15 – Parada Obrigatória
“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.”
Shakespeare
O sol surgiu de maneira forte, anunciando que o dia já avançava. Forcei meus olhos a abrirem, enquanto estava deitada sobre uma superfície lisa e rígida, com um calor humano que nunca tinha sentido.
As mãos de um homem pegavam no meu cabelo, produzindo uma sensação familiar e ao mesmo tempo reconfortante.
- Estava acordado? Meus olhos subiram por sobre seu peito, avaliando como ele me sorria de volta quando eu fazia esse trajeto visual.
- Um pouco. - ele esfregou os olhos e se voltou a olhar para mim – quando estou com você, perco a noção entre dormir e sonhar, eu acho.
Engolindo em seco, afastei do seu corpo o suficiente para torcer meus longos cabelos em um coque com uma gominha. Vestida com a mesma roupa do dia anterior, caminhei para o banheiro sem dar qualquer resposta a Jamie sobre seu comentário.
Não havia sido uma pergunta, mas de alguma maneira, a interrogação estava lá.
Lavei o rosto de maneira rápida, alcancei uma escova de dente, ainda na embalagem. Nem consegui arrancar o plástico superior, meu telefone no carregador da tomada mais alta da pia, começou a tocar. Levantei meus braços para alcança-lo e minha tatuagem abaixo da cintura foi revelada. Fiquei olhando para ela no espelho, analisando seu significado, enquanto o aparelho não parava de tocar. Me recuperei e atendi no primeiro impulso:
- Oi – pigarreei quando senti que falava de maneira rouca.
- Oi – a voz da minha amiga me chamou preocupada do outro lado.
Levei segundos para entender que havia algo errado.
- O que aconteceu?
Ouvi seu suspiro do outro lado, afundando meu peito ainda mais.
- Você está aonde? Ela devolveu com outra pergunta, o que era péssimo sinal.
- Diga logo o que aconteceu, Carol, estou à beira de um faniquito – ela deu pequenas risadas e depois suspirou novamente.
- Preciso de você aqui na editora – alguém a chamou do outro lado da linha e depois de sussurros, ela voltou – Jim acredita que você é a única que pode encontrar isso.
- Mas de que diabos você está falando? - eu ouvi direito ela falar editora, Jim? – peraí, você está em Nova York? Desde quando?
Nos últimos meses ficávamos em Los Angeles por causa das filmagens para a adaptação. E como assistente pessoal dela, não sabia dessa viagem. Tinha que ser algo de última hora e muito importante.
- Então, não queria te incomodar, sabendo onde você está... – a porta do banheiro abriu de repente, revelando um Jamie preocupado. Acenei para ele que estava conversando com Carol e ele me seguiu quando caminhei preocupada para o quarto. Carol notou, mas resmunguei para ela continuar – apareceu uma escritora alegando plágio, Sarah.
- Plágio? Eu soltei sem entender nada.
- Plágio do meu livro – ela soltou exasperada – diz que enviou um impresso para a editora do Jim há anos e que ele nunca retornou. Com título idêntico. E ele disse que não há registros dessa entrada, apesar de ela ter um comprovante. Então, só pode estar...
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Todas as Noites são de sonhos
Chick-LitEste é apenas um conto, escrito para distrair minhas leitoras. Nascido para entreter uma amiga, e sem qualquer pretensão, segue uma narrativa leve com um toque de humor. O livro dois que pretendo contar a história de Ariel, será publicado no wattpad...