Aquela maldita besta estava de volta. Correndo. Nabi estava correndo até seus pulmões e coxas arderem. O imenso lobo de pelo escuro a perseguia, e as ruas que percorriam pareciam sem fim. Um looping inebriante monótono e sem importância, afinal tudo que ela conseguia pensar é que ele estava prestes a alcançá-la.
Com um salto a criatura se aproximou inexoravelmente, derrubando-a com tudo.
Mas espera... Onde estava a dor da queda?
Abriu os olhos, descobrindo que aquilo não passava de um sonho.
A realidade voltou aos poucos, estava deitada na cama de seu dormitório, as cobertas sobre si lhe causando muito calor, mas muito daquele suor poderia ser o nervosismo do pesadelo.
Pesadelo.
Se lembrou da noite passada, ou pelo menos do que pensou ser sua noite de sexta-feira. Aquele garoto e o lobo, aquilo não poderia ser real...
Olhou para sua escrivaninha. A mesma em que se lembrava de ter adormecido, e céus seu pescoço doía tanto que jurava mesmo ter dormido de tal jeito. As luzinhas de sua decoração estavam acesas, embora seu brilho fosse um pouco ofuscado pela luz do dia. E o mais incongruente. Os itens de sua mesa; sua bolsa estava perfeitamente colocada contra a parede, mesmo que ela nunca a deixasse ali, ela acreditou que pudesse ter largando-a assim quando chegou cansada depois de tanto estudar.
Seus pensamentos estavam confusos, não sabia o que tinha sido realidade e o que não era.
— Tá bem, temos que deixar bem claro que aquele lobo não é real — falou para si, enquanto afastava a coberta para se levantar.
Enquanto seu corpo fazia o mesmo movimento de todas as manhãs, ela sentiu a ausência de algo. Era de praxe já erguer o corpo cansado da cama e ir em direção ao banheiro, sua mão conhecia o caminho até onde seu celular sempre ficava carregando. Tão corriqueiro como respirar esse ato havia se tornado, mas agora seu aparelho não estava ali.
O carregador estava todo embolado mas sem o principal.
Flashes do lobo engolindo o pedaço de metal lhe vieram à mente.
— Tenho que ter esquecido no café — tentou se convencer.
Pegou um conjunto de roupas novas, ainda estava usando as da noite anterior, chegou tão cansada que nem sequer colocou um pijama. Se matar de estudar não estava fazendo bem para sua mente.
DEFINITIVAMENTE.
Tomou um banho, secou o cabelo e foi até a mesa de estudos. Já foi direto procurar o crachá de estudante em sua bolsa, e aproveitou para conferir se tudo estava ali, afinal ela sentia claramente que tinha deixado aquela coisa bege na rua ontem depois de um ataque...
— Nabi...
Seus pensamentos eram uma briga.
Ahá seu crachá não estava ali, assim como seu pó compacto de maquiagem. Ah não, espera o crachá ao lado da bolsa. Mais uma coisa estranha a pequena proteção de plástico colorido que ele tinha estava arrebentada, como se ela tivesse puxado com muita força e o arrancado com nervosismo.
Não podia mais lutar com sua mente, ao mesmo tempo que sua mente gritava falando que não passava de um sonho esquisito, as provas estavam ali para refutar qualquer coisa que seu cérebro poderia pensar. Então ela olhou para a cama.
Aquele menino tinha adormecido ali mas para onde ele teria ido?
Inconscientemente ela foi até a cama e ergueu seu travesseiro de fronha clara até o nariz. Sentiu aquele aroma rico, pareciam especiarias, mas com frescor. Algo tão bom e nada parecido com o shampoo floral que Nabi usava. Sem se questionar, ela associou o delicioso cheiro àquele menino. Precisava encontrá-lo.
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A Borboleta Em Meio Aos Lobos
FanfictionPoucos anos antes, o mais surreal para Seo Nabi seria a loucura de deixar sua pequena cidade natal para encarar a tão temida e fria cidade grande que era Seul. Apaixonada por biologia e realizada por cursar o que sonhava, ela sequer imaginava que ac...