02|trouble

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- Ei, Liz! - falei me aproximando de seu armário

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- Ei, Liz! - falei me aproximando de seu armário. - Vou passar no Sr. Delmar e comprar uns sanduíches para o almoço, você vem? A Charlotte não está em casa.

- Oh, Clary, eu queria muito, mas eu preciso ajudar minha tia que chega hoje. Fica pra próxima? - falou em tom triste.

- Claro, sem problemas, te vejo amanhã! - me despedi com um beijo.

   Comecei a andar em direção a mercearia do Sr. Delmar, decidi cortar o caminho entrando por uma rua mais estreita que sai direto na rua da mercearia.
   Mas o arrependimento foi instantâneo, quando bati os olhos em uma gangue de homens altos e de jaqueta, reunidos em um círculo no meio da rua escura e estreita, em plena luz do dia.

   Dei meia volta silenciosamente e voltei para a avenida devagar, pensando ter despistado eles, até ouvir um deles me chamar.

- Ei, princesa! O que faz por aqui uma hora dessas, é perigoso, sabia? Algum homem pode ficar tentado com você em um shortinho desses...

Senti meu coração palpitar e o primeiro instinto foi correr. Assim que coloquei um pé na frente do outro para fugir, senti meu cabelo ser puxado com tudo para trás.

- Para onde vai tão cedo? Nós nem começamos. - ele me puxou para perto pela gola da minha camisa, me agarrando depois pelo queixo e passando os dedos imundos dos meus lábios. - Cheguem mais perto rapazes, o show vai começar! - ele gritou para os outros de jaqueta de couro.

- Por favor... eu quero ir embora... - eu praticamente sussurrei.

- O que você disse? Está pronta? Vamos começar.

   Fechei os olhos com toda a força do meu ser, retraí os lábios e deixei todos os meus músculos tensos.
O homem tirou minha blusa de dentro dos shorts e apertou minha cintura, subindo sua mão para perto dos meus seios.

   Eu senti as lágrimas escorrendo por dentro da minha camisa, não sei quando comecei a chorar.
Ele desceu sua mão até o botão dos meus shorts, tentei gritar, não saia nada.

- Socorro... por favor, alguém me ajuda, me deixa ir embora. - minha prece era quase inaudível.

- O que está acontecendo por aqui? - uma voz estranhamente familiar soou quebrando o silêncio.

O homem me largou no chão e se virou para encarar o dono da voz.

- O que você estava fazendo com ela? Seu idiota! - só ouvi sons de pancadas e socos. Tomei coragem para abrir os olhos, e quando abri, uma forma masculina em um uniforme vermelho lançava teias no rosto de todos os homens de jaqueta.

O homem-aranha veio em minha direção e demonstrou preocupação. Instintivamente me esquivei dele, encolhendo meu corpo e fechando os olhos.

- Está tudo bem, sou eu, eu vou cuidar de você. - nessa hora meu choro se tornou alto, respirei profundamente e coloquei todos aqueles sentimentos para fora. - Vai ficar tudo bem, eu prometo.

(...)

   Abri os olhos e vi um rosto mascarado, eu estava no meu quarto, completamente coberta e com um copo de água do meu lado.

- Você acordou... como está se sentindo?

- Eu... - não consegui falar nada sem começar a chorar compulsivamente.

O menino mascarado me abraçou, colocou minha cabeça em seu peito e acariciou meus cabelos.

- Eu sinto tanto, a culpa é minha, deveria ter sido mais rápido. - levantei minha cabeça e olhei em seus olhos, cobertos pela máscara.

- Não, não é culpa sua, você me salvou, eu não sei se estaria viva se não fosse por você. - minha voz saiu embaralhada e quase inaudível.

O abracei novamente e ficamos daquele jeito por um bom tempo.

(...)

Depois que ele saiu pela janela, me senti sozinha, desamparada. Peguei meu telefone e disquei o número da Charlotte, que caiu na caixa postal.

- Lotte, por favor, quando escutar isso, vem pra casa, por favor. Eu preciso de você...

Desliguei o telefone e fui até o banheiro, me senti suja, e tomei um banho muito demorado.

   Lotte chegou em casa extremamente preocupada, contei tudo o que tinha acontecido, ela ficou desamparada e se sentiu culpada por não estar em casa naquele momento.

- Eu sinto tanto, Clary. Eu não sei o que dizer... - ela me abraçou e beijou minha testa.

   Pedimos sorvete por um aplicativo de delivery, decidimos que teríamos uma noite do sorvete para me distrair, Lotte chamou alguns nossos vizinhos, Liz e Ned, alguém iria trazer um filme.
   Aquela sensação de vazio não passou, senti falta do abraço do menino que eu nunca vi o rosto.

photography - peter parkerOnde histórias criam vida. Descubra agora