Desprezado.

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" Acorda, seu ômega inútil, acorda! " O grito agudo da mulher fez Jimin agitar-se no seu sono, gemendo suavemente enquanto rolava sobre as peles, sentindo suas costas doerem depois de ter dormido numa posição nada confortável. Não é como se as peles o dessem alguma proteção real contra o chão frio e duro, mas Jimin fez funcionar.

Ele esperava dormir mais, dado o fato de ter ficado acordado até tarde cuidando de algumas tecelagens perto de uma fogueira moribunda; Jimin não podia realmente se misturar com o resto da matilha, por isso ele frequentemente saia da sua cabana mais perto do começo da noite. Caso contrário, Jimin ficava longe da aldeia secando peles e ajudando os outros ômegas.

Toda manhã, Jimin descia o rio para tomar um banho e pescar alguns peixes com armadilhas, fazia um laço e voltava a vila com todos os peixes pescados. Entretanto, já haveria outros ômegas esperando por ele com cestas perfeitamente tecidas, pegando sua pescaria e dando a ele apenas uma parte escassa. Jimin não pode entrar na aldeia ate o pôr-do-sol, mas mesmo assim, os outros lobos se mantiveram afastados dele.

Jimin era um ômega, mas ele também era um homem; uma atrocidade.

Ômegas masculino não são inéditos, mas são extremamente raros e sem precedentes. Honestamente, não era de se orgulhar; um macho agindo como uma cadela no cio era uma grande vergonha. Jimin chegou à aldeia sem nada além de peles nas costas e quase foi perseguido, se os anciãos não precisassem de alguém para ajudar as ômegas com todo o trabalho pesado enquanto os alfas estavam a caminho de volta da caça.

Era literalmente a única razão pela qual o mantinha despertado, e Jimin ainda não podia acreditar que ele ainda permanecia suportando todo o desprezo, os maus-tratos. No entanto, viver nas montanhas era duro, e Jimin não achava que conseguiria sobreviver por conta própria sem uma matilha. Ele sabia caçar, mas não tinha a resistência física que correspondesse a de um alfa.

Ele também não foi construído como um alfa, apesar de ser masculino; ele estava preso no meio. Jimin era mais alto, forte e rápido que as ômegas da vila, mas era mais baixo, esbelto e lento que todos os outros alfas.

Sussurros o seguiam por onde quer que ele fosse; as ômegas mais velhas o enchiam de ordens, mas nenhuma pessoa da sua idade se atrevia a se misturar ou conversar com Jimin. Ele foi avisado pra ficar longe dos alfas, para não fazer nada que enganaria um alfa de qualquer maneira, como se o fato de ser um ômega fizesse de Jimin um pecado em si mesmo.

Esse era o problema: Jimin queria um companheiro. Ele tem desejado um desde que se revelou um ômega. Ele ficou muito desapontado quando descobriu que estaria na classe de ômega para o resto da vida, esperando que ele se apresentasse e pudesse sair para correr com seus outros irmãos alfas. Mas com o passar do tempo, ele percebeu que sua estatura, como todo o seu corpo não mudou como todos os outros homens de sua aldeia anterior, como os olhos passaram a olhar pra ele de maneira diferente.

Todos já tinham uma suspeita presente; alguns já o evitavam mesmo antes dele se revelar. Jimin sabia que devia ter-se preparado mentalmente para isso, mas ele não estava pronto para o isolamento, a frieza que vinha do cheiro do seu primeiro cio.

Ele poderia lembrar-se da forma como o seu irmão mais novo lutou para o levar até a cabana; cuidando dele até que o cio de Jimin tivesse acabado.

O ômega é grato, sempre agradeceria a maneira que seu irmão se esforçava para cuidar dele, apesar de todos dizerem para ele abandonar Jimin, para não se associar mais com ele. E no início, Jimin pensou que poderia viver com o fardo de ser ômega, mas quando seu irmão começou a ser tão mal tratado quanto ele, Jimin soube que não poderia ficar.

Jimin teve que partir, e mesmo com seu irmão chorando e pedindo pra ele não ir, para reconsiderar, o ômega sabia que seu irmão não teria uma vida normal com Jimin ao seu lado.

My Promisse - PT BROnde histórias criam vida. Descubra agora