La Luna

Intoxicado

• Dominic •

Às vezes, a vida nos proporciona encontros que mudam tudo. Aqueles momentos raros que parecem ser escritos nas estrelas. Não acontecem muitas vezes — talvez duas ou três ao longo da vida. E sinto que esse momento está chegando.

Desperto na minha cama, tomando cuidado para não perturbar a mulher que compartilhou meus lençóis. Seu perfume ainda está no ar, uma mistura de sabonete e algo doce que faz meu coração acelerar. Levanto-me, nu, e caminho até a cozinha. O frio da manhã se instala em mim como uma segunda pele, e a gélida atmosfera de Weresville parece penetrar até os meus ossos. Abro a geladeira, pego uma garrafa de leite e a esvazio direto na boca. Não é nada higiênico, mas quem se importa? Sou um omega solitário, e essa é a minha realidade.

Então, meu celular toca, um alarme irritante que me puxa da tranquilidade da manhã. Olho para o relógio na parede: menos de oito da manhã. O clima gélido lá fora promete mais um dia cinzento e solitário. Nada fora do comum, exceto pela lua de prata que se aproxima, invocando a energia dos acasalamentos. Sinto meu corpo ansioso, as feromônias se misturando no ar como um presságio de algo que está por vir.

Os outros membros da matilha provavelmente estão se entregando a prazeres efêmeros, buscando mulheres para satisfazer suas necessidades físicas. Mas eu, como um omega, sinto a pressão de encontrar meu par. Embora a ideia de acasalamento me assuste, é uma parte inegável da minha natureza, e eu sei que não posso escapar dela. O Eros — a força que nos une, nosso amor à primeira vista — está esperando por mim, e eu só espero que ele não chegue tarde demais.

Depois de deixar a mulher adormecida, rabisco uma mensagem e me visto. O salão da matilha me espera, e preciso de informações sobre o desaparecimento de Shadow, um lobo que sumiu em uma missão arriscada. Como beta, não posso recusar as ordens, mas o peso da responsabilidade é esmagador. Cada movimento parece um lembrete do meu papel na matilha, e cada respiração, uma luta interna entre o que sou e o que devo ser.

A jornada até o salão é marcada por um silêncio ensurdecedor, e quando chego, Randolf, o alfa, está distraído, sua mente ocupada com uma mulher que conheceu recentemente. Ele não parece preocupado com a busca por Shadow. Yazer, nosso líder, me avisa sobre os perigos de uma guerra iminente com os lobos do sudoeste, e a tensão cresce entre nós.

Depois de longas horas de discussões que parecem não ter fim, recebo uma mensagem de Ian North. Ele me chama para sua oficina, oferecendo ajuda na busca por Shadow. Devon, seu irmão, está ocupado demais para se juntar a nós, e eu fico aliviado, mas a ansiedade aumenta em meu peito.

Quando chego à oficina, a neve cobre o chão e dois turistas esperam por um táxi, tremendo de frio. O contraste entre eles e minha natureza lupina é gritante; enquanto eles lutam contra o clima, eu me sinto em casa no frio. O sol começa a surgir, mas não há calor suficiente para aquecer a solidão que sinto.

— E aí, cara? — Ian aparece, seu sorriso iluminando o ambiente. Ele é um dos mais novos na matilha, sempre pronto para ajudar e com um espírito leve que contrasta com a gravidade do meu ser.

— Yazer está preocupado com Shadow. Se não trouxermos ele de volta, vou me meter em apuros — digo, lutando contra o nó no meu estômago. A ideia de falhar na missão pesa em mim como uma âncora.

Ouvimos um carro parar em frente à oficina, e, de repente, um perfume doce e enigmático invade o ar. Sinto meu corpo reagir a essa nova presença, como se cada fibra do meu ser estivesse despertando. É um perfume que parece tocar minha alma, como se estivesse me chamando para algo além do que sou.

Quando a porta se abre, ela surge diante de mim: uma visão hipnotizante, envolta em roupas de inverno. A touca cobre seu cabelo, mas mesmo assim, posso sentir a energia que emana dela. O calor intenso que surge dentro de mim é inegável. O Eros está se manifestando, e eu não posso ignorá-lo. A conexão entre nós é tão forte que parece uma corda invisível que nos une.