Parte II - Deuses

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Arthur, um homem alto, de barba e cabelos grisalhos, jaleco branco e altivez de um lorde observava atento ao imponente monitor postado acima de um emaranhado de botões que faziam parte do controle central de seu laboratório.

A sala era demasiadamente grande, bastante iluminada e fria. Havia, em algumas estantes, recipientes contendo diferentes líquidos químicos de cores variadas e, dentro de cada um deles, incontáveis animais conservados para estudos posteriores.

Percebeu, em uma das telas, um ser humanoide, de cabeça lisa, sem pelos, grandes olhos e uma cauda peculiar a fixar seu olhar em uma das câmeras da qual liberavam imagens do monte pedregoso em que se encontrava. Encostou com cautela em um tipo de joystick e imediatamente um zoom aproximou seus olhares: o da criatura brilhava com curiosidade e do biólogo, com fascínio.

Permaneceu entretido na tela por alguns segundos até se dar conta de que algo provavelmente estava errado, pois a criatura do outro lado não tirava os olhos da câmera e, era bem provável que a tivesse visto.

Poderia ser um problema.

Procurou entender a razão de tanta curiosidade do pequeno ser e, quando se deu conta da falha, virou-se apressado, correndo a pesados passos até alcançar uma imensa estrutura de vidro ao chão que se assemelhava a uma piscina dentro do laboratório. Sobre o vidro, caminhou sublime e, em determinada posição, agachou-se de joelhos e levou sua face ao chão, encostando seu imenso nariz exatamente onde percebera o erro: uma pequena fresta nevoada o fez enxergar a profundidade abaixo de onde pisava, tal qual não se via em qualquer outra extensão, já que um tipo de nuvem pairava como vapor, escondendo o que havia naquela imensa caixa sob o solo.

Viu, com certa preocupação, o pequeno ser lá embaixo a lhe fitar com espanto. Imediatamente ergueu-se e, de volta ao computador, digitou algum comando que logo fez a tal fresta desaparecer no que o pequenino ser abaixo daquele vidro compreendia como céu. No mesmo instante, monitorou a criatura correndo morro abaixo, claramente extasiado.

Lamentou pensativo no erro que deixara acontecer e cobrou de si mesmo maior atenção no trabalho. Esfregou os olhos com força e, neste mesmo instante, a porta do laboratório se abriu e um homem de terno preto, segurando um cartão magnético e portando um crachá de acesso adentrou ao recinto com cautela e revolta.

O homem de jaleco, entretanto, interveio:

— Com que permissão perambula pelo Setor 7, Hal?

O intruso, apontando o dedo ao biólogo retrucou:

— Não tem direito em dar continuidade a esse experimento, Arthur!

— Péssima hora para este assunto que, a propósito, você é quem não tem direito algum de opinar.

— Vou entrar com uma ordem judicial para acabar com essa palhaçada! É desumano!

O biólogo, um tanto mais velho e experiente que o homem de preto fez gestos com a mão para mostrar ao invasor as estantes com os recipientes e o telão no qual mostrava cada detalhe da vida dos seres com cauda e orelhas pontiagudas do qual se dedicava a estudar:

— Veja só, Hal: não são humanos, apesar de apresentarem semelhanças incríveis com nossos genes, nosso DNA e um pouco com nossa aparência. Portanto, desumano não é a palavra adequada. – em seguida ajeitou-se um uma cadeira, frente ao computador. – Entretanto, entendo sua preocupação e seu ativismo em querer “mudar o mundo”, mas se tem mesmo este anseio, deve nos dar total liberdade para que prossigamos com o experimento, já que há anos a indústria vem sendo repreendida com atitudes de caras como você, dando brecha às leis que tirem de nós a capacidade em estudar os animais pra salvar justamente o egoísmo humano e curar nossas doenças!

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⏰ Última atualização: Feb 21, 2015 ⏰

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