Corremos até o carro e saímos pelo lado leste do campus, onde estávamos longe da vista dos jornalistas e paparazzi. Dairus, meu motorista, sugeriu que colocássemos o cinto de segurança, pois afirmou que iria o mais rápido possível até o hospital.Quando chegamos, alguns médicos tentaram me impedir de atravessar o corredor que dava para o quarto de minha mãe, mas eu ameacei demitir todos eles se não me deixassem passar. Obviamente um deles ligaram para Sr. Clark, o sócio do hospital. E enquanto isso eu adentrei o quarto e fui direto até minha mãe. Ela estava deitada em seu leito segurando um copo descartável vazio.
Ela estava sonolenta, parecia um tanto grogue, mal conseguiu pronunciar meu nome quando me viu.
- Mamãe! A senhora está bem, eles te machucaram? Te ameaçaram? Te obrigaram a falar alguma coisa? - disparei enquanto a abraçava.
Ela balançou o rosto e então esboçou um sorriso amarelo.
- Eu não sei do que está falando, querida. - murmurou.
Me afastei sentando ao lado dela.
- Como assim, mamãe? Saiu no noticiário...
- Oh, Helena, você ainda acredita no que essa mídia fala? - ponderou.
- Do que está falando, mamãe? Então quer dizer que não aconteceu nada? - perguntei confusa.
- Eu não disse isso. Eu piorei. Não sei o que aconteceu. Mas não estou sendo torturada. - Marie me encarou.
Olhei em volta, em busca de algo suspeito. Minha mãe não mentiria numa situação dessas se não estivesse sendo ameaçada.
- Mamãe. Alguém esteve aqui nesses últimos dias? - perguntei andando pelo quarto.
Ela demorou um pouco para responder. Parecia que estava tentando se lembrar.
- Não, querida. Apenas Vanessa tem vindo aqui. Todos os dias ela traz flores e alguns cartões. E ontem me deu aquele lindo pelúcia. - ela apontou para a janela.
Me virei e então vi, um ursinho deixado em cima da mesa, ao lado havia alguns cartões com frase "fique bem, estamos todos orando por você" e alguns pães numa cesta. Suspirei. Não sabia se sentia alívio por não ter nada, ou preocupada por estar ficando paranoica.
Voltei até minha mãe e deitei do seu lado.
- Não quero te perder. Não quero que esses babacas façam a senhora piorar. Já basta viver sem o papai...
- Helena. Não se torture tanto. - ela me abraçou. - Seu pai morreu por achar que era forte demais para superar tudo sozinho. - ela me encarou. - Mas eu conheço meus limites, eu vou chamar vocês quando eu souber que não aguento mais.
Fechei os olhos e então pude me concentrar em seu abraço. Um dos raros momentos em que minha mãe e eu podíamos trocar afeto. Certamente aquele momento ficaria em minha mente para o resto da minha vida.
- Logo eu vou cair no sono, eles me deram mais um medicamento para me manter dormindo. Eu não aguento mais essas enfermeiras estúpidas! - reclamou.
- Lady Gaillard, não seja tão medieval. Elas só estão tentando ajudar. É o trabalho delas. Não dificulte as coisas. - adverti.
Minha mãe revirou os olhos e apoiou a cabeça em mim.
- E desde quando eu tenho que obedecer minha filha? - ela brincou.
Sorri.
- Desde quando decidiu nos assustar. - retruquei.
Não ouvi mais a minha mãe falar, ela caiu no sono logo em seguida. Me levantei com cautela e então a cobri com o cobertor que estava ao pé da cama hospitalar. Me aconcheguei na poltrona ao lado de seu leito e fiquei ali. Pensando. No que eu poderia fazer a seguir. Mas não havia nada que eu pudesse fazer.
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Segredos de um Império
DragosteA francesa Maria Helena Gaillard é uma mulher que recentemente chegou à maior idade, mas mesmo assim já é dona de todas as empresas herdada de seu pai, recentemente falecido. E em pouco tempo depois de seu reinado no império que nomeia sua família i...