CAPÍTULO 01

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        Eu te vi naquela tarde, você de botas amarelas pulando em poças de lama e gorro azul para esconder a cabeça raspada

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        Eu te vi naquela tarde, você de botas amarelas pulando em poças de lama e gorro azul para esconder a cabeça raspada. Tínhamos 9 anos... talvez 10, éramos crianças que não sabiam o que era o amor. 

Foi em uma quinta-feira, sei disso porque desde então as quintas passaram a ser meus dias favoritos. Porque foi quando te conheci.

        Éramos dois garotos idiotas e solitários — sua mãe te observava brincar no parquinho sentada em um banco próximo — você pulava, girava, corria e gargalhava. 

Eu queria fazer parte daquilo, mas eu era tímido e você... você era uma tempestade cheia de vida que comovia todos ao seu redor. 

        Você comoveu à mim, quando me viu sentado sozinho no balanço te olhando. Você chegou e me estendeu a mão, sorriu e disse: "Quer brincar?"

Foram as duas palavras que mudaram tudo.

       Foi quando conheci você naquela única tarde que parei de me sentir sozinho. Eu era estranho e você também, por isso nos dávamos tão bem. Completávamos a esquisitisse um do outro.

        Porque éramos crianças e crianças não ligam para as pessoas ao redor. Nós — pelo menos — não ligávamos. Éramos os reis do universo, podia parecer bobo, mas eu gostava.

Gostava porque eu queria ser rei ao seu lado.

"Somos os donos do mundo!" Você gritava lá de cima da gangorra.

E hoje em dia eu torço para que possamos voltar àquela época.

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