Parte 1 - Aceitando os Fatos

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Da pra acredtar? Possivelmete você nao vai acreditar mesmo, a minha ficha só foi cair agora. E ainda assim, continuo muito chocado. Parece besteira, você deve até achar que estou fazendo drama, mas não é bem assim...

Sou Tommy Merlyn e sigo com uma vidinha mais ou menos no Distrito 3. Aqui onde moro, nos focamos na tecnologia que é distribuida por todo país e, principalmente, na Capital. Existem mais 11 Distritos, cada um com sua especialidade. E é assim que suprimos a Capital, e é assim que rumamos para um futuro digno e igualtário. Nascido à 18 anos, em uma familia comandada por um pai Alfa e uma mãe Beta, já era de se imaginar que um filho Ômega (o status mais fraco & menos desejado na alcatéia, apesar de ser o mais raro) não fosse bem aceito, e até um pouco rejeitado.

Agora, porém, para dar aquele empurrãozinho na sua vida rumo a merda, a Capital decide entrar em uma nova era. Uma era, tenho que admitir, que trouxe alguns benefícios, entre eles está o BOLSA FAMÍLIA que lhe concede uma quantidade relevante de alimentos mensalmente. Mas o principal objetivo do novo regime, foi divulgar um novo Reality Show, Os Jogos Vorazes. Você com certeza ja ouviu falar, ou deve imaginar o que seja, mas ninguem nunca esperou acontecer em sua sociedade.

5 meses atras, esse grande evento foi anunciado para a população licantrope do país. A propria Presidenta fez questao de dar a notícia ao vivo, esperado gerar emoção nos seus espectadores. O que ela não sabe (mentira, sabe sim) é que causou dor e ódio em 24 famílias que perderiam seus filhos para a Capital.

E hoje? Hoje é o grande dia jovem amigo.

Penteio meus longos cabelos olhando meu reflexo na água depositada em uma grande bacia, minha família é muito tradicional e supersticiosa, e dizem que não é aconselhado à um Meio Lobo se olhar em um espelho comum. Apesar de outras famílias o usarem livremente e nada ter acontecido, meu pai impõem regras nessa casa, e todos temos que segui-las. Quando termino, dou uma leve lavada na escova e a deposito em seu devido lugar. Olhando pela janela, vejo que o dia está frio e com pouca luz, devido a uma grande massa cinzenta que cobre todo o céu. "Um bom dia pra morrer" penso comigo mesmo. Todas as pessoas deveria morrer e serem enterradas em dias tristes como esse, o sol feliz e persistente é como uma afronta ao defunto, não é mesmo?

Bebo um liquido com um sabor engraçado e aroma de flores antes de sair de casa. A essa hora da manhã, o distrito parece estar vazio, entao aproveito para visitar o Oliver, meu melhor amigo, quase um irmão. Ele vive com a esposa desde que teve uma ligação com ela aos 15 anos (à 3 anos), foi uma coisa bem surpreendente pra mim. Nunca achei que essas coisas poderiam acontecer tão sedo. Oliver é um Alfa e Felicity uma Beta, assim como meu pai e minha mãe, sempre torci muito para eles serem felizes, mas confeço que sempre que ocorre uma briga entre eles e o Oliver vem me contar, meu coração da pulos de alegria... Porque me encanta o fato deles voltarem a se falar depois de algumas horas, só por isso eu fico tão feliz.

- Olie! - Chamo o mais alto que posso no quintal da casa do meu amigo, ele deve estar tão ansioso quanto eu para a a Colheita hoje a tarde.

- Shhiiiuu! - surge um Oliver louro piscando lentamente seus olhos verdes atras das lentes dos seus óculos de grau. Pela cara dele, acabou de acordar.

Quando ele chega bem perto de mim, percebo que ele não esta enrolado em uma roupa de frio, e sim e sua coberta de dormir.

- Parece que alguem não quer sair da cama - digo com uma certa irônica observando o traje.

- Ah, calaboca Tommy - Oliver e eu rimos baixinho - Vem aqui - e ele abre o corberto que esta enrolado, revelando somente um pijama simples e fino.

Corro para o abraço antes que ele congele no frio. Sinto seu corpo magro e a protuberância dos ossos, Oliver (no passado) fora tão pobre quanto eu, o que explica a magreza semelhante entre nos. O cheiro que ele transmite é de enlouquecer qualquer um, deve ser mais um mal que os Alfas tem. Mantenho o abraço até onde posso sem parecer tão submisso e me afasto do seu corpo. Ele volta a se cobrir e tudo parece entrar em foco outra vez.

- Tenho uma novidade pra te contar - Oliver parece tão empolgado ao falar, que uma subta empolgação começa abrotar em mim.

- Diz - É tudo que consigo dizer com um sorriso enorme no rosto.

- Felicity e eu vamos concretizar o casamento - hove-se uma leve pausa e minha empolgação cessou, mas Olver não percebera, e continuou a falar - Vamos ter um filhote, Tommy, não é um máximo?

- Claro que é. Claro que é. - Repito pra parecer que realmente entendi e que estou muito feliz com o assunto.

Mas na verdade, meu coração deu um nó no momento em que ouvi a palavra "Casamento". Meu dia não poderia ter ficado pior, não é mesmo? Entao... pode apostar que vai piorar só mais um pouquinho.

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