Parte 3 - Despedidas

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- Nããããooo!! - Um grito agudo de mulher corta o silêncio de uma maneira bem dramática.

Felicity chora de forma voraz enquanto pacificadores afastam seu marido em direção ao palco. Vejo sua feições de lobo aflorarem a medida que eles a impedem de se juntar ao homem loiro de olhos verdes. A praça toda parece sumir de minha visão enquanto observo a dor daquela mulher. Uma mulher que carrega o filho do meu melhor amigo.

Um pensamento insano me ocorre.

Corro o mais rápido que posso como se minha vida dependesse dessa corrida. O que de uma certa forma, depende. Meu coração acelera enquanto começo a hiperventilar procurando me manter equilibrado sobre os meus pés.

Não lembro mais a direção que estava seguindo até esbarrar com 3 pacificadores e um Oliver aos prantos sendo empurrado sem delicadeza pelas escadas do palco.

- Cuide dela, Tommy, cuide do meu filho, não deixe nada de...

- Quem vai cuidar da SUA família é VOCÊ. - Grito segurando suas mãos enquanto elas se afastam bruscamente.

Levo uma quantidade de socos incontáveis e me vejo sentado na beira do palco. Daqui, Oliver e Ária parecem ser bem maiores. Lado a lado eles formam um casal até bonito de se ver. Mas lá não é o lugar dele, não é justo.

- Então, senhoras e senhores... - A mulher elegante começa a falar, mas eu dou um grito impedindo-a. Ela revira os olhos e o seu olhar cai sobre mim. - Parece que alguem não sabe a hora de parar. Pacificadores! - e com dois estalos de dedos, 5 Homens de vestes brancas vem em minha direção.

- Eu quero... Ir no lugar dele! - Grito antes de levar o primeiro soco. - Por favor - Já estava chorando e só agora fui me dar conta. - Eu preciso ir. Preciso vencer os Jogos!

Ouço risadas por trás das máscaras dos Pacificadores e de repente, tudo fica preto.

(...)

- Ele tem esse direito? - Um sussurro muito baixo, me lembra a voz da mulher elegante - Tudo bem, tudo bem. Sim. Ok. Não, de jeito nenhum. Ok. Tchau. - ouço o barulho de telefone no gancho. - Filha da mãe.

A porta se abre e ouço um estrondo de passos rápidos e respirações ofegantes, correspondentes a 3 pessoas.

- Ele ainda não acordou - Informa a voz da mulher da Capital.

- Oliver - Adverte uma voz que reconheço ser de Felicity - melhor não acorda-lo, vai que ele muda de ideia...

- Mesmo que ele quisse, não pode. Está nas regras que pode haver voluntários, e quem faz isso, está automaticamente no jogo sem poder voltar atrás. - Mulher da capital fala de forma rápida.

- Tommy - sinto duas mãos pesadas sobre meu corpo - Eu sinto muito, Tommy, não queria que fosse assim e... - Ele começa a chorar e eu seguro minha vontade de pular em seus braços, em vez disso, continuo fingindo que estou inconsciente. - Muito obrigado, muito obrigado mesmo.

E em meio as lágrimas, ele deita sua cabeça sobre meu tórax e começa a acariciar meus cabelos. Sentimentos antigos começam a dar pontadas de lembranças dentro de mim. Reprimo todas e me concentro em não chorar.

Oliver se levanta ao ouvir barulho de batidas na porta, provável que não tenham mais tempo. Escuto os passos se distânciarem e sinto que finalmente estou sozinho. Não sei oque será de mim agora.

(...)

A Mulher Elegante, se apresentou como Phoenix. Ela nos trouxe ao trem e disse que chegaremos ao amanhecer na Capital. Nos explicou que poderíamos comer e beber à vontade. E que cada vagão tinha sua finalidade. Nos mostrou os servos da Capital, e disse que eles também são nossos servos de agora em diante. Em um momento particular, Phoenix me diz que minha atitude foi de extrema coragem e que ela estava confiante sobre o casal que sorteou.

Não tive tempo de pensar em nada. E talvez eu não queira. Talvez seja melhor deixar a vida do Distrito 3, no Distrito 3. Porque se eu ficar remoendo os fatos, minha'alma não sobreviverá.

Recebo um bilhete na minha cabine dizendo que devo me preparar para uma reunião com o mentor. Não diz do que se trata e muito menos explica o que é mentor. Sem mais explicações, só me resta obedecer.

Depois de um banho demorado, visto um conjunto de roupas que estavam embaladas em um papel fino. Calças jeans rasgada nos joelhos, camisa branca com várias pizzas pequenininhas em uma serie infinita e um tênis vermelho combinado com as pizzas da camisa. Desejaria ter uma bacia de água pra ver meu reflexo, não queria me esquecer de alguns princípios da minha família, porém só me resta o espelho para ajeitar meus cabelos.

Entro no vagão principal e me deparo com um homem grande. Na verdade ele é muito grande. E quando eu falo Grande, quero dizer grande. Daria uns 2,50 de altura e 200 kilos. Ele realmente é um monstro, porém quando abre a boca:

- Bom, obrigado por aparecerem. -uma voz fina irrompe do cara. Com largo sorriso no rosto ele continua -Primeiramente, quero explicar qual o meu trabalho e no que vou ser útil a vocês.

Me acomodou em uma poltrona ao lado de Ária enquanto escuto suas explicações. Basicamente ele vai nos ensinar a agir na Capital, para não sairmos dos eixos. E também vai nos ajudar a durar um pouquinho na arena. Mesmo ele admitindo que confia muito em nós dois e que acha que podemos ganhar, não acredito que ele seja sincero. Talvez simplesmente não queira nos deixar tristes.

- Vocês devem se conhecer melhor. - ele diz por fim olhando rapidamente de mim para Ária. - Entrar na arena como uma equipe vai ser legal pra vocês.

Olho fixamente pra Ária por um tempo e por final eu digo:

- Como você já sabe, meu Nome é Tommy Merlyn. E em algum momento, você terá que morrer pra eu poder vencer.

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