— Eu tava pensando em fazer algo esse final de semana, para relaxar antes das provas, sabe. O que acha?
— Legal. — falou, voltando a andar depois de a encarar.
— Só isso? Não vai falar mais nada? — perguntou a morena, aparentemente indignada.
— Mas é claro, você falou que ia sair e eu achei legal! Esperava o que?
Um silêncio parou os dois. O clima aos poucos foi mudando, algo iria acontecer e toda aquela falta de barulho era uma tortura.
— Que você aceitasse ir comigo!— Ochako disse, olhando no fundo do seu olho, tentando passar seus sentimentos.
Katsuki travou, não conseguia formular sequer um sim. Ele estava ouvindo certo? Uraraka Ochako, a garota que manipulada a gravidade, pessoa na qual nutria uma paixão tão forte que poderia explodir o seu coração, havia o convidado para um encontro indireto? Por mais que parecesse um sonho aquilo era real. Mais real do que gostaria.
Ao voltar pra realidade com aqueles grandes olhos castanhos como chocolates fixando seu olhar nos seus, tomou coragem. Tome atitude, Katsuki, toma atitude! Pensou.
— É uma boa ideia. Eu topo. Onde seria? — tentou não mostrar-se tão animado, mas naquele momento era simplesmente impossível esconder seus sentimentos.
— Podemos ir no cinema ou tomar um sorvete. Sendo com você vai ser incrível! — sorriu, novamente.
— Então tudo bem, pode ser às 15h? Ou tem algum problema?
— Claro que pode ser esse horário. A gente pode ir junto também. Ah, já estou ansiosa! — disse, dando pulinhos, brilhando como uma estrela novamente. Com passe de mágica o loiro sorriu, aquela energia alegre o contagiou, realmente queria a abraçar e a beijar naquele momento, pois tudo parecia tão romântico.
Uraraka não só manipulava a gravidade, mas como o coração de Bakugou e o clima ao seu redor. Ela sim era incrível!
— Só toma cuidado pra não deixar esses livros caírem no chão, ainda tem que entregar na biblioteca, Uraraka. — falou o maior, vendo-a dando pulinhos de felicidade como se ele não estivesse ali. Até ouvir seu nome e abrir outro sorriso de orelha a orelha, claro, com seu rosto bem vermelho.
— Você me chamou pelo meu nome? — perguntou para confirmar aquilo que tocou seu coração, pois como seus olhos acenderam com aquilo era impossível falar que foi por outro motivo.
— Sim, ué. Os seus pulinhos atrapalharam seu raciocínio? — riu sem graça, com um riso um tanto irônico.
— Ah, Bakugou. — Inflamou suas bochechas. — Vamos pra lá de uma vez.%%%%
Enquanto o final de semana não chegava, o garoto se encontrava ansioso. Ah! Como ele queria ter aquele encontro! Quem sabe conseguisse se confessar para ela. Estava um pouco mais confiante, ainda mais depois das reações da colega no início da semana. O que foi aquilo? Parecia que ela estava tão ansiosa quanto eu. Pensou.
Essa ansiedade estava sendo boa, o fez esquecer um pouco da falta do seu amigo e o clima estranho do grupo. Embora ainda martelava em sua mente se fez algo de errado.
Novamente foi trazido à Terra pelo professor. Ao vê-lo com aquela cara já sabia, seria uma aula prática. E acertou.
Os alunos da 2-A e 2-B se juntaram em um exercício de resgate em conjunto.
— A aula de hoje será um resgate, de pessoas que estão soterradas por conta de bombas. Essa cena é muito delicada, então tomem cuidado com as vítimas. Primeiro faremos o seguinte: os alunos da 2-B serão os bombardeados e os da 2-A os heróis, depois trocarão os papéis. Estaremos os avaliando. — falou Aizawa, frio e cansado, como sempre.
Os times foram sorteados e dessa vez não teve tanta sorte. Shinsou, Kaminari, Todoroki e Kirishima são seus colegas de grupos.
Não é preciso conhecer Bakugou tão bem para saber que seu ponto fraco era trabalho em equipe, uma vez que tivesse sua personalidade extremamente explosiva, rude e forte, além de muito impulsividade. Óbvio, atualmente melhorou consideravelmente, mas não o bastante para fazer seus colegas não terem fortes dores de cabeça.
E dessa vez não estava sendo muito diferente.
Um atrito foi gerado, pelas visões diferentes entre, principalmente, Todoroki e Shinsou com Katsuki, que já receberam e jogaram insultos para com os outros. Outra coisa que deixava aquele grupo era a tensão sob os melhores amigos que estavam mais para afastados que melhores.
— Já disse pela última vez, Bakugou, vamos seguir o plano do Shinsou, vai ser mais fácil! — falou Shouto, prestes a dar um soco nele.
— Eu entendi a merda desse plano, mas eu me recuso ir com o Cabelo de Merda. Eu posso ir sozinho e levar essa caralhada de gente nas minhas costas, mas com ele não! — esbravejou.
— Estamos num trabalho em equipe, temos que agir como tal, o seu mongol! Eu não ligo se vocês brigaram ou o que, se você ir sozinho, sendo que davam para ir juntos, o professor vai tirar ponto nosso! Pensa em outras coisas além do seu umbigo!
— Então me deixa ir com o Pikachu e enfia esse Cabelo de Merda no cu dos dois! — Gritou o loiro.
— Calem a boca, vamos Bakugou, vamos parar com essa gritaria! — rebateu Kirishima, o enfrentando.
Katsuki queria muito esfregar a cara do ruivo no chão, ele o evita, ignora e agora quer bancar de bonzinho? Não mesmo. Mas ao invés de socá-lo, o explosivo apenas virou as costas, bufando, seguindo o caminho que Shinsou falou para ele ir. Ação que deixou a todos confusos, mas entenderam o recado.
Tentando aos poucos salvar as vítimas Eijirou tentava puxar algum assunto com o — não tão — melhor amigo. Porém ele só o encarava com uma carranca e ignorava qualquer outro tipo de interação. Mas nenhum dos dois estavam com paciência aquele dia.
— Você quer parar de me ignorar? — disse ele, vendo o outro tirar outra pessoa de baixo dos escombros.
— Só tô fazendo igual você fez comigo, caro bro. — ironizou. — Para de se fazer de mocinho, eu fiz porra nenhuma pra você. Tu que do nada decidiu estar com raiva de mim por não conseguir me falar algo. — falou, colocando a garota em seu ombro.
— Eu me fazendo de mocinho? Já se perguntou o porquê de eu não ter conseguido falar algo com você? — disse o ruivo, procurando algo para a garota.
— Me perguntei pra caralho! Todos os dias! Mas toda vez que tentei conversar você saiu de perto!
— Eu talvez não me senti confortável para falar aquela hora!
— E se esperou tanto tempo, pra que falar agora? Conseguiu guardar esse tempo todo pode guardar por mais! — falou, sem perceber que tinha uma pessoa no seu ombro, andando.
Kirishima, o olhou, sentindo raiva, que estava borbulhando em sua pele e coração.
— É por isso que as pessoas se afastam de você, Bakugou! Você é rude pra caralho e explosivo! Isso destrói a confiança dos outros! — gritou. Alcançando ele.
Katsuki, pelo calor do momento, sem querer, deixou a garota cair do seu ombro, e machucar. Tudo isso para dar um soco no ruivo, que revidou. Não aguentou todo aquele desaforo. Mas, o que não esperavam era que a vítima gritasse de dor, pois realmente machucou ao cair naquele lugar cheio de coisas quebradas.
Foi um estalo para a dupla e para os professores, que apareceram em instantes, dando sequer tempo para eles a ajudarem.
— O que os dois estão fazendo? Brigando? Em plena aula? — gritou Aizawa, analisando-os — Eu esperaria isso vindo do Bakugou, mas de você Kirishima… De qualquer forma ambos foram muito irresponsáveis! Dar mais atenção a uma intriga pessoal à pessoa ferida no qual estavam ajudando! Não vou tirar pontos dos outros três, mas vocês vão depois da aula fazer uma redação sobre trabalho em equipe e do que aprenderam nesta aula. E se não terminarem hoje, continuarão na aula de amanhã! Entenderam? Estão dispensados da atividade, vão direto à sala para tentar aprender a agir como seres humanos. — terminou seu discurso virando-se para ajudar a garota no chão. Ela havia caído em cima de um vidro estilhaçado.
Os dois se olharam. Um com os lábios meio inchados e com um leve corte, outro com o olho avermelhado, ficaria roxo. Desviaram e seguiram seus respectivos caminhos para o mesmo destino.
Ao chegar na sala ambos não dirigiram-se a palavra. Um silêncio profundo e raivoso tomou conta do local.
Umas bufadas aqui e outras ali, mas conseguiram terminar. Aizawa os olhou, certamente não estava satisfeito com aquilo.
— Eu não vou aceitar duas redações. Vocês dois terão que fazer ela juntos. Refaçam!
Novamente os dois se olharam, teriam que se sentar próximos. Um desafio para a paciência dos dois.
— Vamos juntar as nossas carteiras, Bakugou. — pediu Kirishima, que apenas teve como resposta um "okay".
Kirishima pegou uma folha de seu caderno e colocou na mesa. O silêncio novamente estava presente. E o clima mais pesado que antes.
— Vamos terminar essa merda logo! Não quero gastar outro dia tendo que fazer isso ao seu lado.
— Eu também não. Podemos juntar o que você escreveu com o que eu escrevi e entregar.
— Pela primeira vez eu concordo com alguma coisa que vem dessa sua estúpida cabeça.
E assim fizeram, em silêncio, claro. Diálogos demais resultariam em outra briga. Então apenas restava falar o óbvio.
Felizmente isso não demorou muito, logo após entregar ao professor já se viram livres. Livres dessa confusão e um do outro.
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Butterfly
RomanceO orgulhoso e explosivo Bakugou Katsuki tem vários adjetivos, mas algo que não esperam é que a palavra "apaixonado" estaria no meio delas, nem mesmo o próprio. Mas agora que Present Mic lhe deu uma atividade em dupla com a garota que gosta, Ochako...