Zona proibida

42.4K 3.1K 551
                                    

"Cê tem uma cara de quem vai foder minha vida
O seu olhar é um caminho sem saída
O seu corpo é um caminho sem saída"

— Girassois de Van Gogh, Baco Exu do Blues.

━━━━━━━ • ━━━━━━━ 

OLIVER FERRI

Desço do carro estressado com meu próprio atraso e bato a porta, trancando-o. Caminho pelo estacionamento quase vazio até a entrada do clube e vejo Jon me esperando na porta perto de um vaso de palmeiras, parecendo bem impaciente.

— Está atrasado. — Ele dispara assim que eu chego perto o suficiente. Reviro os olhos e passo por ele sem vontade de rebater que ele nunca chega na hora.

— Culpe o trânsito. Gregory está por aí? — pergunto, ajeitando a mochila no ombro.

— Sim, chegou tem uns poucos minutos e se disponibilizou para alugar nossos tacos para o jogo. — Ele responde e eu franzo a testa.

— E você o deixou ir pagar? — levanto a sobrancelha, surpreso.

Para um puxa saco, Jon deixa de fazer as menores cortesias. Meu melhor amigo é uma das pessoas mais astutas que eu já vi em atividade no tribunal, mas por incrível que pareça, consegue ser muito lento com a vida real. Ele arregala os olhos.

— Merda, você tem razão!

— Espera aí... — tento chamar, mas era tarde. Ele correu para longe sem olhar para trás. Balanço a cabeça e vou em direção dos armários para guardar minha mochila e pegar minhas luvas para o golfe.

O dia está quente e vai ser bom tomar um banho de piscina depois da partida.

Honestamente, eu não sou fã de golfe, acho tão entediante quanto pescar, mas se meu chefe tão recluso me convida, quem sou eu para negar?

O fato é que eu também sou um puxa saco. Por vezes, compensa, mas não estou a fim de prestar esse papel hoje, ainda que devesse. Logo mais o velho Gregory se aposenta e seu sucessor pode ser o Jonathan ou eu. Nós dois sempre estamos competindo por algo e agora é pela posição de CEO. Estou louco para tomar o cargo de Gregory e espero que a promoção venha antes que um de seus filhos legítimos decida que quer ser o chefe e coloque em prática o bom e velho nepotismo.

Fecho o armário e vou para a área da piscina vestindo as luvas, pensando em analisar o movimento. Felizmente, não está lotado.

De um lado, temos as cadeiras de praia, todas ocupadas por mulheres em busca de um bronzeado. Dentro da piscina, algumas crianças brincam e agitam a água ao lado de seus pais, que se divertem em tentar contê-las.

Do outro lado estão os chuveiros, dois dos seis sendo usados. Um rapaz saiu dali e mergulhou na piscina, mas meus olhos se detiveram na mulher que estava do seu lado. Não é difícil encontrar mulheres bonitas por aqui, mas essa... uau.

Tiro os óculos escuros para ver melhor o seu corpo.

Ela passa as mãos nos seus longos cabelos e está com os olhos fechados, aproveitando o banho. Me sinto sujo de assistir um momento desses, mas simplesmente não consigo me obrigar a desviar o olhar de seu biquíni tão chamativo.

Ela parece ter sido esculpida, Jesus Cristo, que corpo maravilhoso.

Não que eu seja ganancioso, mas daria muitas coisas para ter uma modelo dessas nua na minha cama. Cravo os olhos em sua costela direita quando ela se vira para desligar o chuveiro, atraído pela tatuagem de uma rosa com os traços finos, e puxo um chiclete de menta do bolso, jogando-o na boca.

PAPI | degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora