Behing the cameras - Joalina

16 - I kissed a girl

Sabina Hidalgo

Odeio muitas coisas na minha vida, odeio água, odeio queijo, odeio chorar, odeio ter problemas, odeio ser pressionada, odeio o fato de fazer xixi nas calças sempre que rio demasiado. Mas mais do que tudo isso, odeio estar doente.

Sinto como se, após um vírus entrar em nosso corpo, automaticamente me transformei em alguém impotente e fraca, sem forças ao menos para se levantar, vivendo a base de remédios com gostos horríveis e tendo que tomar litros e litros de água à cada minuto. Sem contar com o tanto de gente preocupada com seu estado de saúde ao seu redor.

Odeio não estar em dia com meus compromissos, era um saco não poder ir ao menos aos ensaios, só de pensar no tanto de passos que eu teria que pegar quando ficasse melhor, já me dava dor de cabeça. Queria me levantar e continuar o dia normalmente, mas um certo alguém está me proibindo até mesmo de levantar.

- Joalin. - remsunguei tentando pegar meu uniforme.

- Não, Saby. Yonta passou as instruções para você descansar, e quando ela diz isso, tenho certeza que ensaiar não é uma forma de descansar. - brigou me entregando uma garrafinha de água. - Agora beba isso.

Bufei pegando a garrafa de sua mão, logo levantando e seguindo até minha mala. A abri e tirei de dentro da mesma um pacote de salgadinho que havia comprado ontem.

- Sabina, nada de comer porcaria em plenas sete da manhã. Esqueceu que você está doente? Tenho certeza que isso não vai ajudar em nada. - me repreendeu pegando o pacote de minhas mãos e devolvendo para a mala.

- Joalin! - resmunguei.

- Pegue, se está com fome coma isso. - me entregou um prato recheado de frutas e alguns waffles.

- Você e minha mãe foram gêmeas em outra vida. - murmurei comendo um morango.

- Só estou cuidando para que não piore, odeio lhe ver doente. - falou suspirando, amolecendo meu interior. - Além disso, você precisa parar de comer porcarias.

- Eu comia quando você não estava. - a olhei sorrindo.

- Muito bem, espero que tenha aproveitado esse tempo. - sorriu de volta, logo se sentando em sua cama.

- Por que sinto que quer me falar algo? - perguntei vendo seus pés balançarem de forma frenética.

- Porque eu tenho, na verdade. - respirou fundo. - Não será algo fácil de digerir, eu acho.

- Fale logo, está me deixando proecupada. - pedi mordendo mais um morango.

- Durante esse tempo na Finlândia, eu... eu beijei alguém. - soltou, olhando para um ponto fixo da parede. Ia falar algo, mas a mesma me interrompeu rapidamente. - Eu beijei uma garota.

O pedaço de morango que estava em minha mão caiu no prato assim que processei a informação. Senti como se por um momento o oxigênio me faltasse, meu estômago se contraiu e depois girou repetidas vezes.

- O quê? - foi a única coisa que consegui falar em meio à tanta surpresa.

Juntamente do sentimento de surpresa, me veio também a confusão. Eu estava confusa sobre muita coisa, mas as sensações que correram por meu corpo ao receber aquela notícia se sobressaía.

- Eu... eu não sei o que dizer, Lin. - falei.

- Eu sei que é muita informação, foi difícil até mesmo para mim. - suspirou. - Mas esse foi meu primeiro passo...

- Estou feliz por você. De verdade. - sorri fraco em sua direção e ela sorriu de volta. - Quer me contar como foi?

- Foi bem diferente do que eu esperava, sendo sincera. Eu não senti 'aquilo' que algumas amigas diziam que eu iria sentir, pensei que havia algo de errado comigo, mas elas explicaram que eu iria sentir na hora certa e com a pessoa certa. - explicou.

- E a garota? - perguntei curiosa.

- Uma amiga, apenas. Acabamos saindo juntas e rolou sem nem ao menos eu ter tempo de raciocinar. Mas eu gostei da experiência. - admitiu por fim. - Você está bem com isso?

- Claro que sim, Jo. - respondi de forma óbvia.

- Pensei que fosse ter uma reação diferente.

- Eu tenho uma irmã lésbica, Joalin. - ri fraco. E ela levantou as sobrancelhas parecendo lembrar.

- Mas ela é da sua família. - falou.

- Assim como você também é. - rebati. Ela sorriu.

- Tudo bem. Estou mais calma agora que lhe contei. - ela disse se aproximando, logo me abraçando.

- Estou muito orgulhosa de você. - afirmei acariciando seu braço.

- Obrigada, Saby.

...

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