Capítulo 2 - He

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Ano 1854

12 Anos antes

Humanos são seres tão engraçados e gananciosos que me fazem querer rir e dançar sobre seu sangue. Eles comemoram por tão pouco e vivem às custas de mostrar sua riqueza para os outros, que almas menos atrativas eu deveria dizer, mas ao menos serveriam como aperitivos no final do dia.

As máscaras claras e escuras disfarçam o rosto de todos os presentes, mas sempre havia alguns exibidos que não se importava com tantas formalidades e ficava se exibindo como um cordeirinho por aí e aquilo me animava ainda mais. Que tipo de massacre seria interessante criar nesse salão?

Peguei uma das bebidas na bandeja de um garçom que passava e continuei meu caminho em rodopiar por aí e ficar a espreita de algo que pudesse ser demasiadamente interessante para o meu dia de tédio. Sabia que não poderia destruir tudo agora e tinha que ser paciente, meu instinto não havia me mandado aqui atoa.

Esperei por algumas giradas no ponteiro e assim que a meia noite chegou, o aroma mais fascinante de todos chegou até mim e não contive o sorriso largo quando visualizei a dona desse perfume. A alma mais pura de todas estava deslumbrante em um vestido azul celeste, com uma saia não tão rodada e o corpete que definia perfeitamente suas curvas e acompanhada de uma máscara branca sobre os olhos. De onde estava não podia analisar mais detalhes do seu rosto, mas podia ver os lábios vermelhos e vibrantes e a sede por sangue me consumiu um pouco mais.

Que bela presa para uma bela noite!

Desviei de algumas pessoas até chegar ao seu enlaço e a surpreender por trás.

"Devo dizer que está estonteante, jovem dama." - me curvei um pouco em respeito e beijei o dorso de sua mão, coberto pela luva de seda que acompanhava o jogo de cores da sua roupa.

"Quem é o cavalheiro?"- ela perguntou com astúcia estampada na voz, e fugiu do meu toque de maneira educada. Uma lebre que não se acua diante uma raposa.

"Apenas mais um nobre sem importância. Mas se deseja saber meu nome é Steven." - assim que meus olhos pousaram sobre os seus, algo se acendeu dentro de mim e a sensação de me perder em algo me atingiu com força. Ela tinha os olhos mais bonitos que eu havia visto. O azul se misturava com o verde e criava uma tonalidade única e completamente apaixonante, eu me perderia por anos naquele mesmo olhar.

"Um prazer, senhor." - ela fez uma mesura pequena e se delegou a sair, mas eu tomei seu pulso de maneira leve e a fiz me olhar.

"E como se chama senhorita?"

"Katherine."

"Me concede essa dança? Senhorita Katherine?" - pude ver os belos olhos sendo revirados, e aquilo alargou meu sorriso por dentro. Que presa mais difícil de se conquistar. Mas ela não poderia me negar, sendo uma dama inglesa bem treinada.

"Claro, senhor Steven. Será um prazer." - sua repulsa e desgosto não passou despercebido por mim e segurei minha excitação diante o desafio. Tomei suas mãos e comecei a guiá-la até a pista de dança e assim que nos aproximamos um pouco mais, na posição de valsa, sua voz veio baixa e tranquila em meus ouvidos. - "Encoste em mim apenas o suficiente para uma dança, ou eu arrancarei-lhe as mãos."

"Jamais teria coragem de fazer tamanha barbaridade, senhorita." - respondi sorridente e ela começou a se mover conforme a batida, ela tinha leveza nos passos e toda atenção se voltou para ela quando a rodopiei e suas saias se abriram um pouco. Ela parecia a criatura mais perfeita de todos.

"Para de me exibir como se fosse sua." - assim que seu rosto se aproximou do meu, ela sussurrou e sua fala seguida arregalou meus olhos. - "Comporte-se como um bom demônio."

"Como?"

"Meu avô tinha um contrato com um demônio. Conheço os olhos vermelhos e pelo menos acertei o lugar que estaria." - quando a rodei, ela ficou em silêncio e assim que seu rosto ficou próximo do meu mais uma vez, ela voltou a falar. - "Está vendo aquele conde loiro e alto?" - confirmei. -"É um estuprador de criadas que não foi preso e morto por conta de seu nome."

"Por que está me contando isso, senhorita?" - murmurei baixo em seu ouvido e vi seu corpo ter as reações esperadas. Adorável.

"Vê o senhor gordo com uma roupa estranha?" - confirmei mais uma vez. - "Pedofilo, e que ainda mexe com tráfico humano."

"Mais algum que queira me relatar?" - a próxima música começou e a puxei para mais perto de mim, colando nossos corpos.

"Sim, há." - ela confirmou e a determinação não fugiu um minuto sequer de sua voz.

"Diga então senhorita, estarei disposto a te ouvir." - respondi e ela trouxe seus lábios para perto do meu ouvido.

"Eu quero fazer um contrato com você, demônio. Pago minha alma pela minha vingança." - aquilo me causou um arrepio excitante e mal pude controlar o cintilar dos meus olhos.

"Sua vingança vale a morte de todos aqui e mais pessoas?" - o tempo ao nosso redor estava parado e minha atenção era toda voltada aos olhos azuis e brilhantes dela.

"Sim. Comece pelos que eu te falei e me entretenha." - ah, como aquilo era novo e excitante.

"Mas eu não aceitei fazer um contrato com a senhorita." - a melodia acabou e ela se afastou alguns centímetros de mim.

"Então irei à procura de outro. Passar bem, demônio." - aquilo não iria de fato acontecer. Não a perderia por nada.

"Espere, senhorita." - puxei seu pulso e ela me encarou de maneira preguiçosa.

"Decidiu aceitar, demônio?"

"Não poderia recusar tamanha oportunidade." - as penas brancas começaram a surgir ao seu redor, e nem assim ela moveu um músculo sequer, não estava abalada, não tinha medo. Apenas uma determinação deliciosa. Que sorte a minha. O baile sumiu ao nosso redor e ela estava parada no meio de todas as penas que caiam, geralmente contratos envolviam o desespero da presa, mas ela me excitava o suficiente para que eu fizesse aquilo sem arrependimentos.

"Eu aceito firmar um contrato com você demônio. A vingança pela morte dos meus pais em troca da minha alma e sua obediência por esse tempo."

"Aceito, my lady." - me curvei a ela e sua máscara caiu em minha frente, assim como as luvas e alguns tecidos que a cobriam.

"Não pense que irei aceitar uma marca onde bem entender." - os botões da frente de seu vestido estavam abertos até o busto e eu não conseguia me sentir mais animado e excitado em servir alguém. Que ironia. - "Sua marca irá aqui demônio."

Me ergui e me aproximei o suficiente da figura feminina. Tão imponente e grandiosa.

"Yes, my lady." 

Azul Celestial - Sebastian Michaelis X OCOnde histórias criam vida. Descubra agora