Eu tentei inutilmente reprimir a minha vontade de escrever sobre ti, o que é meio contraditório já que tu és tema de muita coisa para mim. Mas, nesse caso, meu lado poético foi desperto mesmo que eu não tenha falado contigo para tal. Honestamente, eu nem sei o real motivo disso, ou talvez saiba e seja orgulhosa demais pra admitir. Orgulho...palavrinha boa, não? Um dos seus traços que mais me tira do sério e que eu enxergo tão claramente em mim. Me pergunto como Austen se sentiria se soubesse que uma de suas maiores obras veio à vida. Aliás, eu imagino que você não aguente mais me ver referenciar livros, mas não é culpa minha se gosto de demonstrar as coisas que gosto de fazer. Tá aí outra dessas coisas: falar com você. Se você não tinha vomitado na primeira frase, talvez agora tenha sido a hora. Sim, bonitão, eu sou uma grande romântica incurável e extremamente afetuosa. Sempre quis ser com você, mas tinha receio por algum motivo desconhecido (insegurança, talvez?). Tu aflora o meu lado sarcástico, mas se pudesse tu veria que por trás de todo "eu te odeio" tem um sorriso que eu falho ao tentar conter, precedido por um revirar de olhos clássico. Por trás desse disfarce de chatinha que enche o saco tem alguém com grande (se prepare, vou usar a palavra) amor por ti. Do tipo romântico? Não sei, e me irrita não saber. Mas acho que não. Muitas coisas relacionadas a ti me irritam e por motivos variados. A do momento é o fato de tu ser o meu suporte e eu ser covarde a ponto de desesperadamente querer e precisar de ti e não o chamar. Tu pediu para que eu "ache e seja âncoras ou barcos", e eu achei a minha âncora, mas me impeço de soltá-la. Honestamente, machuca bastante. Ah, outra coisa que me irrita: o fato de eu sentir uma saudade exponencial de ti e me impedir de matá-la. Não sei se é pelo receio da falta de reciprocidade ou medo da efemeridade característica sua. Me sinto caminhando em um campo minado repleto de Flores, até que em algum ponto eu ativarei a explosão. E sabe o pior? Não me importo tanto se ela me arruinar. Agora a coisa que talvez seja a principal nisso tudo (e sim, isso vai ser um parágrafo único, a gramática não se aplica quando se trata de nós)...você sabe ser uma pessoa indecifrável, às vezes. Acho que por uma perspectiva exterior tu és deveras complexo, mas não brinquei quando disse que para mim não. Talvez sejam os anos de convivência que me tornaram doutoranda na ciência de ti, mas até os melhores cientistas se deparam com situações aparentemente insolucionáveis. A que mais permeia minha mente é a constante dúvida acerca do quão sério tu és sobre determinadas coisas, até que ponto tu as diz por mero humor e descontração ou realmente coloca valor e significado em cada palavra. Se cada vírgula é pensada e cada ponto final marca um começo. E é aí que eu entro em um conflito, já que não vejo sentido em tu dizer coisas "apenas por dizer". Viu? Você é um desafio e tanto, e a pior parte é que eu gosto. Pra caramba. E uma coisa que não gosto é perder ou errar. Você também não, e não consigo imaginar que chegaríamos a um fim em que ambos ocorram. Acabei de receber uma notificação tua, bem conveniente. Teu contato foi salvo como "Hellmeister", o diabo que só sentiu o coração graças a humana que no fundo é o anjo dele (o efeito foi o mesmo em mim quando você nos comparou a eles). A semelhança é assustadoramente agradável. E eu descobri que se tu é semelhante ao inferno, talvez ele não seja tão ruim assim. Cara, você é um porre. Dos bons, mas um porre. Não vou dizer que tu nunca irá ler isso, porque a coisa conosco é bem imprevisível. Acho que isso foi uma forma de me libertar disso tudo? Pois parece que "[...] só ficarei livre desse segredo, quando ele tiver perdido todo o valor [...]".
PS.: eu odeio demais você.
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