5.

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O olhar de Luke continuará preso no meu e nunca baixara os braços. O meu telemóvel começa a tocar, onde estragou aquele momento. Luke desapareceu, deixando-me sozinha no elevador. Atendo, logo depois.

“Querida, estou à tua espera.” Ouço a voz do meu pai.

“Desço já.” Aviso-o e logo desligo.

As portas do elevador e assim que saio só vejo espíritos confusos. Baixo o meu olhar e ando num passo apressado até ao quarto do Luke. Ele não se encontrava lá, simplesmente desapareceu. Deposito um beijo suave na sua testa.

“Vemo-nos amanhã.” Sussurro e saio do quarto.

| Luke on. |

Sinto os lábios da Ísis na minha testa e fecho os olhos, onde pequenas lágrimas invadiram o meu rosto. Apresso e vejo que meu rosto se encontra mesmo molhado. Uma enfermeira entra no quarto e ao reparar dá um pequeno sorriso.

“Daqui a nada, regressas, meu querido.” Ela limpa as minhas lágrimas e logo trata de ver se está tudo em ordem.

Não parava de sorrir. A enfermeira sai do meu quarto e sento-me no pequeno sofá. Começo a pensar na minha vida antes do acidente. Tudo fazia sentido. Tudo se encaixava e agora, tudo deixou de fazer sentido. Sinto-me um puzzle completamente destruído.

Quando acordar, posso nem me lembrar do que vivi enquanto fantasma. Posso muito bem nem me lembrar de Ísis. Morreria se isso acontecesse. Eu sei que soa a ironia, mas é verdade. A minha vida deixaria de fazer sentido se não me lembrasse da rapariga por quem estou a nutrir sentimentos.

Mas não me iria lembrar, apenas iria estranhar ao ver a família de Ísis com o meu irmão ao colo a sorrirem assim que acordasse. Isto não está a fazer sentido.

“Luke!” Michael grita e eu estremeço.

“Que foi?”

“Estou há bastante tempo a chamar-te. Estavas a pensar em quê?” Ele pergunta ao sentar-se ao meu lado.

“Estava a pensar no dia em que iria acordar.” Digo. “Como será? Irei lembrar-me da vida que vivi enquanto fantasma? Ou irei simplesmente esquecer tudo?” Questiono Michael, onde reparo que ele fica muito sério, como se soubesse algo em relação a isso.

“Não, não irás esquecer, Luke. Tu vais reconhecer toda a gente e o teu coração vai acelerar mais que nunca quando tocares pela primeira vez na Ísis.” Michael sorri.

“Eu já toquei nela, Michael.” Sorrio, ao relembrar-me de hoje de manhã. Dos nossos corpos colados um no outro.

“É diferente, acredita amigo.”

Continuamos a conversar sobre isso e o tempo passara a correr. Só ansiava que a Ísis voltasse amanhã para me ver. Entretanto, aparecem os meus melhores amigos. Até admirei por não ver a Alexis com eles. Michael desapareceu, deixando-nos mais à vontade, acho.

“Custa-me tanto vê-lo neste estado, Ashton.” Ouço o Calum a dizer.

“Eu vou ficar bem, companheiro.” Digo-lhe mesmo sabendo que ele não me ouve.

“Até mim, Cal, mas ele é forte e acabará por ficar bem.”

“Sim, é isso mesmo, Ashton.” Concordo com ele.

“Ontem, sonhei que estava no funeral dele, Ash. Aquilo destruiu-me, completamente.” Calum começa a chorar, onde eu começo a perceber que o meu melhor amigo também se encontra destruído.

“Não devias de pensar nisso. Ele voltará para nós, Cal. Foca-te nisso!”

O Ashton sempre viu o lado positivo de tudo, menos no falecimento da Chloe, como era de esperar. A sua irmã tinha apenas 5 anos quando faleceu. O que o destrói mesmo, é culpar o seu irmão por algo que na verdade, não deveria. Ele sente remorsos. Sente que não fez tudo para a salvar, quando na verdade, fez. A pequena Chloe não podia ser salva. Ele já a tinha perdido.  

Ísis. | l.hWhere stories live. Discover now