Sou só eu

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Mais um dia...

-Charlie, filho, tá pronto, pode vir.

-Já vou.

-Bom dia querido, dormiu bem?

-Bom dia mãe, sim, e você?

-Muito bem, agora toma seu café.

-Ok, general.

-Idiota.

-Olha a boca.

-Eu sou a mãe, eu posso falar, você não, aceita.

-hahaha, ok. Hum, tá bom esse bolo, comprou aonde?

-O sua coisinha chata, fui eu que fiz, tá bom.

-É que está tão bom, nem parece que foi você que fez.

-Palhaço, vai logo, tem que se arrumar.

-Ta bom, calma.

-Em pleno sábado eu tenho que ir ao AA, sempre a mesma coisa, pra que eu tenho quer ficar ouvindo as pessoas falando dos erros delas, é irritante.

-Você pode reclamar, pode gritar, pode fugir, mas tem que ir, e pro seu bem, e pra poder te ajudar.

-Isso não me ajuda, só me faz lembrar que eu sou um assassino.

-Charlie... não fala mais isso, ouviu? Você não é um assassino, não foi sua culpa.

-Esquece mãe, vou terminar de arrumar.

-Tinhamos começado o dia tão bem, pra que fazer isso?

-Porque eu sou assim, eu matei as pessoas que você mais amava, eu devia ter morrido, eu sou o errado da família, eu não devia estar aqui, essa é a verdade.

-Eu te amo incondicionalmente, e você não tirou as pessoas que eu mas amo, você não fez nada, não foi sua culpa, eu não te culpo, por nada, então para, por favor, só dessa vez, não vamos fazer isso. POR FAVOR.

-Você não culpa, mas devia, eu sou horrível, eu queria ter morrido, seria melhor do que viver assim.

-Eu não vou perder você também, você para agora, eu estou mandando, você é meu filho, minha vida, eu preciso de você.

-Dsculp... Eu não queria, eu... eu, só queria eles de volta, eu fiz isso, eu tirei eles de mim...de você...de nós.

-Olha pra mim, chore sempre que sentir isso, nunca guarde, não faz bem, quanto mais pra você, eu também quero eles aqui, mas não podemos controlar o tempo e a morte, só nos resta continuar, e pensar nos momentos bons.

-Desculpa, eu te amo, muito, me perdoa mãe.

-Você nao precisa de perdão, você não fez nada, agora levanta esse rosto, e lembre você é extraordinário. Vai terminar de se arrumar.

-Ta bom.

As vezes eu não entendo como ela me ama, não sei como ela ainda está comigo, me ajudando, depois de tudo, tudo que eu fiz ela passar, eu sou um monstro.

-To pronto.

-Ok, vamos então.

*Alguns minutos depois*

-Chegamos. Como você está?

-Bem, eu acho. Já vou, tchau.

-Tchau filho, te amo, daqui a pouco eu te busco.

-Tá bom.

Está aqui, no AA não é ruim, acho ótimo a ideia de pessoas desconhecidas e aleatórias, se juntarem para ajudar uns aos outros. Mas pra mim, não funciona, me faz lembrar o que eu fiz, então é um saco ficar aqui com todo mundo querendo o meu melhor, mesmo eu não querendo.

-Oi Charlie, como você está? Não te vi na última reunião. Tudo bem?

-Oi Becky, tô bem, estava ocupado por isso não pude vir.

-Que bom, já vamos começar.

-Ta bom.

-Hoje vamos falar sobre o 5° estágio do luto, espero que vocês tenham feito o exercício que pedi, e que tenham entendido porque eu pedi que fizessem isso. Então pra começar, quero que um de vocês me falem como foi.

Toda a sala fica em silêncio.

-Sério? Ninguém quer falar? Ok.

-Eu quero.

Nunca vi alguém nesse grupo ter coragem suficiente pra falar de primeira, mas ela, a Lizz é diferente, não sei porque, mas ela é...

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⏰ Última atualização: Mar 04, 2022 ⏰

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