As Correntes do Passado #3 - Novos costumes

5 0 0
                                    

Era no meio de Maio, eu estava dando meu bom-dia matinal para um senhor de idade do quarto 253 quando a enfermeira que assustada fugiu de mim uma vez me disse que minha "nova família " estava me esperando no andar térreo e a força com que ela agarrou meu pulso me fez gemer e me forçava a me soltar.
Seu olhar sobre mim era de raiva e desprezo, o mesmo que dava quando eu estava com o pai bonachão e quando ele me abraçava fiquei confusa vendo seu olhar ardente e espumando para cima de mim, sempre me perguntei porque, ou o que fiz para ela ficar com raiva de mim apenas me vendo, e acabei fazendo essa pergunta "Cláudia, se eu fiz alguma coisa para você ficar com raiva me desculpe, porém pode me dizer porque você sempre me olhou com tanto ódio? Por favor eu não quero ser sua inimiga" nisso ela parou e foi comigo em um quarto escuro me dando um tapa forte na cara e puxar meu cabelo para que eu a olhasse nos olhos enquanto dizia com um rosnar profundo e forte "Você nasceu, esse é o motivo de eu a odiar com toda a minha força, sua existência é insignificante, você não deveria existir, sua raça, sua cor, seus poderes, eu queria te colocar no incinerador para que eu pudesse ver seu corpo maldito e essa sua cor fritar até se tornar mais nada do que cinzas, sua existência me dá nojo" depois de me bater mais duas vezes e me dar um chute que me fez bater na parede ela cuspiu no meu cabelo e me amaldiçoou enquanto passava um álcool que doía nos meus machucados e a brutalidade da sua mão esfregando a pomada em mim, eu chorava muito até o momento que ela colocou um pedaço de tecido sujo em minha boca e beliscando minha orelha ordenava para que eu ficasse quieta ou ela me mataria ali mesmo.
Os próximos 20 mins foram os mais dolorosos da minha vida, ouvi ela desabafar que minha mãe morreu por minha causa, que eu era uma praga, entre eu e um monte de fertilizantes nitrogenados tem o mesmo valor, meu cheiro era de chorume, meu sangue parecia de uma carniça atropelada, e outras coisas que forcei meu cérebro a passar para frente.

Quando ela terminou me levantou puxando meu cabelo até um pouco sair na mão dela e o "Eca" ressoar no quarto escuro, e de longe ver um casal com um garoto mais velho aparentemente jogando no celular olharem para mim, me senti assustada a princípio, mas não tanto quando senti um aperto forte no meu ombro, e um leve passar de unhas, olhei para cima e ouvi a enfermeira assustadora falar entre os dentes "se você falar alguma coisa do que aconteceu, eu vou te caçar até o inferno". Queria chorar, porém esse pensamento foi quebrado quando o casal de olhos puxados falar palavras estranhas que eu nunca ouvi antes estava toda confusa, olhei para o lado vendo o meu suposto irmão mais velho me oferecer um pedaço de chocolate, fiquei relutante até ele dar um sorriso e dar o pacote de doces na minha mão e bagunçar meu cabelo na onde estava machucado, doeu só um pouco, mas o carinho que ele fez foi reconfortante.

Nunca parei para olhar o céu com o sol se pondo, era magnífico principalmente pelo aviso em que estávamos passará pelas nuvens, sentia um grande frio na barriga, mas não parava de observar a pequena janela, nem mesmo quando estava não muito distante a lua e algumas das constelações era muita beleza, perdi o fôlego todas as vezes, mesmo que de certa forma tinha certo desconforto com alguns passageiros me olhando de canto e sussurrando por entre linhas, as únicas palavras que entendi bem, foram "criança desdenha, negra, cocô de cachorro, jovem empregada e associação rica" não pude entender muito bem a ligação dessas palavras, e porque empregada? Eu olhei a minha volta e não vi ninguém com uma roupa do tipo e ainda não entendi do porque empregada.

Interior de Phanton BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora