As horas se arrastam até que toda a comida ficou pronta. Scarlatt adormece no sofá enquanto termino de limpar a cozinha. A casa está bem abastecida, mas não planejo uma estadia prolongada. Tenho uma missão aqui, e me acomodar na casa de Dominic definitivamente não faz parte do plano.
O silêncio lá fora, quebrado apenas pelo som suave da neve caindo, deveria me tranquilizar, mas só aumenta a tensão dentro de mim. A lareira aquece a sala, o cheiro de comida reconforta, mas não consigo me sentir em paz. Dominic e Randolf estão sendo cuidadosos demais, e isso me irrita. Sinto que não estou no controle da situação, e essa sensação é insuportável.
Perto das sete da noite, enquanto Scarlatt ainda dorme, ouço o som de pneus esmagando a neve. Já estou com uma caneca de chocolate quente nas mãos quando a porta se abre, revelando Randolf, seguido por Dominic, que carrega malas. Meus pés batem no chão com força, minha paciência se esvaindo.
— Você demorou, Dominic. O que está acontecendo? — minha voz sai mais dura do que pretendia.
Ele larga as malas no canto da sala e me encara com aqueles olhos que sempre parecem ver além do que eu deixo à mostra.
— Precisei passar no hotel para pegar suas coisas. Você vai ficar aqui conosco.
Minhas mãos apertam a caneca com força, o calor da bebida esquentando meus dedos frios. Meus olhos se arregalam, e a incredulidade toma conta de mim.
— O quê? Não, de jeito nenhum. Eu não vou ficar morando aqui, mal conheço vocês. Estou só de passagem.
Dominic sorri, mas é um sorriso que me deixa desconfiada. Não há nada de acolhedor ali, apenas uma decisão já tomada por ele.
— Ficar aqui é o mais seguro para você. E, além disso, Scarlatt está confortável.
Cruzo os braços, a frustração fervendo dentro de mim.
— Eu não vou ficar. Minha vida não é sua responsabilidade, Dominic.
Ele inclina a cabeça, o sorriso sumindo dos lábios. Seus olhos, agora mais sérios, perfuram os meus.
— Eu sei por que você está aqui. Sei que precisa de ajuda, mesmo que não queira admitir. Vai ser mais fácil se estiver conosco.
Sinto meu corpo inteiro enrijecer. Ele não tem ideia do que está acontecendo de verdade. Não sabe sobre minha irmã, sobre o perigo que ela pode estar correndo. Tudo isso é meu fardo, não dele. Eu respiro fundo, tentando manter a calma, mas a frustração é palpável.
— Eu não preciso da sua ajuda. Devon está vindo me buscar e me levar de volta ao hotel — disparo, querendo colocar um ponto final nessa conversa.
Dominic dá um passo à frente, o rosto tomado por uma fúria contida.
— Devon? Você não vai a lugar nenhum com ele.
Minha raiva sobe à superfície, as palavras saem antes que eu possa me conter.
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La Luna
FantasiaDominic é o beta e como tal tem o dever de seguir e acatar as ordens do seu alfa, que vem a ser o seu melhor amigo. Com Randolf tendo sua cabeça virada ao avesso pela sua escolhida, Dominic tem que cuidar sozinho dos assuntos parlamentares da matilh...