5°- CAPÍTULO ✝

5.1K 668 1.6K
                                    

Sinto um incômodo no braço esquerdo e contorço o rosto por isso. Uma pontada ardida vibra e sinto o local latejar. Incomodada, abro os olhos, avistando o dossel rosa pendurado no teto. Mais uma ponta no braço esquerdo e sou obrigada a me levantar, apoiando o peso do corpo nos cotovelos, porém, basta fazer isso para que a dor fique ainda intensa. Viro o rosto e olho o meu braço esquerdo - ainda coberto pelo lençol branco da cama, encontrando uma enorme mancha vermelha, qual, eu reconhecia muito bem o cheiro, era sangue. Rapidamente, empurro o lençol para baixo, vendo quatro grandes cortes no meu braço esquerdo. Com cuidado, toco com a ponta dos dedos, os afastando depressa, já que o simples e leve toque fazia doer mais.

Quatro riscos grossos e fundos que pareciam terem sido feitos por unhas bem afiadas. A carne vermelha estava sangrenta e exposta, e toda a pele ao redor dos cortes, estava com uma coloração avermelhada.

Isso é recente, quase posso dizer que acabou de ser feito.

Apressada, me levanto da cama e vou correndo pelo quarto. Saio e corro pelo corredor, indo até o quarto da Wendy. Abro a porta com exaspero e me aproximo da cama, a vendo dormir.

— Wendy, acorda! — De joelhos na beirada da cama, começo a chacoalhar seu corpo.

De maneira sonolenta, minha irmã abre os olhos. Deitada de lado e de costas para mim, ela me fita sobre os ombros, com apenas um dos olhos abertos.

— O que foi, Elena? — sua voz era rouca de sono.

— Wendy, olha isso! — Viro meu braço em sua direção e quando ela vê os cortes, abre o outro olho e arregala os dois.

— O que é isso? Como você se machucou? — Com os cabelos completamente despenteados e com uma expressão preocupada, Wendy estende sua mão para tocar.

— Não! — afasto o braço. — Se tocar vai doer mais.

Tentando acordar de vez, Wendy pisca os olhos várias vezes, olhando do meu machucado para o meu rosto.

— Isso é o que eu estou pensando que é? — Wendy engole em seco.

Assinto, tendo o mesmo pressentimento.

— Lobo. — Respondo e, em seguida, sinto uma fisgada no machucado, me obrigando a fechar os olhos e soltar um baixo gemido de dor.

— Vá se arrumar rápido. Vou acordar as garotas e todas nós iremos atrás do padre Albert. — com um olhar perturbado, Wendy me encara séria.

Sem contestar, saio do seu quarto e vou fazer o que ela pediu, sentindo muita dor e dificuldades para trocar de roupa.

As garotas não demoram ao se juntarem no meu quarto, e Lilu parece ser a única admirada com o machucado. Precisei brigar com ela pelo menos umas duas vezes para que não tocasse nos cortes.

Por sorte, não encontramos muitos pelo caminho, portanto, apenas avisei Skull que precisava sair e, em silêncio, ele assentiu.

Descemos a colina do castelo e fomos para centro da cidade, onde, pedimos um táxi que nos levaria até à saída da cidade - a base do padre estava montada lá.

Provavelmente, uns cinquenta minutos dolorosos depois, o táxi finalmente estacionou no nosso ponto. Assim que pagamos o taxista, nós quatro seguimos pela beira de uma estrada de terra até que encontrássemos uma pequena cabana de madeira no meio do nada. Seria muito arriscado pedir que o taxista nos deixasse na porta da cabana, isso arruinaria nosso disfarce. Confesso que foi a caminhada mais angustiante da minha vida, eu não conseguia me concentrar em mais nada que não fossem os cortes.

Tomando a frente, Wendy bate algumas vezes na porta da cabana, que, para minha surpresa, é aberta por Alef, que nos recebe com um grande sorriso.

DRÁCUS DEMENTER: LYCANTHROPE || KTHOnde histórias criam vida. Descubra agora