Era sete da noite e Anne teve que explicar porque sumiu no meio da reunião. Os irmãos estavam sentados no sofá discutindo em tom baixo enquanto passava um programa de auditório na televisão. Anne desligou o telefone depois de inventar uma baita mentira sobre ter que socorrer uma vizinha. Observou por um momento a interação deles, mas voltou sua atenção para preparar um pouco de café.
Os irmãos já haviam tomado o café da tarde e já estavam lá há algumas horas. Mas era notável a agitação de Máteo. Liya também estava desconfiada, entretanto se mostrava confiante. De repente, a campainha toca interrompendo os irmãos que olharam assustados para a porta. Olharam para Anne caminhar até lá e se levantaram. Mas ao contrário da assintência social, estava um rapaz alto de cabelos escuros bem cortados e roupas casuais. Ele tinha um sorriso charmoso e uma sacola de papel pardo enroscada nos dedos.
-Boa noite, princesa.
-Boa noite, Brian.
-Sem um elogio? - franziu o cenho dramático.
Anne riu. - O que te trouxe aqui hoje?
-Vim ver minha namorada. E quem sabe tomar um vinho. - indicou a sacola.
Brian entrou na casa assim que Anne deu uma brecha. O mais alto olhou atônito para as crianças na sala.
-Quem são? - apontou para eles assim que Anne estava do seu lado.
-São filhos de uma prima. Eles chegaram de surpresa. - a mentira deslizou naturalmente, sorrindo. - Porque não vão para o quarto? Daqui a pouco eu peço pizza.
Liya sorriu animada com a ideia e puxou Máteo, que continuava assustado. Quando as crianças saíram das vistas dos adultos, Brian segurou Anne pela cintura.
-Anne, não pode mandá-los de volta para os pais? Eu queria passar um tempo com você. - murmurou sedutor.
-Não. Eles não tem ninguém aqui além de mim. E os pais deles estão jantando fora. - continuou com a mentira.
-Eles já são grandinhos. Podem ficar um tempo sozinhos.
-Hoje não, Brian. - foi mais incisiva. - Tenho muito trabalho também.
O moreno suspirou e a soltou. Seguiu para o sofá.
-Você sempre está muito ocupada. Qual o problema?
-Hmn, nenhum. Só estou sobrecarregada, eu acho.
-Você quer estar sobrecarregada? Porque você sempre tem alguma coisa pra fazer. Quando não é o trabalho, é aquele seu amigo esquisito...
-Não fala do Dean. - interrompeu em um tom de aviso.
-... E agora virou babá!
-Minha prima pediu para que ficasse com eles.
-Que prima? Até onde eu sei você não tem família, Anne.
-Disse que minha família é distante. - falou baixo.
-E agora essa prima surge do nada? - ele debochou. - Quem são essas crianças? Seus filhos?
-Você está viajando, Brian. - balançou a cabeça começando a ficar irritada. E isso iria ser muito ruim.
-Estou? Você nunca falou de onde veio, o que te aconteceu antes de vir pra cá.
-O passado deve ficar no passado. Eu não tenho obrigação nenhuma de contar o que me aconteceu.
-Você não confia em mim, não é? Mas confia no Dean!
-Você não entende. Dean é meu melhor amigo.
-E seu amante, né? - riu em deboche. Largou a sacola sobre o sofá. - Quer saber? Já chega.
Voltou os passos em direção a porta.
-Então, está terminando? - Anne perguntou.
-Sim.
-Se sente melhor? - ela perguntou quando ele já tinha atravessado a soleira. Brian a encarou confuso. - Em ter terminado primeiro. Se sente melhor?
-Você é uma vadia fria, sabia? - ela sorriu em escárnio.
-Tchau, príncipe.
Anne fechou a porta. Quando se virou, viu os irmãos a encarando do começo do pequeno corredor.
-Tudo bem? - Liya perguntou.
-Está sim. Qual pizza vocês gostam?
xxx***xxx
— Dean. – ela suspirou cansada. – O que queria que eu fizesse?
— Que não os adotasse, pra começar!
O moreno tragava o segundo cigarro em vinte minutos de conversa com Anne. Estava aflito com as atitudes da amiga, aquilo poderia trazer problemas. Haviam se encontrado a margem de um rio que ficava dentro de um parque, dava para sentir a brisa fresca vinda da água. Mal passava do meio dia, Anne havia saída a pouco da faculdade e havia recebido a mensagem do mais velho.
— Eu tenho como mantê-los, isso não é problema.
— Dinheiro não é problema, Anne.
— Eu não podia abandoná-los! Abrir a porta e mandá-los embora.
— Como vai conciliar isso tudo, hein?
— Eu... Eu não sei. Vou dar um jeito. – desviou os olhos para o rio e respirou fundo. Estava sendo estressante os questionamentos porque eram todos pertinentes.
— Que jeito? Vai expandir o dia em 48h? Vai se multiplicar?
— 'Tá, Dean. Eu vou chegar em casa e vou mandá-los de volta pra rua, 'tá bom? Vou dizer que não quero eles. – explodiu e viu o moreno jogar o cigarro no chão asfaltado e pisar em cima. Ele passou a mão pelo cabelo liso exasperado.
— Anne, droga! A gente já tem tanto problema.
Ela se aproximou e encostou em seu antebraço coberto pela blusa escura de manga longa. A gola alta o deixava muito bonito, Anne notou, mas não fez nenhum comentário sobre isso. Os olhos afiados a encaravam atordoados.
— Eu... Preciso de ajuda. Sei que não é o que quer ouvir, mas pensa. Eles não tem ninguém. Podemos ajudá-los.
Dean fechou os olhos castigado pela insistência. Tinha coração mole, então obviamente aceitaria ajudá-la a fazer qualquer coisa. Abriu os olhos novamente encarando os cabelos curtos balançarem com o vento fraco e os olhos de cor âmbar brilharem.
— Você sabe que vou ajudar. – disse como se fosse óbvio.
— Eu não sei como contar para os outro.
— Isso é com você. – disse desgostoso com as possibilidades. Sabia que estava sendo ranzinza, mas no momento não conseguia ser otimista.
— Converso pessoalmente, ou mando um e-mail? – ele a olhou com o cenho franzido.
— Pessoalmente. Precisa convencé-los da sua loucura. – ela revirou os olhos,
— Você vai encher meu saco pra sempre, não vai?
— É claro que vou!
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olá pessoal, como estão?
espero que estejam bem e se hidratando 💧o que estão achando da história?
não esqueçam de deixar seu comentário, eu fico contente em saber o que vocês acham :)deixe sua estelinha ⭐ e até a próxima...
postado: 20/09/22
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The Gold Army
Action'Only the dead have seen the end of war.' Anne vivia como uma cidadã comum. Estudava durante o dia e trabalhava home office. Tinha um namorado e meia dúzia de amigos da faculdade. Mas fantasmas do passado continuam a procurando. Vão descobrir que nã...