Capítulo 6

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Já fazia algum tempo que Natalie e eu não tínhamos uma noite como a noite passada, era sempre almoços de negócios, fotos e contratos que quase não sobrava tempo para o "nós". Confesso que precisava dela, precisava senti-la, precisava do seu corpo quente junto ao meu.

Era com uma droga, parece clichê a comparação já que todos os livros de amor associam a pessoa amada a uma droga qualquer, viciante e assoladora, mas era como se fosse isso, porém em um sentindo delicioso.

O gosto do café quente e adocicado preenchia minha boca, e eu conferia minha agenda no celular para saber o que eu deveria fazer hoje, assim que minha conferida finalizou levantei-me da mesa e fui direto ao caixa da lanchonete da NH.

—Deu 2 dólares, senhora. — Dizia a moça graciosa do caixa.

— Você teria troco para 20 dólares? —perguntei

—Não tenho. Mas não se preocupe, é por conta da casa.

—Não, imagina. Faço questão. — Insistir

—É o poder de ser noiva da dona ­­­—ouvi uma voz feminina soar atrás de mim, o tom era pesado e sarcástico.

Ao virar-me uma moça de estatura mediana estava de braços cruzados atrás de mim, na fila esperando sua vez.

—Desculpe, não entendi. — disse educadamente

—Você não precisa pagar, sua noiva é a dona. Por que perde seu tempo no caixa?

O comentário feito deixou-me verdadeiramente irritada, por tanto contive a resposta árdua que veio em minha língua, e a engoli a seco.

—Eu realmente vou entender isso como um mal-entendido— vire-me novamente para a moça do caixa e deixei os vinte dólares do balcão de mármore e sai.

Não era a primeira nem última vez que havia ouvido certos cochichos desse tipo, minha empatia entendia a frustação das outras modelos, mas era difícil explicar que eu estava ali não pela Natalie e sim por mim, ao certo ninguém sabia o que de fato havia acontecido no passado e muitas vezes faziam as pessoas questionar o amor que eu mantinha por Natalie como interesse, e o pensamento era sempre o mesmo "como uma mera secretaria chegaria à ascensão tão rápido?".

—Anabelle — ouvi meu nome soar por uma voz conhecida.

—Oi, Lena— ela se mantinha em pé atrás de mim no corredor, devia ter saído de alguma porta pela qual não percebi

—Você tem um minuto? — perguntou educadamente.

Os cabelos de Lena eram negros, e ondulados e eu podia sentir o aroma do seu perfume, seu look era de um preto divino. Sua blusa trazia uma estampa de uma banda de rock, que combinava perfeitamente com sua calça social preta e justa e sua bota cano curto, sem esquecer do terninho preto social, e eu jamais poderia falar que aquela mulher se vestia mal.

—Claro.

—Eu queria me desculpar pela noite passada, se eu deixei algum desentendimento entre você e a Natalie.

— Ah— expirei — imagina. Está tudo bem.

—Ah, que bom. Longe de mim querer causar algum transtorno a você.

Nossos olhos se prenderam, mas eu logo desviei

—E você? Faz o que por aqui hoje? — perguntei

—Eu vim pegar a lista das modelos para o próximo desfile.

—Ah, é verdade. Eu já havia esquecido.

—Pensei que você participaria.

—Não, não. —Sorri sem jeito — vou deixar os holofotes para as novas modelos.

Intenso ( Segundo livro da trilogia descobrindo o prazer)Onde histórias criam vida. Descubra agora