sad beautiful tragic

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Naquele dia, acordei de bom humor. Finalmente havia conseguido dormir uma noite inteira, sem acordar com pesadelos ou com a aceleração exagerada do meu coração.

Kun sempre me dizia que eu tinha que ir ao médico para ver a questão da minha insônia, mas eu não fazia tanta questão. Preferia deixar do jeito que estava, um dia de cada vez.

Desde que passei a morar sozinho, comecei a ter mais paz, apesar de ainda receber ligações furiosas do meu pai. Ele sempre tinha alguma reclamação para fazer, mesmo que eu não interferisse em mais nada na vida dele. E, quando eu digo mais nada, é em nada mesmo. Afinal, já tinha um tempo que eu me sustentava com o meu canal no Youtube.

De qualquer forma, era é um novo dia, não queria pensar em nada que me afetasse negativamente.

Aproveitei a minha boa disposição e bom humor, para desfazer as últimas caixas que ainda restavam na sala de estar do meu novo apartamento. O apartamento era relativamente grande: móveis feitos sob medida; dois quartos; uma sala mediana; uma cozinha pequena e um banheiro com um box grande. Bastava para mim. Encontrei, em uma das caixas, um álbum de fotos de quando era criança. Era estranho ver que algum dia meu pai me apreciou, ele cuidou de mim.

Era mais estranho ainda ver fotos minhas com o meu irmão mais velho. Meus pais nunca me contaram o verdadeiro motivo dele não ter sido criado comigo na Coréia. Apesar de ter nascido na China, fui criado a minha vida toda na Coréia. Já o meu irmão, ficou no meu país nativo com os meus avós, e eu nunca tive contato com ele, apesar de já ter tentado algumas vezes. Tanto a minha mãe - quando era viva - quanto o meu pai ficavam estranhos quando tocava no nome dele. Portanto, eu não sabia quase nada sobre o mesmo, além de seu nome: Junhui.

Assim que terminei de desempacotar a última caixa da mudança, escutei a campainha ecoar pelo apartamento todo.

Só poderia ser o Kun.

— Oi, o que você está fazendo aqui já cedo? — O cumprimentei, ao abrir a porta.

— Bom dia para você também, amigo. — Kun disse com um sorriso enorme, me apertando em um abraço forçado.

— Bom dia, Kun — ri baixo. — Para de me esmagaaaar.

— Você é muito chato. Só estou te dando o meu amor e carinho. Por quê não aceita? — Fez drama — Parece até um velho ranzinza.

— Dê seu amor e carinho de longe, sem me esmagar. — retruquei, fechando a porta atrás de mim.

— Blá-blá-blá. Enfim, você não vai acreditar no que eu tenho para te falar.

Kun já era meu amigo há algum tempo, então tínhamos intimidade o suficiente para ele chegar abrindo a geladeira e reclamar que "não tem nada para comer nessa casa". Folgado.

— Dá para você parar de revistar as minhas coisas e falar logo? — Rebati, curioso com a coisa "inacreditável".

— Hoje eu recebi uma ligação da WayV Entertainment.

WayV Entertainment? Por que uma das empresas mais aclamadas da indústria musical iria contatar o Kun?

— Como assim? Explica isso direito. — Me sentei na banqueta do balcão de minha pequena cozinha e o encarei, esperando uma resposta.

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