Amigas?

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Depois que o furacão passou e deixou somente rastros para trás, resolvo que não posso deixar a garota na sala sozinha. Ela, provavelmente, estava entediada e ao que tudo indica não queria estar aqui.

Ela estava sentada em um dos sofás com fones de ouvido, olhos fechados e cabeça jogada para trás contra o encosto. Mesmo estando de olhos fechados e com música em seu ouvido acredito que ela tenha sentido a minha presença quando me aproximei. Seus olhos se abriram e ela puxou os fones para baixo quase instintivamente.

— Oi. — Ela diz, com sua voz jovial.

— Oi. — Eu me sento na poltrona ao lado do sofá, cruzando as pernas. — Você está bem?

— Sim. — Sua voz incerta me conta que ela provavelmente não tinha certeza se estava realmente bem. — Quero dizer, eu acho. Pra falar a verdade, não. — Disse por fim, confusa.

— O seu namorado é um cara difícil de lidar? — Querer saber um pouco mais sobre as pessoas amenizava um pouco os meus próprios problemas. Ajuda que sou uma boa ouvinte.

— Não mais, às vezes ele é só um idiota mandão, mas sempre acaba tendo a razão porque de fato está certo. Eu só não sei se tenho cabeça para tudo isso. — Gesticulou em volta.

— Tudo isso, o quê?

— Ah, você sabe... — Deu de ombros, atirando os fones dentro de uma bolsa de mão. — Essa coisa de relacionamento sério.

— Você não queria estar com ele? — Ela morde o canto da boca, os olhos semicerrados como se estivesse pensando sobre isso.

— Não é isso. — Diz por fim. — Eu amo o Randolf inegavelmente, não existe ninguém antes e nem depois dele, sem qualquer chance de sequer pensar na hipótese de nos separarmos. — Revela. — Mas às vezes eu penso que tudo está indo muito rápido. Há pouco tempo acreditei que pudesse estar grávida dele e, — se aproximou um pouco de mim como se alguém pudesse escutar nossa conversa e a sua confissão. — sendo bem sincera acredito que ele e sua família estariam pulando de alegria se eu estivesse. 

— Oh... — É somente o que deixo sair, ciente de que possivelmente ela estivesse arrebatando qualquer forma de escapar de Randolf quando desejasse caso ficasse grávida dele.

— Eu só me sinto um pouco... sufocada! — Contou, jogando seu corpo de volta contra o encosto do sofá. Ela parecia exausta.

— Sinto muito. — Múrmuro, sem saber o que de fato dizer. Não são as minhas escolhas ou vida para me meter. — Bom, acredito que você deveria dizer isso a ele.

— Eu disse. — Ela resmunga, empurrando os seus cabelos acobreados atrás da orelha. — Mas Randolf diz que é só uma fase e que é naturalmente normal. — Bufou. — Humpf! Como se eu fosse uma adolescente idiota.

Rindo baixinho, recolho de cima da mesa de centro duas revistas de carros, empilhando-as e as colocando dentro do cesto de revistas ao lado do sofá. A casa não estava uma desordem, curiosamente Dominic é um cara arrumado em todos os aspectos. O seu cheiro está por todo o lado.

— E quanto a você? — Ela pergunta, seus olhos prescrutando os meus. — Vocês, no caso. — Corrige, um sorriso malicioso em seu rosto.

— O que tem?

— Ah, — Jogou sua bolsa para o lado cruzando as pernas. Incrivelmente o seu cabelo acobreado voa por cima dos seus ombros e ela tem um olhar confiante. — Vocês estão tendo alguma coisa, não é? Mas eu me lembro de ver você e Devon juntos e acredito que isso seja muito problemático. Os caras são... muito territoriais.

— Você quer dizer possessivos?

— Diga como quiser. — Riu nervosa dando de ombros. — Dominic já falou alguma coisa com você sobre tudo isso? — Gesticulou ao redor mais uma vez.

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