Prólogo

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Passei toda a minha vida me perguntando porque estava ali?
Porque meus pais não ficaram comigo?
Porque não conseguia uma família?

Cresci vendo meus amigos se despedindo com um sorriso no rosto por ter encontrado um lar, quando aparecia um casal em busca de uma criança, meu coração vinha na boca com a possibilidade de me levarem para casa, mais eu nunca era escolhida, mais no fundo eu tinha esperanças que um dia eu teria um lar, que um dia teria um abraço carinhoso e alguém para chamar de mãe e pai, mais enquanto esse dia não chegava eu tinha Mike, que como eu esperava uma família.
O tempo passava e cresciamos, reduzindo assim a possibilidade de alguém querer um de nós, Mike e eu éramos inseparáveis, ele sempre cuidou de mim e eu dele, foi então que ao completar dezoito anos Mike me fez uma promessa que ao sair por aqueles portões ele iria trabalhar muito e compraria uma casa e voltaria para me buscar, não tínhamos o mesmo sangue mais compartilhamos da vida um do outro e éramos irmãos no coração, eu tinha quinze anos e Mike nunca voltou.
O orfanato em si não era um lugar ruim as irmãs estavam sempre por perto ajudando no que podiam, estudávamos e graças ao um senhor muito rico que sempre fazia doações, muitos de nós conseguíamos nos formar, Mike por exemplo ganhou uma bolsa para cursar administração. Apesar de querer ser músico, mais ele não deixou a oportunidade passar, e eu fiz o mesmo minha paixão era a dança e eu amava as aulas da prof. Cristina esperava ansiosa todas as terças.
Quando o curso de informática foi implantado no orfanato surgiu um concurso gráfico para uma bolsa em Marketing Digital eu não era muito fã mais já estava com dezessete e em um ano terminaria o ensino médio e completaria meus dezoito teria que deixar o orfanato então teria que correr e conseguir alguma coisa, não podia deixar tudo nas costas de Mike que já não morava no orfanato, mais sempre que podia vinha me ver ao menos até consegui um trabalho depois disso ele sumiu.
Voltando ao concurso gráfico, eu virei noites estudando, e praticando tudo, aprendi como funcionava a era digital e dominei de uma forma que até hoje me surpreendo, um dos auxiliares de classe viu o meu empenho e se aproximou sua ajuda foi muito bem vinda, ele sempre aparecia para me ajudar com o projeto e me ensinar um pouco mais desse mundo digital, eu não tinha um telefone, entao usava o computador do orfanato, ele sempre trazia consigo um tablet e ficava encantada como aquela coisa pequena e fina pudesse fazer tantas coisas.
Finalizei um projeto incrível e ganhei a bolsa, dois dias antes do meu aniversário Charles apareceu para me dar um abraço e me trouxe um presente imaginem a minha surpresa eu nunca recebi nada em toda minha vida e ele que era um desconhecido me dando presentes quando abri quase caiu pra trás era um tablet muito bonito agradeci, e antes que ele fosse embora me entregou um cartão com o seu número de telefone.
- Se precisar de ajuda me ligue.
Ainda lembro bem de suas palavras.
Meu tempo para ficar no orfanato acabou e eu não tinha para onde ir, e não tinha Mike, foi aí que lembrei do Charles, e liguei para ele do telefone do orfanato e ele me ajudou, bem se ele não cobrasse pela generosidade poderia ser considerado um cara legal.
Um dia cheguei da faculdade e ele estava em casa estranhei ele deveria está trabalhando, a garrafa em cima da mesa deixava óbvio que ele tinha bebido até mais da conta e eram só duas horas da tarde.
Quando Charles me viu na cozinha, eu sabia pelo sorriso que me direcionou a mim que boa coisa não viria.
Ele caminhou a passos largos me jogando em cima da mesa, eu consegui empurra-lo e corri para a sala, mais ele me alcançou puxando meu cabelo me fazendo urrar de dor e me jogando no chão subiu meu vestido e...
É ele me estuprou e mesmo eu pedindo em lágrimas que ele parasse que estava me machucando ele sorria e pedia para que relaxasse, pois estava só acertando as contas, meu mundo caiu eu só queria que ele acabasse com aquilo de uma vez.
Quando ele terminou, levantou e foi para o quarto me deixando jogada no chão, sangrando e suja me sentindo um lixo eu tinha perdido minha virgindade com um cara que abusou de mim, um cara que confiava que achei que tinha um bom coração mais eu me enganei, como me enganei com Mike.
Quando consegui levantar daquele chão, fui para o quarto, tomei um banho me lavando umas dez vezes pois me sentia imunda, coloquei todas minhas coisas em uma mochila e fui embora, preferia mil vezes dormir em baixo da ponte a passar por isso novamente.
No primeiro dia dormir na estação de trem, no segundo no banquinho na praça, no terceiro eu tinha saído da faculdade tinha ainda uns trocados que ao sair do orfanato o senhor Roberto me entregou uma quantia em dinheiro dentro de um envelope, não sei dizer se eles faziam isso com todos que deixavam o orfanato.
Parei em um bar, me sentei em uma das mesas no canto da janela e pedi um sanduíche.
Não sei quanto tempo fiquei ali, só sei que a noite chegou, eles estavam limpando, o desespero começou a me tomar eu não sabia onde dormiria essa noite e as lágrimas rolavam por meu rosto, a irmã Maria sempre falava que quando queremos alguma coisa e pedimos com fé, Deus ele atende, mais eu já tinha perdido a minha fé, tudo que eu queria era uma família e isso ele não me deu mesmo eu pedindo com muita mais muita fé.
Olhei pra cima e pedi baixinho...
Deus me ajuda.
- Você está bem? Me assusto com a voz e levanto a cabeça secando as lágrimas faço que sim com um aceno e a garota de cabelos lisos morena com um sorriso doce senta de frente para mim.
- Desculpe não quero ser incoveniente, mas o chefe me disse que você está sentada aqui desde as duas, e está chorando, sei que sou uma estranha pra você, mais se quiser conversar talvez eu possa te ajudar. Engulo o choro.
- Obrigado, mas acho que ninguém pode me ajudar.
- Talvez, mais sou ótima em arrumar soluções quem sabe? Sou Carolina.
- Karol.
- Viu temos alguma coisa em comum muitos me chamam de Carol também. Sorrio fraco.
- Não sei pra onde ir? Ela franze o cenho e passo os próximos trinta minutos contando minha vida para a garota mais gentil que conheci.
- Você foi? Faço que sim.
- E não denunciou? Faço que não lembrando e isso me faz chorar ainda mais ela segura na minha mão apertando forte.
- Eu tenho uma solução, você vem comigo.
- O que? Olha eu não tenho como pagar, eu vou me virar na pracinha mesmo...
- De jeito nenhum você vem comigo e não se fala mais.
E foi assim que consegui um lar, um abraço carinhoso e alguém que chamei de irmã.
O chefe de Carolina estava precisando de uma garçonete e foi perfeito consegui um trabalho e continuei estudando, três anos depois terminei meu curso e já tinha um estágio na área digital e me joguei, sem deixar meu trabalho no bar, o trabalho me rendeu uma grana legal então paguei meu curso de dança, e dividia as contas com Caro, foi então que minha vida mudou, e aprendi como era viver fora dos muros do orfanato, onde a vida real é corrida movimentada, agitada, divertida e cruel.

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