8.

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Já passaram dois dias e eu não conseguia tomar uma decisão se realmente vou ter com Sam e assistir a sua partida ou se fico em casa a chorar por ele fazer dois anos que morreu. Para além disso, tenho estado afastada do hospital. Não vejo o Luke desde daquele dia e sinto-me triste por isso. Mas eu precisava de me afastar.

Mas sei que ele está bem através de Michael, pois ele é o único com quem eu falo.

“Ísis?” Michael sussurra ao meu lado, enquanto se aproxima da minha cama.

“Hm?” Sento-me e coloco o meu rosto nos meus joelhos.

“Já tomaste alguma decisão? Em relação a Sam?”

“Não, eu não sei o que fazer, Michael.” Choro contra os meus joelhos.

“Eu acho que devias de ir. Ele precisa de partir e tu és a única que lhe podes ajudar a fazê-lo.”

“Eu sei.” A minha voz sai num sussurro. “Mas eu não tenho força.”

“Tu és forte, Ísis e eu sei que vais conseguir.” Um pequeno sorriso floresce nos seus lábios. “Agora vai tomar um banho, prepara-te e vai ter com ele.”

“Obrigado.” Digo e Michael logo desaparece.

Levanto-me da cama e sigo até à casa de banho. Ponho a água a escorrer e começo a despir-me. Quando já me encontrava nua, visualizei o meu corpo. Eu nem me reconhecia. Desconheço-me completamente.

Entro na banheira e mergulho na água quente que cobre o meu corpo. Sustenho a respiração e fico submersa durante uns minutos.

Já me encontrava pronta para sair. Encontrava vestida de preto e o meu cabelo loiro estava preso num pucho. Coloquei os meus óculos de sol, só para esconder as minhas enormes olheiras e os meus olhos que se encontravam extremamente vermelhos por ter passados estes dois dias a chorar compulsivamente.

Desço as escadas e avisto Calum.

“Olá Ísis.” Ele acena-me e dá um pequeno sorriso.

“Olá Calum.” Cumprimento-o com um pequeno sorriso.

“Onde vais?” Ele pergunta, não se mostrando curioso, apenas preocupado pelo facto de me ver vestida de preto.

“Tenho uns assuntos a tratar com uma pessoa, bem, um fantasma do meu passado.” Faço uma pequena pausa. “Se me dás licença, tenho de ir.”

“Força, então.”

Abri a porta e logo saí. Caminhei até ao meu carro e assim que entrei e o liguei, arranquei em direção ao cemitério. Chorei durante o caminho todo e sempre senti aquela vontade de me acobardar e voltar para trás. Eu não tenho força para voltar a despir-me de Sam. Isto parece um déjà-vu.

Assim que chego, caminho entre as campas, até avistar Sam parado a olhar para a sua campa. Respiro fundo e aproximo-me dele.

“Olá Sam.” Saúdo-o e ele logo leva o seu olhar na minha direção.

“Vieste.” Ele parece surpreendido por me ver. “Estava bastante convicto que não vinhas.”

“Porquê?”

“Por te ter magoado tanto e por te fazer passar por isso de novo. Eu sei o quão isto está a ser difícil para ti, mas se eu não precisasse disto, eu nunca te teria procurado.”

“Bom saber.” Baixo o meu olhar.

“Não utilizei as palavras certas, mas tu percebeste, certo, Ísis?”

Ísis. | l.hWhere stories live. Discover now