Prólogo

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"Dizem que, se você buscar respostas onde deveria haver apenas silêncio, algo terrível pode acontecer

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"Dizem que, se você buscar respostas onde deveria haver apenas silêncio, algo terrível pode acontecer."

Nas noites de sábado, as garotas vêm até a minha casa. Bebemos margaritas, comemos tacos e queimamos ervas. Esse ritual é nosso há quase dez anos. Gabriella, Analiz e Katrina, minha meia-irmã mais velha, sempre estiveram por perto desde o colégio. Vivíamos em uma bolha de normalidade, e parecia que nada poderia nos tirar disso. Mas isso foi antes. Agora, parece que toda essa vida tranquila foi rasgada e jogada num abismo. As coisas mudaram. E mudaram para pior.

Naquela madrugada, por volta das três e meia, Gabriella e Analiz apareceram na minha porta, cansadas e preocupadas. Carregavam um bilhete amassado, escrito apressadamente pela mão horrível de Katrina. Dizia que ela precisava fazer uma viagem para um lugar distante, um fim de mundo qualquer, e que não sabia quando voltaria.

Naquela mesma noite, elas tinham saído para "conseguir homens", como disseram, vestidas com suas roupas mais provocantes, cheirando a perfumes doces e pesados. Eu, por outro lado, não tive ânimo. Minhas dores de cabeça e o cansaço me mantiveram em casa, e talvez esse tenha sido meu erro. Eu deveria ter ido com elas. Talvez, se eu estivesse lá, as coisas fossem diferentes.

Mas não foram. Katrina, com seu jeito imprevisível, sumiu, deixando o bilhete e uma sensação de vazio no ar. Faz meses que não ouvimos nada dela. Desde a primeira nevasca, nem uma mensagem, nem uma ligação. Nada. Apenas silêncio. Ela me deixou com os problemas, as dívidas e os pesadelos. Ela se foi, me forçando a carregar um fardo insuportável. Tento chamá-la, mandando mensagens e e-mails, mas é como se ela tivesse desaparecido do mundo. Não há qualquer sinal de Katrina.

Cada dia sem notícias pesa mais, como uma âncora amarrada aos meus pés. Gabriella e Analiz fazem o que podem para ajudar, mas sei que estão tão exaustas quanto eu. Nosso ritual de sábado, antes cheio de risadas e despreocupação, virou uma tentativa desesperada de manter algum senso de normalidade. A alegria se foi, e o que resta é a expectativa silenciosa de alguma notícia.

Eu comecei a procurar por ela em todos os cantos. Bares, ruas, conhecidos que talvez tivessem uma pista. Nada. Katrina sumiu, evaporou, deixando um rastro de incertezas que só piora a cada dia. As contas se acumulam, a pressão financeira e emocional me esmagam. Desde que nossos pais se foram, segurar tudo sozinha é um fardo que quase me quebra. Tento ser forte, por mim, por ela, mas a cada dia fica mais difícil.

Então, numa noite em que estou à beira do colapso, meu telefone toca. Um número desconhecido. Meu coração dispara com uma mistura de medo e esperança. Atendo, e do outro lado, uma voz familiar, embora cansada, ecoa.

— Sou eu, Katrina. Preciso de sua ajuda.

O alívio imediato é seguido por uma onda de pânico. Pergunto onde ela está, o que aconteceu, mas a ligação cai antes que eu consiga qualquer resposta. Tentei ligar de volta, mas nada. O silêncio retorna, mais opressivo do que antes.

Eu conto a Gabriella e Analiz. Elas ficam tão surpresas quanto aliviadas, mas a preocupação é visível. Decido que vou encontrá-la. Preciso saber o que aconteceu, por que ela sumiu. Mesmo que tenha que atravessar montanhas cobertas de gelo, eu vou atrás dela. Não importa o que esteja esperando por mim lá fora. Nem que tenha que entrar no pior dos infernos para trazer Katrina de volta.

Apenas espero que não seja tarde demais.

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