face to face

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Sábado 23:30

Sempre me impressiono como Kun faz amizades com tanta facilidade. Estamos há menos de duas horas nessa balada e ele já conseguiu nos reunir com um grupo de amigos.

Tudo bem que um deles nós conhecemos brevemente da minha nova empresa, mesmo assim, não tivemos tempo de nos aproximar a esse nível. De qualquer forma, um de nós tem de ser social.

A minha primeira impressão do Kunhang - que por algum motivo Kun está chamando de Hendery - foi que ele é um cara engraçado, atrapalhado e muito divertido. Mas hoje ele está agindo estranho, quase não me olhou desde o momento que eu e Kun nos juntamos a ele e seus dois amigos.

Me pergunto se ele não gostou de mim ou da ideia de morar comigo. Ou, se é só o modo dele agir em um lugar com música alta e cheio de pessoas afobadas pelo calor do momento.

— Me diz Xiaojun-ssi, você mora na Coréia há muito tempo? — o amigo tailandês do Kunhang, Ten, me questionou ao passo que a música da Ariana Grande que ele dançava freneticamente acabara, dando espaço pra uma outra música não tão boa quanto.

Desvio a minha atenção de Kun e Kunhang, que conversam sem parar enquanto dançam frente a frente, e olho para Ten.

O tailandês tem uma pele muito bonita, só pude perceber agora que a luz roxa da pista refletiu em todos os seus poros inexistentes. Diferente da minha que não hidrato há séculos.

Analiso sua feição curiosa e divertida enquanto pondero em sua pergunta. De fato, não sei com quantos anos vim morar na Coréia. Sinto como se fosse a minha vida toda.

— Desde que me conheço por gente, na verdade. E você? — Pergunto descontraído, e logo viro o restante daquele drinque forte que peguei anteriormente.

Sempre gostei de beber, mas hoje em específico é um dia que quero beber tudo que não poderei beber nos próximos dias. Sei que a minha vida vai virar do avesso, e hoje é o dia que vou aproveitar enquanto ainda tenho controle de parte dela. Nem mesmo a tequila forte desse drinque vai me fazer parar tão cedo.

Antes que Ten possa me responder, Johnny o puxa por trás e começa a beijar seu pescoço, fazendo o mais baixo sorrir e dançar colado ao corpo do namorado. Em outros dias, eu reviraria os olhos e ficaria amargurado por estar sendo feito de vela. Mas hoje eu realmente não me importo. Sinto a bebida começar a esquentar em meu sangue e aperto os olhos para encontrar meu amigo e Kunhang.

Não me impressionaria se visse os dois se agarrando, já que o meu amigo é um conquistador nato e não perde uma oportunidade sequer. Entretanto, tudo que vejo é o meu mais novo colega virando o seu próprio copo e o do Kun.

— Será que posso atrapalhar os dois? Realmente não estou afim de segurar vela na balada. — digo em alto tom para que escutem — Seus amigos são bem grudentos, Kunhang-ssi. Você é guerreiro.

— Que bom que você me entende, Xiaojun-ssi. — ele responde com um sorriso sutil. A voz dele está meio trêmula. O tal efeito da vodka. — Não precisa falar com tanta formalidade comigo fora do trabalho, me chama de Hendery, por favor.

Não posso evitar sorrir com o pedido do garoto. Não por ele ter pedido de um modo amigável, mas por saber que ele, talvez, foi sim com a minha cara. Pelo menos, é o que eu espero, porque nós vamos morar juntos e ele precisa no mínimo me tolerar.

— Claro, Hendery. E você pode me chamar de Dejun ou só Xiaojun, por favor. — Uso o mesmo tom que ele usou comigo.

Consigo ver Kun sorrindo com um ar vitorioso. Ele sempre fica assim quando eu tenho o mínimo de interação com alguém da minha faixa etária sem ser ele mesmo. Reação que nem mesmo meu próprio pai teria.

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⏰ Última atualização: Mar 15 ⏰

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