Prólogo

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"Não, ele é bonitão demais para ser tímido

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"Não, ele é bonitão demais para ser tímido." - Amélia Campbell
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James Buchanan Barnes se encontrava completamente perdido, depois que o seu melhor amigo Steve Rogers havia voltado para o passado para ficar com o grande amor de sua vida, Peggy Carter, o soldado se sentia ainda mais sozinho e fora da curva, tinha nascido em um outro tempo, o mundo que um dia conheceu não existia mais, os jornais deram lugar para sites de notícias, os carros que mal chegavam a cinquenta quilômetros por hora agora haviam virado verdadeiras maquinas velozes, tudo estava diferente e mais perigoso, tudo tinha mudado e ele não sabia como lidar com aquilo.

Bucky, como era chamado pelos mais próximos, tentava encontrar algum propósito para sua vida, alguma luz no fim do túnel ou redenção para os seus pecados, que não eram poucos e o assombravam, ele estava completamente quebrado e agora tentava juntar os seus cacos enquanto tinha a chance de recomeçar a sua vida, apesar de que problemas sempre o perseguiriam, onde quer que ele fosse.

Amélia Rose Campbell era uma garota simples que vinha do interior e passava a maior parte do seu tempo trabalhando na livraria Capitol Hill Books, que foi o primeiro lugar onde conseguiu emprego quando chegou em Washington, havia se mudado á cerca de três anos atrás quando finalmente completou a maioridade e pode sair da casa em que morava com seu pai na cidade de Chewelah no condado de Stevens. Nunca teve uma boa relação com o mesmo e assim que pode realizar o seu sonho de tentar a vida em uma cidade grande não pensou duas vezes, trabalhava desde os catorze anos na oficina da cidade e economizava todo o dinheiro que ganhava em prol disso.

Assim que chegou na cidade Amélia conheceu Sarah Wilson, vizinha de porta que sempre contratava a garota para ser baba de seus filhos já que era mão solteira e trabalhava muito, não era esforço nenhum para a mesma, amava crianças e dessa forma também acabou desencadeando uma grande amizade com a mulher que se tornou com o tempo sua única e melhor amiga.

A vida da garota interiorana não era muito agitada, já teve pretensões de fazer faculdade e buscar um futuro melhor mas não possuía dinheiro e nem créditos estudantis o suficiente. Amélia nunca foi uma aluna ruim, sempre amou literatura e linguagem, tinha o sonho de virar escritora algum dia, mas não teve tempo e nem apoio de seu pai para focar nos estudos, ele sempre dizia que não tinham dinheiro para pagar uma faculdade e que a filha não era inteligente o suficiente para conseguir uma bolsa então era melhor que focasse no trabalho e trouxesse comida para dentro de casa, assim como ele tinha feito quando jovem.

Trabalhar em uma livraria foi semelhante a conseguir uma bolsa de estudos em Harvard para a menina, amava cada detalhe daquele lugar, conhecia todos os livros de cada prateleira e já tinha lido muitos, literatura sempre seria a grande paixão de Amélia Campbell. O seu chefe, Mrs. Lewis era um senhor britânico de cerca de oitenta anos com cabelos grisalhos e uma aura gentil que  apesar da pose ranzinza que possuía, ela o considerava um amigo e mentor, aconselhava e guiava a garota, além de ser o único para quem a mesma mostrava os manuscritos de suas histórias, que escrevia por puro hobby já que não acreditava que possuía o talento necessário para de fato publicar algo algum dia, já Lewis via muito potencial nas histórias da garota e tentava ao máximo convencê-la a ver o mesmo.

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Após um dia cheio na livraria com uma quantidade maior de clientes do que o comum Amélia subia as escadas em direção ao seu apartamento, estava cansada mais feliz já que era dia de sexta e os sábados eram oficialmente os seus dias de folga. Quando chegou em seu andar viu a porta da casa de sua amiga aberta o que era costume entre as duas vizinhas, então apenas deu duas batidinhas e entrou sendo recebida por duas crianças animadas.

"Tia Amy, que saudade de você." Disse Jody a filha mais nova de Sarah.

"Eu também estava com saudade de você pequena, mas a gente se viu hoje de manha ou você esqueceu quem te levou para a escolinha?" Perguntou fazendo sua típica voz de quando falava com crianças.

"Isso já faz muito tempo, titia" Reclamou recebendo uma risada de sua mãe que saia da cozinha.

"Que bom que chegou Amy, estou fazendo a janta, você vai comer com a gente né? Hoje é dia de macarrão com almondegas o seu preferido." Disse a mais velha. "E vamos assistir aquele filme novo que as crianças estavam querendo também." Completou. 

"Oh meu Deus! Sarah você é definitivamente minha salvadora, não aguentava mais jantar macarrão instantâneo, e é claro que eu quero participar da sessão de cinema, é a minha parte favorita das sextas." Respondeu animada, enquanto deixava a sua mochila na cadeira e ia ajudar a amiga na cozinha.

"E então Emy, como anda o trabalho?" Perguntou interessada.

"Hoje estava especialmente cheio, não tive tempo de ler nem duas paginas do livro novo da Celeste Ng, mas apesar disso foi muito bom." Respondeu.

"E aquele cara bonitão, continua indo lá todos os dias para ficar olhando e não comprar nada?" perguntou novamente, mas dessa vez indo diretamente ao ponto em que queria chegar. Amélia já havia comentado sobre esse cara que há algum tempo gastava alguns minutos do seu dia apenas olhando os livros da livraria mas nunca comprava nenhum. 

"Eu não me lembro de falar que ele era bonitão." Disse rápido.

"Ah, falou sim que eu me lembro!" Retrucou rindo.

"Certo, sem exageros, não acho que tenha falado dessa forma, mas sim, ele continua aparecendo lá todos os dias, fica por uns trinta minutos olhando alguns livros e depois vai embora sem levar nada, - será que ele está planejando roubar a livraria?" Questiona para si mesma no final.

"Pare de ser pessimista, quem ia querer roubar uma livraria? Ele deve estar indo lá porque ama livros ou porque está interessado em uma certa vendedora muito charmosa." Falou colocando os pratos na mesa e olhando para a amiga com as sobrancelhas arqueadas.

"Eu ia querer roubar uma livraria." constatou ofendida. "Mas em fim, é obvio que ele não está interessado em mim, se não já teria pelo menos tentado puxar assunto." Conclui convencida.

"Ele pode ser tímido."

"Não, ele é bonitão demais para ser tímido." Falou sem perceber, arregalando os olhos e colocando uma de suas mãos sobre a boca logo depois.

"Aha! Admitiu! Não falo mais nada senhorita Campbell, se eu fosse você tentaria puxar assunto, li um artigo naquela revista esses dias sobre ser uma mulher de atitude, se quiser eu te empresto."

"Obrigada, mas sabe que eu odeio aquela revista." Disse fazendo uma careta.

"Não fale mal da minha revista, é oito dólares por mês a assinatura." Reclamou fingindo estar brava. "Agora vai chamar as crianças que a comida está pronta."

"Sim senhora, madame!" falou indo fazer o que a mais velha pediu.

Quando se mudou para Washington e conheceu Sarah entendeu o verdadeiro significado de família, nunca tinha se sentido acolhida dessa forma com o seu pai, ele não dava valor ou acreditava na capacidade da filha, sempre carregado de criticas e adjetivos ruins, muitas vezes a garota sentiu que era odiada pelo mesmo, mas naquele apartamento pequeno onde vivia sua vizinha havia encontrado a aceitação e o suporte que precisava. E se considerava uma sobrevivente de ter passado todos aqueles anos de abuso psicológico e físico com seu pai e ter se tornado quem era.

𝓡𝓮𝓭𝓮𝓶𝓹𝓽𝓲𝓸𝓷 - Bucky BarnesOnde histórias criam vida. Descubra agora