

--- Pelos deuses, mais barulho. Me diga que é você Margaret preciso fazer tanta coisa hoje e você me some assim logo hoje pela manhã.

--- Senhora, hoje é Sábado dia de ir a feira comprar comida para a casa e apenas hoje que temos algo melhor por lá. Já passam das 11 horas senhora.

--- Sim, mais cedo achei que era você com aquele tamanco ensurdecedor pela casa. Mas acabei descobrindo que era a mudinha. Precisava do chá de ervas pra minha cabeça. Muita coisa aconteceu você nem imagina. Mas o chá deixo pra depois, vamos aos banhos, depois te conto. Mais uma coisa, sabe que não gosto de ser chamada de senhora.

--- Sim Madame Bovary.

--- Melhor assim. Agora vamos para o banho preciso limpar esta casca que já está cheirando muito mal.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 19, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O ParasitaOnde histórias criam vida. Descubra agora