Listen Some Advice

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 Duas semanas se passaram desde que Ochako e Katsuki trocaram números, ou melhor, que ela deu seu número a ele, e as coisas vão indo melhor que pareciam. 

 Agora, todos os dias, nos trinta últimos minutos de intervalo, eles discutiam sobre o livro e o que poderiam fazer. Uraraka estava começando a enxergar a obra de um jeito que não via, mesmo sendo uma grande fã da série. Já Bakugou estava tomando gosto pelo livro e pela obra, até já pediu emprestado o próximo com a garota, que ganhou de aniversário da Yaomomo no primeiro ano. Fato esse já revelado ao explosivo. 

 — Quantas vezes eu preciso te falar que o Maven é melhor que o Cal, Bakugou? Ele é mais carismático, engraçado…

 — Louco?! — corta o loiro, a olhando abismado. — Esse desgraçado maldito é um vilão insano! Provavelmente entraria na merda da Liga Dos Vilões se estivesse no nosso mundo! — argumentava o garoto, tentando mostrar como estava certo. 

 — Mesmo assim, ele é um personagem complexo e misterioso. Como se precisássemos de descobrir mais sobre aquela cabeça meio perturbada. — fala a menor, com seus olhos brilhando. — Mas se você não gosta do Maven, nem da Cameron, nem do Kilorn e muito menos de 90% dos prateados, de quem você gosta? Da Mare? 

 — Eu gosto do Shade e da Farley. — disse sério, a olhando como se tivesse revelado seu maior segredo. — Eles são ótimos personagens. 

 — Ainda não gosta da Mare? — questionava a garota, anotando algo em um caderno, algo de fácil acesso, já estavam na sala de aula. 

 — Ela é uma porra de coadjuvante. Com aquele poder ela poderia ter feito muito mais do que fez. Ainda mais se não estivesse tão preocupada com viver uma merda de triângulo amoroso entre o irmão lunático e abusivo e o outro irmão irritante com síndrome de cavalheiro branco com a ilustre participação do sem graça e sem nada a oferecer.

 — Mas viver um romance de vez em quando é bom, Bakugou. — comentava, abaixando a cabeça com um riso abafado. — Esses sentimentos nos fazem crescer. 

 — Ou nos atrapalhar nos nossos objetivos. — rebateu.

 — Quanta amargura, você por acaso já se apaixonou? — brincou a garota, que recebeu um olhar meio desnorteado com resposta. Como ele queria dizer: "Claro, eu já me apaixonei, por você, caralho. Tu roubou a porra do meu coração e tô completamente sem chão agora!" entretanto falar isso era um tiro no pé. — Não é um sentimento tão ruim. 

 — Então por que é sempre acompanhado de tanto drama e tragédia? — falava novamente, tentando arrancar algo da boca dela. 

 — Tudo é acompanhado de drama e tragédia, mas eles vão parecer menores se você se permitir sentir e aproveitar o melhor do sentimento. 

 — Tá, tá, eu vim aqui para discutir sobre aquele livro, não para ganhar uma lição de moral. — defendeu-se o loiro. 

 — Sim, então voltamos para o assunto: Maven merece um tópico ou não? — ria. 

 Por mais que tentasse focar, as palavras de Ochako ecoavam em sua cabeça. Se permitir, até parece que não conseguiria fazer isso. Pensou. Mas e se ele realmente não conseguisse. Por mais que não quisesse admitir, acabou de receber mais um conselho que deveria aprender: se permitir. 

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 Quando as aulas daquele dia terminaram, Katsuki foi até o ginásio, precisava treinar. O tempo que se concentrou na leitura o fez praticar bem menos que fazia. Era hora de repor o tempo parado. 

 O explosivo apenas queria um dia tranquilo sem mais perturbações , já que as palavras da dita crush dele estavam latejando em sua cabeça. Ele queria, mas querer não é poder, e como se a sua sorte grande tivesse esvaziado, logo percebeu um fator x. Ou melhor, alguns fatores x. 

 Não estava sozinho do ginásio, teria que dividir com Kirishima e Kaminari, que não desgrudavam fazia um bom tempo, e Deku. 

 Ao olhar o esverdeado lembrou novamente das palavras da morena. Ela disse que a paixão não é ruim, então significa que ela realmente gostou desse merda do Deku. Se sentia deixado para trás. Como um idiota como ele fez a Cara Redonda se apaixonar? Será que ela ainda sente isso por ele? 

 E mais uma vez foi invadido por pensamentos inseguros que só o deixavam instável emocionalmente. 

 Passando direto deles, foi pra um lugar isolado treinar suas explosões. Ou tentou até ser impedido por um Kirishima. 

 — Oh, bro, como está sendo esse negócio com a Uraraka? Soube que o livro de vocês é grande. — disse ele caçoando. 

 — Vai se fuder, cabelo de merda. Por acaso não tem capacidade para ler um livrinho desses em inglês?  — retrucou.

 — Livrinho? Eu tô lendo Jogos Vorazes. Bem másculo! E ainda tem um filme, vai ser fácil demais! — se gabou.

 — Ótima experiência com o filme, mas você sabe que o filme tem muita coisa diferente do livro, né? — caçoou novamente, sabia que aquilo despertaria o amigo. 

 — Ah, ele nem vai notar, né? — Kirishima sabia que ver o filme ao invés de ler o livro seria um problema, uma vez que era uma adaptação. — Você já leu? Me fala então o que acontece? 

 — Não mesmo, tô ocupado para caralho com o meu! Como você disse, ele é grande! — negou, voltando a explodir as coisas. — Pede ajuda para a sua dupla!

 — Ele tá lendo, mas não é sempre que o Midoriya consegue me ajudar no inglês. É muita coisa diferente, como que vocês dois conseguem ler tão tranquilamente?

 — Para de ficar reclamando! Eu já falei pra pedir a droga da ajuda pra sua dupla! Isso se aquele bosta conseguir! — desdenhou novamente. Por que o Deku tinha sempre que estar em seu caminho? — Agora para de encher a porra do meu saco! Que cacete! 

 — Mas você nem me respondeu como estão as coisas entre você e a Uraraka! Já pediu o número dela? Quando vão para um encontro? — disse, ficando novamente na frente do amigo.

 — E você quando vai parar de se comportar que nem a sua namorada Alien? — virou-se, para não encará-lo.

 — Namorada… — riu o ruivo, sem graça, enquanto ficava um pouco desnorteado. — E-ela não é minha namorada. Você é meu melhor amigo, como não percebeu coisas tão óbvias? — essa última parte saiu mais como um murmúrio para si do que para o próprio loiro. — Mas segue a minha dica, tenta sair com ela, fazer algo de diferente, talvez dê certo. 

 — Tá, tanto faz. — bufou. — Vai ficar aí parado pra ser explodido ou vai fazer algo? — convidou o amigo, que abriu um sorriso de orelha a orelha, isso não antes de gritar, avisando Kaminari e Midoriya que iria treinar com Bakugou. 

 Horas mais tarde, após quase quebrar o braço de Kirishima por tentar tirar outra coisa de sua boca, como estavam as coisas com a Ochako, e ter que o levar para a Recovery Girl, estava novamente em seu quarto no dormitório. 

 Olhou para o livro emprestado da garota. "Prisão do Rei" era um nome marcante. Talvez seria um bom momento para ler, isso se as palavras daqueles dois não estivessem na sua cabeça. 

 Tomar uma atitude, se permitir, era o mundo querendo o tirar do foco de ser o herói número 1? Não seria agora que cederia a isso. Pelo menos era o que dizia repetidamente ao seu orgulho e a si. 

 Mas talvez, só talvez, numa pequena probabilidade, viver um romance com a Uraraka não seria de todo mal. 

 Num ato de impulsividade enviou-lhe uma mensagem, mas não a apagaria, não agora. 

Bakugou: Você vai fazer algo nesse final de semana? 

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