Capítulo 1

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SEATTLE

Eu já estava cansada de tanto andar pelas ruas empresariais de Seattle, graças a Deus estava usando meus confortáveis all star. Eu havia tirado o dia de hoje pra procurar emprego, mesmo a contragosto dos meus pais. Marta e George são tudo na minha vida, eu sempre fiz, faço e sempre farei o que estiver ao meu alcance para lhes dar o melhor na vida. Minha mãe deu a vida na sua profissão como professora infantil, agora com a idade avançada não consegue mais emprego. Já papai é um marinheiro dos EUA agora aposentado. Ele recebe um bom dinheiro, no qual ele usou pra me educar, e minha educação não foi barata, estudei nas melhores escolas, posso dizer que não sou tão bonita, mas meu curriculo faz inveja.

Sorri com esse pensamento.

Eu precisava continuar andando pra procurar emprego e foi exatamente isso que fiz o resto da tarde. Meu pai estava doente, as contas do hospital pro seu tratamento estavam chegando e tudo que tinha guardado em uma poupança eu ajudei na dívidas. Agora tinha acabado e o dinheiro que ele recebia não estava mais dando conta.

Eu havia trabalhado em um banco e havia sido demitida por corte de gastos à algumas semanas, tentei a todo custo implorar ao senhor Dwyer que precisava daquele emprego, mas nada adiantou.

Andei mais algumas quadras e parei me sentando em um banquinho em uma pequena praça. Eu tinha apenas mais dois currículos em mãos. Olhei a hora no celular e eram 13h da tarde já. Não havia comido quase nada no café da manhã e não almocei. Observei as pessoas passeando com seus filhos, cachorros ou fazendo caminhada, alguns andavam com pressa, outros nem tanto. Eu não tinha o que reclamar da minha vida. Tinha uma casa, pais amorosos e comida na mesa, mesmo com toda dificuldade da vida eu não podia reclamar.

Levantei a cabeça encontrando adolescente rindo de mim enquanto passavam de bicicleta. Adolescentes. Eu havia passado pelo trauma de ser estranha e feia no colegial, de ter sofrido muito bullying com isso. Naquela época foi tão dificil ser a única garota que não namorava ou tinha um par no baile. E só depois que crescemos percebemos que aquilo tudo era uma grande bobagem, existem problemas piores. Como a falta de emprego por exemplo.

Suspirei.

Não precisava nem ser na minha área, como faxineira eu já estava aceitando feliz. Decido ir pra casa. Estava cansada e com fome. Fui até o ponto de ônibus mais próximo e sentei.

...

Cheguei em casa quase uma hora depois. Frustrada. Destranquei a porta e entrei.

- Já chegou querida. - Minha mãe me saudou saindo da nossa pequena cozinha.

- Sim mãe. - Respondi desanimada. Dona Marta sabia o quanto eu queria um emprego, e me apoiava mesmo não querendo ver sua filha trabalhando. Mas eu não podia ficar ali sentada vendo eles perderem tudo e amontoados em dívidas, eu tinha que fazer alguma coisa.

- Você vai conseguir querida. Eu acredito em você. - Ela tentou me animar depois de ver minha cara de desânimo.

- Eu sei mãe, amanhã eu vou sair de novo e tentar achar algo. - Olhei ao redor estranhando o silêncio. - Onde está o papai?

Minha mãe deixou os olhos cair e eu sabia o porque. Um dom que eu havia desenvolvido com a própria, ler seus olhos. E eu sabia que algo estava errado.

Um Amor AcidentalOnde histórias criam vida. Descubra agora