Heroína

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 Se Chaeyoung tivesse que se definir em uma palavra, essa palavra seria básica. Olhando no espelho, ela não conseguia ver nada de especial; ela não se achava feia, mas com certeza não pensava ser a garota mais linda do internato. Mesmo que recebesse constantes elogios sobre seus olhos grandes, seu sorriso e suas covinhas, ela ainda achava que não era merecedora de tais palavras.

 Ela se sentia da mesma forma quando o assunto era personalidade. No fim do dia, ela era apenas uma garota comum: amante de comédias românticas, literatura adolescente, fã de atores e atrizes internacionais de personalidades questionáveis. Basicamente, o perfeito clichê de omega.

 Talvez por conta disso, ela simplesmente não conseguia entender o que vinha acontecendo em sua vida nos últimos tempos.

 O interesse romântico de Momo nela foi um baque enorme logo no início do ensino médio. Talvez se fosse informada desde o começo sobre as intenções da família Hirai em arranjar o casamento entre as duas, ela perceberia o quão diferente a japonesa agia quando próxima a ela, ou a forma que ela sempre buscava agradá-la em tudo mesmo quando elas ainda eram pré-adolescentes.

 Algumas vezes ela se pegava pensando se o sentimento de Momo por ela era realmente sincero ou se a japonesa havia apenas se obrigado a gostar dela por conta da família, mas o pensamento logo fugia da sua mente. Conhecendo Momo como ela conhecia, ela certamente saberia se a alfa não estivesse sendo sincera.

 E do nada, como se tudo já não fosse complicado o suficiente, Mina apareceu. 

Uma alfa muito rica e influente chegando na escola era certamente o alvo de todas as atenções, mas não para Chaeyoung.

 Ela na verdade, nem mesmo achava que Mina fazia seu tipo (até porque ela estava longe de parecer com o Timothée Chalamet ou a Kristen Stewart), mas a japonesa era educada e, pelo que pôde perceber, muito doce. Talvez, em outro contexto, elas duas até poderiam ficar juntas, mas não era o caso.

 Tudo aconteceu rápido e de forma confusa. De repente, ela descobriu que Myoui sentia atração por ela e utilizou de sua, até então, inexistente habilidade de flerte, para ajudar Nayeon a conquistar sua paixonite. Pensando bem, ela foi uma baita trouxa, mas não poderia refazer o passado.

 Não era sua intenção magoar Momo, nem mesmo em seus piores pesadelos, mas aconteceu e ela, de certa forma, se culpava. E ver as brigas entre as duas a fez se sentir cada vez pior.

 Felizmente, ela percebeu que recentemente elas preferiam ignorar a existência uma da outra e, mesmo que isso ainda fosse  horrível, para a omega era melhor do que ver as duas brigando.

 Atualmente o maior problema que rondava sua mente era o que aconteceu entre ela e Jeongyeon na maldita festa e como ela conseguiria esconder isso por tanto tempo. Várias vezes ela se pegou quase contando tudo para Dahyun, mas se segurou, lembrando da "ameaça" de Nayeon. Ela sabia que a beta não seria tão má, mas por experiência própria, decidiu manter a boca fechada. 

Se Dahyun conseguiu manter o relacionamento dela com Sana em segredo por tanto tempo ela também conseguiria esconder o beijo em Jeongyeon, certo?

Errado.

Ela estava deitada em sua cama depois daquele longo dia de aula e sua cabeça não parava de latejar. Não era fome, cansaço e nem mesmo por ter passado o dia inteiro olhando para a tela do quadro digital da professora de história, mas sim preocupação e falta de autocontrole.

Dahyun estava sentada em sua cama com o notebook ligado em cima das pernas, pronta para assistir filmes, quando sentiu a amiga se infiltrar em seus lençóis e abraçar sua cintura, resmungando manhosa.

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