❝Segundo capítulo❞

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❝Na verdade, escola é uma merda.❞


Uma brisa quente e gostosa bate no rosto dos cinco adolescentes andando até a escola.

Don foi o último a acordar e, consequentemente, quase fez com que todos se atrasassem. Quando eles estavam prestes a sair, o moreno desceu as escadas correndo - milagrosamente não acabou caindo, a explicação disso é desconhecida - enquanto gritava para que o restante o esperasse. Isso arrancou algumas risadas de Emma, Gilda e Norman, enquanto Ray apenas gritou xingamentos e o mandou se apressar.

Eles andariam alinhados se a calçada fosse grande o suficiente, porém esse não é o caso. Então Gilda e Don caminham em frente, já que eles já sabiam o caminho muito bem, e o trio logo atrás; Emma no meio, Norman na direita e Ray na esquerda. Normalmente eles acabavam andando nessa formação, levando em conta que o albino e a ruiva tomaram o costume de andar de mãos dadas, o que funcionava perfeitamente pelo fato de Emma ser destra e o Norman canhoto. Essa era uma das várias manias que eles pegaram após se reencontrarem, exceto que era algo inconsciente que se tornou normal. Talvez fosse uma insegurança do lado da mais nova, um medo de ser deixada novamente. E ele entendia isso, por isso nunca questionou. Afinal, ele não iria a lugar algum dessa vez. Não mais.

Depois de tantas vezes mentindo sobre isso, mesmo que ele considerasse tais mentiras um tipo de mentira boa, para proteger Emma, ele realmente não pretendia repetir os mesmos erros. Não havia mais motivo para isso, e agora os dois tinham uma harmonia pesada demais para ser simplesmente deixado de lado. Um completa o outro, um corrige as falhas do outro. Sempre foi assim, ele apenas colocava o bem-estar da amiga em primeiro lugar. Se alguém perguntasse o melhor exemplo de destino, qualquer pessoa que já presenciou esses dois trabalhando juntos os mencionaria.

Os dois são muito inteligentes, mas Norman consegue suprir a impulsividade de Emma enquanto ela cobre a falta de habilidade física do Norman. Enquanto os pés de Norman são grudados no chão, Emma voa alto. Ele impede ela de voar alto demais, e ela o permite pensar um pouco além as vezes. Ambos pensam mais nos outros do que em si mesmos, portanto eles sempre acabam sendo cuidados um pelo outro em compensação a sua falta de egoísmo. Um completa o outro, e isso não é segredo para ninguém.

Por isso Norman resolveu se prometer de que ele não iria a deixar mais, nunca mais.

E Ray? Ele sempre se demonstrou enojado, até chegava a fazer sons de vômito de tempos em tempos. Mas no fundo, ele não os admirava menos que ninguém. Por mais que ele também seja parte do trio e que também faça parte desse ciclo de completar falhas, ele sabe que ultrapassar o laço entre esses dois é quase impossível.

Na caminhada, conversa foi jogada fora. Papo sem muita significância, mas agradável.

— Por que diabos eu iria querer postar fotos minhas nessa porrinha de aplicativo? Eu tenho cara de narcisista? — Ray resmunga enquanto desliza pela rede social, tentando entender o propósito de algo assim.

— Meu deus, puxa saco do caralho. — Don murmura, recebendo um olhar de ódio do mais alto que o faz quase se arrepiar.

— É por diversão, Ray. E para registrar as coisas que acontecem. Tipo quando eu tricotei o meu primeiro cachecol, olha. — Gilda explica, estendendo o celular para mostrar uma postagem na conta pessoal dela contendo a imagem de um cachecol vermelho.

— Mas por que as pessoas se importam? — O mais velho questiona, claramente irritado com o aplicativo.

— Você tá pensando demais sobre algo simples. — Norman diz, rindo baixinho da situação do amigo.

- Seus olhos cor esmeralda - (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora