DIAS SOMBRIOS (CENA EXTRA)

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Dois dias haviam se passado desde que Elena chegou na pequena casinha de tijolos gastos, escondida dentro de uma floresta largada ao relento. Às vezes, Elena se sentia como um animal selvagem, pois, de uma forma ou de outra, ela sempre acaba escondida entre árvores e matos.

O seu coração se apertava de uma maneira ruim que a deixava cada vez mais amargurada e afundada em um sentimento escuro que crescia de dentro para fora. Nem um telefonema, nenhuma carta, nenhum recado e nenhum sinal, já haviam se passado quatro dias desde que Elena havia se despedido do Taehyung, e a cada tilintar dos ponteiros do relógio, aos poucos, mesmo que não quisesse, ela ia perdendo suas esperanças.

Elena pensava que seu maior erro foi não ter ido com Taehyung, mas agora ela não poderia ser egoísta, pois, havia algo dentro dela que necessitava de todo o cuidado do mundo, e ela não podia contar com a mesma sorte que teve em Upiór. Ela sabe que viveu um inferno naquele vilarejo e, por um segundo, realmente pensou que havia perdido o seu bebê, mas o relicário da Amélia a salvou. E foi naquele momento doloroso e agoniante quando Kihyun a atravessou com uma lasca de madeira, que Elena percebeu o quanto queria ter esse bebê, porque se ele não voltasse para ela, então a criança que carregava o lanço de sangue entre eles, seria eternamente a lembrança de um amor conflituoso e imortal.

Os seus olhos ardiam e estavam secos demais, vestígios das noites mal dormidas e de passar grande parte dos dias chorando. Nem mesmo quando teve metade da sua alma roubada por Henry, ela se sentiu tão miserável. Os seus sentimentos a corroíam por dentro e ela sentia que estava arruinada, e por mais que Elena tentasse ser forte, ao menos, pela criança que crescia dentro dela, ela sentia que apenas falhava nisso.

Nunca foi parte dos seus planos ser uma caçadora ou se envolver com um vampiro, muito menos, se apaixonar por um. Mas a vida não é um roteiro bem elaborado, as coisas acontecem quando devem acontecer e, geralmente, não são nada do jeito que imaginamos. Elena não sabia dizer em qual momento, verdadeiramente, passou a gostar do Taehyung, mas reconhecia que a beleza daquele vampiro, por mais sombria que tenha sido em seu primeiro encontro, chamou a sua atenção. E de uma atração física, isso se tornou algo muito maior, tão grande que nem cabia em seu coração sofrido.

Mais cedo, ela ligou para sua mãe dando notícias de como estava. Wendy avisou Elizabeth assim que chegaram na casa de tijolos, mas Liz precisava escutar a voz das duas filhas, então, quando Elena finalmente a ligou, ela sentia que um peso enorme foi tirado do seu coração, enquanto agradecia a todos os santos por terem protegidos suas meninas, embora Liz quisesse estar ali do lado da Elena para abraçá-la tão forte que faria toda a tristeza em sua voz, ir embora.

Ela suspirou de maneira longa, mas baixa para não acordar as três garotas que dividiam uma cama de casal simples. Esses eram os momentos "preferidos" de Elena, quando as garotas dormiam, pois, assim, ela não precisava lidar com o sofrimento delas e nem as preocupar com o seu próprio sofrimento, tendo espaço para sofrer sozinha o quanto aguentasse.

Suas mãos se arrastaram até à barriga lisa, enquanto, no andar de baixo, a porta de entrada se arrastava para dentro quando alguém entrou. Elena não escutou o baixo ranger da porta depois que ela foi destrancada por uma chave solitária e cinza, mas ela sentiu seu corpo inteiro se arrepiar em uma onda de calor que a abraçou. Seu coração saltou, ao mesmo tempo que, passos silenciosos iam em direção à pequena cozinha da casa.

A sensação era agoniante e ela não sabia porquê havia ficado assim de repente, mas algo dentro dela a fez levantar da velha cadeira acolchoada em um tom de verde gasto. Os pés descalços tocaram o chão gelado, e seu corpo se arrepiou mais uma vez, a fazendo abraçar o próprio tronco coberto por uma longa blusa azul-escura de frio que quase cobria os shorts rosa-claro de dormir. Involuntariamente, seus olhos foram até o topo da cadeira acolchoada, onde, o casaco vinho-escuro estava pendurado, a fazendo sentir o cheiro dele. Seu coração acelerou de um jeito incomodo, enquanto seus passos se apressaram para fora do quarto escuro.

DRÁCUS DEMENTER: LYCANTHROPE || KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora